segunda-feira, 21 de setembro de 2015

POEMA meu

















Poema

PELE DE POEMA

Meu papel-pele-de-poema,
agasalho do interior que se torna exterior
e se expõe aos cinco sentidos do leitor,
é uma espécie de bússola sentimental
cujo ponteiro provoca um desnorte natural.


Tremeluzentes palavras retalham
o vermelho doce das cerejas,
o rubro-negro das maduras amoras
e o lânguido voo dos pirilampos em tessituras
[de nocturno ardor,
quando as estrelas suicidas invertem as
-------------------regras geométricas
-------- dos firmamentos profundos
-----------------------------e vão dar luz às flores empapadas de ar.

No meu poema-em-papel
vejo raios da lua nova
caírem em forma de mel
nos bicos das avezitas
semelhantes a telas pintadas
por um artista impreciso
com seus pincéis lexicais.

A água vagarosa é um punhal do Tempo
decidido a registar, inexoravelmente,
o fluxo dos segundos- nos- minutos- das- Horas
em que o cereal aconchegado, se esconde nas frestas
que levantarão raízes a dar grão,
no sufoco da coloração das brumas, do precioso momento.

Meu papel-pele-de-poema,
velhinho, amarelecido…
A pose cálida de meus dedos habituados ao odor
de vírgulas e pontos finais
escondidos, sente nas veias
o trilho que decifrará o fogo
quentinho… adormecido….

Maria Elisa Ribeiro
SET/015

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