terça-feira, 30 de outubro de 2018

Poema de minha autoria-Poema REGªªªªªªªªªªªªªª

Poema:
ENTRETANTOS-do-VIVER…
…sai uma lágrima luxuriante das videiras, que saúdam as bagas de insistente cor roxa, num pranto enxuto- a- desvendar- mosto…
…a ventania passeia-nos pelos nervos, e acomoda-se nas metáforas do novo outono…
…os dentes doirados das madrugadas raiadas de sol ,sorriem às papoilas, que partiram até à sabedoria do âmbar oriental,
do nácar e do coral,
enquanto um trovador canta o amor numa conhecida fria fontana do bosque medieval...

…e ondulam rostos na persistente frescura do enigma de um botão, que germina ao som dos gestos da alfazema, a espalhar seu mágico odor…
…e, como se houvesse um sulco de infinito amor, as mãos permanecem enlaçadas-em-gotas-de-suor…

os pássaros povoam o fiozinho de água e sol dos peitos das plantas, que ascendem à ternura da penumbra do entardecer…
…e os búzios rasgam a sensual lisura do areal que fez amor com as ondas do mar, cobertas de cinzas-de-espuma…
…e o luar crescente-ventre-de-mulher arruma a saudade pelos corredores dos escombros da vazia solidão dos homens, num recanto da memória;
( ouve-se a melodia dos recônditos das emoções a convocar pensamentos…)
Entretanto…
…dentro de mim há mil vozes de outros tempos a confirmar que tudo, afinal, foi sempre assim…
…que os versos são, só e apenas ,a verdade do vento infiel que se move ao sabor do amor- na-noite, que se levanta de novo ao alvorecer, do meio do nevoeiro, onde alucinaram ondas de quente fervor…
Depois, há verdades que só nós dois pudemos viver, no intervalo entre -todos-os-instantes…
…e amanhecemos sempre que a vida adormece, entre a terra e o céu…e há este entretanto em-que-Me-creio, para além do eco sensível das montanhas, para além do sol que arreda nuvens, para além das nuvens que regam searas e com elas fazem amor…
Entretanto…
…no azul das estrelas o riso salta no desassossego dos corpos e enlouquece os sentidos…
…e a noite tem séculos que se desfazem ao alvorecer, nas vielas empedradas das guitarras-a-chorar, em todos os" entretantos" do nosso-SER-a-VIVER…
Maria Elisa Ribeiro

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