ALBAS DA INOCÊNCIA
Sonolenta de emoção, eis que acordo na névoa dos teus braços,
quando me tocas a mão.
_________________O vento sopra, assobiando o perfume do teu
nome
_________________na luz das sombras da lareira, que crepita,
lentamente.
Despidos de mantos-do-pudor,
foi de pétalas rubras
que nos cobrimos
em lençóis de linho, que ciciavam cantigas -brancas-de-amor.
_________________Nossos corpos trocavam de perfume
_________________enquanto a ânsia de viver se despedia da
infância,
________________ a desaparecer.
Em cima da mesa, num canto de silêncio,
um ramo de rosas adormeceu. sem querer.
Com a saudade encostada a teu peito,
a música mágica das
tuas veias
afundava-se na minha madrugada,
ao toque do
alvorecer.
Mais eloquente do que
a palavras-mudas, o céu cobriu-se de nuvens
e escondeu as estrelas luminosas…
______________o mar repousou, distante das nebulosas, sem o
saber…
______________a montanha protegeu as árvores dos ventos
belicosos
______________que as forçavam a gemer…
______________as papoilas desapareceram no ondular do
trigo-a-abrir…
E eu, muda também no meu-poema-de-mim, falei-te
numa linguagem de pedra-viva, com olhos semi-cerrados
cheios de versos sem fim…de neve desfeita no calor do vôo
das aves…de água das pernas de um rio coberto de folhas nervosas, que abriram
fontes no jardim de nossas artérias sinuosas…
As gotas da noite teimam em escorrer, por dentro da janela,
enquanto fecho meus olhos no coração dos teus.
Disseram, nas notícias, que um vulcão cedeu ao tempo-mudo
e explodiu numa
estranha arquitectura de silêncios …
… sinto que meu corpo
é, agora, o aqueduto sob o qual
as sílabas se tornam incandescências
em páginas geológicas,
numa orografia telúrica
que provoca as albas
da inocência…
Maria Elisa Ribeiro
Registado ©DEZ/017
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