"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
terça-feira, 14 de novembro de 2017
·
Poema:"QUANDO A PROSA ME INVADE A POESIA"
PALAVRAS-
- OLHOS- RASOS- DE- ÁGUA
O sol desapareceu por detrás de uma abóbada de nuvens;
____os pássaros, sonolentos, viram as trevas da noite a
______ penetrarem nos recessos das florestas; na escuridão,
________os génios saíram dos buracos dos velhos troncos, e andaram
___________às voltas, a cumprir estranhas penitências…
( A floresta fala; ouvem-se os rumores
das folhas e dos novos rebentos, que agradecem
aos ventos a vida lenta que os vai tornando
frutos das novas Eras.)
A novidade do dia encerrou-se em suspiros;
nas costas, alguém me gravou versos - poemas
do mundo, com os quais atravesso o ar- muito por
cima das nuvens- na velha película do tempo
______________________a sobrepor-se em camadas comoventes,
…de palavras com os olhos rasos de água…
Os rios, a descerem pelas ravinas,
têm no âmago o mistério do eco das águas desamparadas
que deslizam pelas colinas.
Disfarçados de sombras cristalinas,
cantam o eterno poema do seu Estar-em-Devir.
Em meu redor, o pesado silêncio do coração da casa
______________repassado de enigmáticas ressonâncias
___________________do hora-a-hora das horas da Então-infância…
(Momentos há em que as palavras parecem truncadas de impotência…Chamo-as, e ouço-as ranger no pensamento, a ultrapassarem distâncias, que até eu já tinha esquecido… Choram comigo…têm os olhos-rasos-de-água…Mas chegam determinadas como abetos enormes a romperem o solo, plantas imperiais cimentadas no meu existir, sombras que se colocam nos espaços- a- encobrir, barulho de ramos, odor de resinas, vozes de pássaros a cobrir as nuvens, danças de génios das florestas a jogarem às escondidas, fumo reluzente do brilho das brumas a saírem das neblinas…)
As palavras vão chorando, enquanto a floresta fala…
…esquecem o sol a neve e o outono…
…sentam-se no meu inverno a aquecer noites frias,
quando pressentem o delinear da tristeza
das minhas intermináveis sinfonias de solidão…
Maria Elisa Ribeiro
Abril/014
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário