segunda-feira, 3 de setembro de 2018




POEMA

HABITAS-ME


Preciso de me despir do silêncio que dorme na curva
Dos teus olhos fechados,
Cobertos pela manta que te esconde o corpo e inibe
O desejo das noites sombrias, sem ti.

És na noite uma Presença-ausente, quando recordo a nudez
Que se esgotava na harmonia desejosa
Do tempo-a-dois em que fomos sendo
Sempre doentes de-fome-e-sede-de-nós.

Habitas-me, contudo…

E o refúgio do meu desejo é a memória do teu beijo
Que, afinal, não deste, na hora em que esqueceste TUDO.

Na boca tenho pedaços de aromas de pétalas floridas
Que morreram nos tempos das palavras ousadas
Que me confundiram como se fossem ventos desnorteados.

Há saudade e nostalgia no poema inacabado-de-nós
Feito flor pelos ventos levado…
Quero despir o silêncio do sacrário onde entraste-a-fugir
Deixando-me num transe solitário…
Tudo, então, poderá renascer
 Dentro de toda a mística energia
Que eu sei correr dentro de mim!


Maria Elisa Ribeiro
AGT/018



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