QUANDO A PROSA ME INVADE A POESIA
(O OLHO DA MEMÓRIA)
Ficou, na memória, um olho a piscar às luzes das recordações registadas entre velhas folhas do impoluto rascunho, que considero ser a primeira página, em directo, do Passado-que-hoje-é-Present
Nos meus dias me sento --------nos meus sonhos medito a vibração da árvore interior, onde guardo a vida das coisas que não consigo ler --------porque as palavras cheiram apenas a ti, e só de ti se recordam,
na luz dourada das folhas que tremem, e no vento constante que persiste em recordar todas as histórias, que nem de memória vivemos…
No persistente sol-posto de todos os pores- do- sol existentes, viro a página da insuportável lista do índice de lembranças que foram passando por nós, quais cavalos galopantes a saltarem águas frescas dos dias escuros- sem uma sombra de literatura, que pudesse refrescar a colina da nossa inclinada vida.
A poeira dos tempos
_________________vai ficando para trás,
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Tu vais ficando
para trás,
---------- dentro de mim…
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__________________ficando para trás…lá-Longe…mesmo que dentro de nós.
Pelo horizonte, passa um rasto de Primavera, num sulco de azul-mar que atordoa a mão de um poeta, que teima em desbravar teias de orvalho das palavras, que vieram para ficar.
As maçãs e as pêras do Outono apodrecem nos dias cada vez mais velhos e cansados, como se sofressem a dor de trabalhos forçados.
As uvas, essas não precisam de ter memórias…Aparecem do nada…chegam na hora certa, escondidas nas ramas das vinhas, nos socalcos e nos campos. O seu perfume fica, de ano para ano, nas papilas gustativas de um poema, que já não tem idade…
como BACO,
aliás, engrinaldado de mosto que o leva pela vida fora, sem que tenha que recorrer ao olho da Memória…
Maria Elisa Ribeiro-Portugal
Agosto /2016
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