Sobrinho Simões aponta falhas à formaçã
o médica em Portugal
28.10.2017 às 21h36
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Sobrinho SImões contesta formação médica em Portugal
RUI DUARTE SILVA
O investigador considera que Portugal está a perder qualidade na formação de novos médicos
LUSA
O médico e investigador Sobrinho Simões considera que Portugal está “a perder qualidade” na formação médica e diz que também há um afastamento entre hospitais, universidades e institutos de investigação.
Questões que, disse hoje numa cerimónia onde foi homenageado, o preocupam, sendo que a culpa “é de todos”.
Manuel Sobrinho Simões, especialista em patologia molecular que liderou a criação Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), recebeu o Prémio de Mérito da Competência em Gestão dos Serviços de Saúde, instituído pela Ordem dos Médicos, numa cerimónia em Lisboa.
O também professor catedrático aproveitou o momento para se questionar como é que 54% dos portugueses tem pelo menos uma doença crónica e 53% um problema ligado à saúde mental, acrescentando que “é também um problema de gestão” acertar “a perceção com a realidade”.
Afirmando-se satisfeito com o prémio, que significa que o que faz é reconhecido, Sobrinho Simões não deixou, no entanto, de fazer críticas ao sistema de saúde, defendendo que os médicos hospitalares deviam ter 30% do seu tempo para investigação e ensino, e disse que “a formação de médicos e especialistas está pior do que há 10 anos”.
“Ando aflito com isto”, disse aos jornalistas no final da cerimónia, acrescentado: “gastamos muito com coisas que não são precisas, somos o país a seguir à Grécia com mais aparelhos de TAC, não faz sentido que se façam tantos exames, que sejamos dos países mais medicalizados do mundo”.
Numa cerimónia em que recebeu elogios do amigo e também médico Júlio Machado Vaz, agradecimentos “pelo que fez pela medicina” do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, e elogios do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, à sua capacidade em falar de coisas complicadas com uma linguagem simples, Sobrinho Simões admitiu que está sempre a trabalhar, porque gosta e porque, disse, é a sua obrigação.
E, no final, deixou ainda mais uma crítica, esta para todos os portugueses, que gostam de tomar medicamentos: “Sentimo-nos doentes. Não queremos fazer exercício, não queremos deixar de fumar, queremos é ter ao fim do dia uma pastilha, uns pingos”.
Esta foi a quarta edição do prémio da Ordem dos Médicos, que em anos anteriores distinguiu Paulo Mendo, Manuel Antunes e Eduardo Barroso.
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