sábado, 22 de agosto de 2020

POEMA:


 Poema:


INSÓNIA

Novamente apago a lâmpada meio adormecida,
da qual tenho procurado agarrar os fios do sono.

No escuro, tacteio a noite, cansada, a ver se lhe
apanho os fios de cabelo do sono reparador.

As palavras, ainda ávidas de meus dedos, não descansam,
igualmente.

Chamo-as pelo nome, acalmo-as na débil luz que brilha
pela janela
e chamo-as pelo nome,
para que não
me abandonem, quando fizer o meu poema.

Sinto-lhes o corpo esguio sussurrando no escuro,
como folhas lanceoladas prontas a ferir-me os dedos
aos quais dão vida,
quando escrevo.

Sinto-me amarga, enquanto me não respondem…
Mas é escuro…não tarda estamos a dormir…

Depois de o sol acordar,
repousadas, menos tensas,
iremos pelo campo dar o bom-dia ao mundo e
ver a vida a reaparecer…

e sei que elas virão,

todas a monte
para eu as usar!

Maria Elisa Ribeiro
AGT/017

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