domingo, 13 de setembro de 2015

COMEÇOU MAIS "UM CIRCO", PARA SALVAR AMIGOS, QUE NÃO PODEM FALAR!


Chefe dos espiões envolvido no caso Simas


por Carlos Rodrigues Lima11 setembro 20151 comentário




Defesas de Silva Carvalho e João Luís insinuam que Júlio Pereira soube do acesso a dados de jornalista.


"O acesso aos dados de tráfego" do telemóvel do jornalista Nuno Simas "foi ordenado" pelo secretário-geral do Sistema de informações da República Portuguesa (SIRP), Júlio Pereira? Foi com esta pergunta - quase em jeito de afirmação - que Paulo Simão Caldas, advogado de João Luís, ex-diretor operacional do Serviço de Informações Estratégicas e Defesa (SIED), introduziu na primeira sessão do julgamento do chamado "caso das secretas" um dado novo: até que ponto Júlio Pereira soube e autorizou a operação que valeu a João Luís e a Silva Carvalho as acusações de acesso ilegítimo a dados pessoais e abuso de poder.

Também o defensor de Jorge Silva Carvalho, ex-diretor do SIED acusado também de corrupção passiva e violação do segredo de Estado, fez questão de vincar ao tribunal que não prescinde de uma série de documentos, os quais estarão classificados como segredo de Estado, mas que o advogado Nuno Morais Sarmento considera como essenciais para a defesa do ex-diretor do SIED. Aliás, a primeira sessão de julgamento foi praticamente marcada por uma troca de argumentos entre a juíza-presidente, Rosa Brandão, a procuradora do Ministério Público, Teresa Almeida, e Nuno Morais Sarmento sobre o que está e não está em segredo de Estado e de que forma é que o tribunal pode pedir documentos ao primeiro-ministro.

A começar, desde logo, pelo despacho do primeiro-ministro, que levantou o segredo de Estado sobre algumas matérias que são objeto do processo. Nuno Morais Sarmento considerou "essencial" para a defesa o acesso a esses documentos, solicitados há meses em requerimento, tendo o Ministério Público, através da magistrada Teresa Almeida, contraposto que "há matérias que estão desclassificadas por força da investigação".

A procuradora até concordou com a junção do Manual de Procedimentos dos SIS (revelado pelo DN a 4 de junho), o qual aconselha os agentes a recorrer a informações junto de operadoras de telecomunicações sobre alvos (uma prática não permitida por lei). Sobre o Manual de Procedimentos a própria juíza-presidente manifestou a sua "estranheza" por ter pedido o documento ao secretário-geral do SIRP e este ter respondido que era matéria confidencial, "quando vários jornais já falaram dele".

Nuno Morais Sarmento, ainda no seguimento da discussão, aproveitou para dizer que a defesa de Silva Carvalho não quer perder tempo a discutir se houve acesso aos dados do telemóvel do jornalista Nuno Simas, dando o dado por adquirido, mas sublinhou ao tribunal que é preciso "aferir das circunstâncias de tal decisão e se esta envolveu terceiros, se era uma prática reiterada e repetida ao longo dos anos e se foi permitida e consentida pelo secretário-geral do SIRP". Júlio Pereira poderá (ou não) responder a estas perguntas na próxima quinta-feira, já que a sua audição como testemunha está agendada para 17 de setembro. O "caso das secretas" envolve suspeitas de acesso ilegal à faturação detalhada do telefone do jornalista Nuno Simas. Além de Jorge Silva Carvalho e João Luís Nuno Vasconcellos, estão acusados o presidente do grupo Ongoing, Nuno Vasconcellos, por corrupção ativa, e o agente do SIS, Nuno Dias, e a sua ex-companheira e antiga funcionária da Optimus, Gisela Teixeira, por acesso indevido a dados pessoais. Anexo a este processo está o caso de um relatório sobre Francisco Pinto Balsemão, dono do Grupo Impresa. Devido a suspeitas de ter encomendado o relatório, Silva Carvalho foi acusado de devassa da vida pessoal.

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