segunda-feira, 14 de setembro de 2015

passos está louco de todo!


Passos Coelho promete ajudar com dinheiro. É "desonestidade", respondem os lesados do BES


por DN.pt12 setembro 2015Comentar


Fotografia © Hugo Delgado/Lusa


"Se não têm dinheiro para ir lá, eu organizarei uma subscrição pública para os ajudar a recorrer ao tribunal". E prometeu ser o 1º subscritor "e contribuinte" para irem para tribunal reclamar o dinheiro perdido.


O presidente da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC), Ricardo Ângelo, acusou hoje o primeiro-ministro de "desonestidade intelectual" devido às suas declarações sobre o problema dos lesados, exigindo que o Governo assuma a sua responsabilidade política.

"Ele [Passos Coelho] tem que assumir a responsabilidade política direta sobre este assunto", afirmou à agência Lusa o líder da AIEPC, considerando que "o primeiro-ministro, a ministra das Finanças e o Governo reforçaram publicamente a confiança e a tranquilidade na instituição que era o Banco Espírito Santo (BES), o Grupo Espírito Santo (GES) e as suas empresas".

E reforçou: "Portanto, ele tem todas as responsabilidades nesta fraude e neste caso que é gravíssimo".

Ricardo Ângelo insistiu que Passos Coelho "primeiro tem que assumir a responsabilidade política e depois há a questão da desonestidade intelectual, porque ele está a empurrar as pessoas sabendo que elas nunca vão receber o seu dinheiro em tempo útil".

O presidente da associação dos lesados do papel comercial do GES que foi vendido aos balcões de retalho do BES e não foi reembolsado reagiu às declarações hoje feitas por Passos Coelho, em Braga.

O governante garantiu que está disponível para organizar uma subscrição pública para auxiliar os lesados do papel comercial do GES sem recursos económicos a recorrerem aos tribunais.

"Relativamente ao que ele [Passos Coelho] hoje falou, das pessoas irem diretamente para tribunal, nós achamos que é intelectualmente desonesto enviar pessoas de 70 anos para tribunal sabendo que eles, Governo, nada fizeram para criar um sistema judicial eficiente", afirmou Ricardo Ângelo.

E acrescentou: "E ele sabe perfeitamente, juntamente com a ministra das Finanças, que eles nunca poderão usufruir das suas poupanças em tempo útil de vida. Isso é uma situação gravíssima".

A AIEPC quer ser ouvida "diretamente" pelos governantes "para explicar todo o caso, porque parece que o Governo está tremendamente mal informado".

Segundo o responsável, "o Governo empurra sempre para o Banco de Portugal, porque isto é um caso de reguladores. Não, isto é um caso político".

Ricardo Ângelo sublinhou que "o Governo incentivou as pessoas", considerando que se o executivo e o Banco de Portugal os tivessem "alertado a tempo, as pessoas poderiam ter resgatado as suas poupanças a tempo".

Para o líder da associação dos lesados, "o Banco de Portugal sabia da falência das empresas, sabia das contas falseadas, e criou uma provisão para protelar uma solução para tranquilizar as pessoas em vez de as alertar sobre isso".

Esta situação afeta cerca de 2.500 subscritores de papel comercial, cujo valor ultrapassa os 500 milhões de euros, pelo que Ricardo Ângelo realçou que "o primeiro-ministro tem que deixar de ouvir só o Banco de Portugal e informar-se da realidade dos factos".

"Ele fala que nós comprámos dívida de empresas do GES, é verdade, mas ele não fala que essa dívida foi assumida pelo BES em vários comunicados e através de uma provisão. O tema GES é para ser esquecido. Nós somos credores do BES, como juridicamente já está provado", assinalou.

E considerou que a posição assumida por Passos Coelho, que apontou o facto de os clientes do BES terem subscrito papel comercial de empresas do GES e não do banco "é de um artificialismo jurídico tremendo, pois em 2012 e em 2013 ninguém sabia distinguir o BES do GES".

A promessa de Passos

Foi durante a ação de pré-campanha que decorreu na manhã de sábado, no Mercado de Braga, que Passos Coelho fez a promessa: será primeiro subscritor e contribuinte de uma iniciativa que permita aos lesados do BES irem para tribunal reclamar o dinheiro perdido com o papel comercial do Grupo Espírito Santo.

À chegada ao mercado, Passos e Portas eram esperados por dezenas de manifestantes, professores e lesados do BES. Os docentes exigiam respostas para as dificuldades de colocação e os clientes do antigo BES pediam medidas que lhes permitam reaver o dinheiro investido, sem o seu conhecimento, em papel comercial do banco.

Confrontado por um dos manifestantes, um "lesado do BES com cerca de 70 anos", conta a TSF, Passos Coelho tentou inicialmente convencê-lo de que nem ele nem o Presidente da República tiveram responsabilidades no colapso do banco, aconselhando o homem a recorrer à justiça. E acrescentou: "Se não têm dinheiro para ir lá, eu organizarei uma subscrição pública para os ajudar a recorrer ao tribunal". Perante esta afirmação, o manifestante pediu a Passos um compromisso público, ao qual o primeiro-ministro respondeu: "A ajudá-lo a ir para tribunal?! Sim senhor, sim senhor. Disso pode ter a certeza".

Horas após este episódio, Passos foi questionado pelos jornalistas a propósito do compromisso, tendo respondido que o seu objetivo é lançar uma subscrição pública, como cidadão, para angariar fundos que permitam aos lesados com dificuldades recorrerem ao tribunal para a resolução do seu problema. "Ninguém pode ser impedido de ver fazer justiça em tribunal por falta de recursos financeiros, mas se porventura existir dificuldade em organizar essa defesa, eu tenho a certeza de que o país não deixará, de uma forma solidária, de providenciar o necessário para que essa defesa se possa fazer. E eu disse que seria até o primeiro subscritor e contribuinte, a título individual, não é como primeiro-ministro, é como cidadão, para poder ajudar pessoas que se encontram em grandes dificuldades", esclareceu Passos Coelho.


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