CAIS DAS COLUNAS
Tanto da minh’alma é feito de maresia,
de inquietação e perene nostalgia
de sons de ondas revoltadas, que se atiram
por força da força das marés cheias, temperamentais.
Tanto da minh’alma é feito de água pura das fontes,
onde bebo raios de auroras a despertar aromas de Portugal,
que renascem das brumas da memória
na glória de uma corola a abrir, para se tornar imortal.
Tanto da minh’alma é feita de tons dolentes
de guitarras embriagadas, que se ouvem na memória
dos tempos das despedidas, nas vielas empedradas…
( Procuro-te, alma madrugadora, nos cais dos lenços
brancos, cansados de acenar…
nos buracos abertos nas profundas incertezas das sílabas
em que me atrevo a caminhar…
no céu marinho, coberto de negras nuvens sem aves a esvoaçar…
nas árvores dos pátrios bosques ensombrados por espectros
despertos sempre-sempre-a-passarem pelas rotas das descobertas.)
Tanto da minh’alma é feito de Mar
amparado na força do Cais das Colunas,
que não cessa de chorar-auras-de-antigas-brumas…
Maria Elisa Ribeiro_Portugal
Abril/015
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