sábado, 30 de novembro de 2013

POEMA: OPALA







Poema: OPALA (REP)


OPALA


Ao acaso, passeio por uma praia enluarada,
onde búzios e conchas de âmbar percorrem
areias de um mar salgado,
matriz dos meus sentidos
atentos à tua estrela acordada…

( É linda a noite, quando as estrelas acordam!)

Perdi-me dos deuses neste areal-vida,
onde as marés rumorejam
perto das dunas adormecidas.

Não sinto nem a vida das vielas empedradas
das cidades-perdidas-fechadas
na humidade do velho cimento, emparedado.

( Sou, aqui, meu-centro-de-mim!)

Lágrimas de um deserto ao sol da lua------------------------------------------------
luar encoberto por nuvens cinzentas barulhentas
que ofuscam a cor das opalas do pensamento…
Meus passos mergulham nas escamas prateadas, agarradas às
espumas dos ventos de Outrora, nas horas cheias de lenços brancos
de prantos ensopados de “Adeus”!
Um farol…janela aberta na noite das rochas, dos mistérios,
dos pescadores de faluas…rotas nuas…
vestidas de redes entrelaçadas
em teias de peixe-pão…

( A noite dança nas suas luzes…)

O som desse bailado louco não me deixa
dançar-em-mim---------------------------------

A alegria perdeu-se nos orientes fantásticos das flores de jasmim,
num lago- sem-fim, onde os nenúfares sussurram a minha viagem
para ti…

Conjugo um verbo que mistura a Terra com o Ar do respirar-Fogo-
-na alma das Águas,
à procura da génese da minha-manhã-para-renascer!


Maria Elisa R. Ribeiro



Marilisa Ribeiro-(mqc)-CP15-NOV/012

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Estaleiros: CGTP exige inquérito por «favorecimento a privados»
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Arménio Carlos diz que processo da subconcessão à Martifer «não está a ser feito com transparência e clareza»

Notícias...


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PARA "ELES" NÃO IMPORTA NADA DISSO...IMPORTA SÓ QUE , SE NÃO SE AVERIGUAR A VERDADE DESTE ESCÂNDALO, "ELES" JÁ TERÃO O POSTO SEGURO NA "MARTIFER"...

Fecho dos estaleiros afeta «mais de 4.000 postos de trabalho em Viana
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CIM do Alto Minho está «preocupada» com «impacto negativo» do encerramento dos estaleiros na região

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INEPTO...OPORTUNISTA INCOMPETENTE...PANÇUDO RELES...E TUDO O MAIS QUE DE PIOR HOUVER PARA QUALIFICAR GENTE INQUALIFICÁVEL, QUE NÃO SE IMPORTA DE ASSEGURAR O SEU TACHINHO À CUSTA DO DESEMPREGO DO SEU POVO! ACORDEM, PORTUGUESES! TEMOS QUE CORRER COM ESTA TRALHA DE "IRMÃOS METRALHAS"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Ana Gomes sobre estaleiros: «Este ministro da Defesa é um inepto»
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Socialista Ana Gomes e social-democrata Carlos Abreu Amorim no programa Polícia Mesmo da TVI24

DE ITÁLIA...


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Chefe de máfia italiana dado a comer aos porcos por grupo rival
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O crime dá seguimento a uma guerra com mais de 60 anos entre duas famílias mafiosas

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Derrocadas arrastam casas e cortam estradas na Madeira

Mais em: http://bit.ly/1j0kTVm

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Viana do Castelo: União de Sindicatos apela a trabalhadores para que não aceitem rescisões
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A União de Sindicatos de Viana do Castelo apela aos trabalhadores dos estaleiros para que não aceitem as rescisões propostas pelo ministro da Defesa.

Notícias...

34Gosto ·  · 

Poema de ÁLVARO DE CAMPOS (HETERÓNIMO DE FERNANDO PESSOA)





A Verdadeira LiberdadeA liberdade, sim, a liberdade!
A verdadeira liberdade!
Pensar sem desejos nem convicções.
Ser dono de si mesmo sem influência de romances!
Existir sem Freud nem aeroplanos,
Sem cabarets, nem na alma, sem velocidades, nem no cansaço!

A liberdade do vagar, do pensamento são, do amor às coisas naturais
A liberdade de amar a moral que é preciso dar à vida!
Como o luar quando as nuvens abrem
A grande liberdade cristã da minha infância que rezava
Estende de repente sobre a terra inteira o seu manto de prata para mim...
A liberdade, a lucidez, o raciocínio coerente,
A noção jurídica da alma dos outros como humana,
A alegria de ter estas coisas, e poder outra vez
Gozar os campos sem referência a coisa nenhuma
E beber água como se fosse todos os vinhos do mundo!

Passos todos passinhos de criança...
Sorriso da velha bondosa...
Apertar da mão do amigo [sério?]...
Que vida que tem sido a minha!
Quanto tempo de espera no apeadeiro!
Quanto viver pintado em impresso da vida!

Ah, tenho uma sede sã. Dêem-me a liberdade,
Dêem-ma no púcaro velho de ao pé do pote
Da casa do campo da minha velha infância...
Eu bebia e ele chiava,
Eu era fresco e ele era fresco,
E como eu não tinha nada que me ralasse, era livre.
Que é do púcaro e da inocência?
Que é de quem eu deveria ter sido?
E salvo este desejo de liberdade e de bem e de ar, que é de mim?

Álvaro de Campos, in "Poemas (Inéditos)"
Heterónimo de Fernando Pessoa

O Pensamento de José Saramago (1922-2010)






A Europa como um Novo Império GermânicoUma vez mais. Sou um europeu céptico que aprendeu tudo do seu cepticismo com uma professora chamada Europa. Não falando da questão do «ressentimento histórico», a que sou especialmente sensível, mas que, de todo o modo, é ultrapassável, rejeito a denominada «construção europeia» por aquilo que vejo estar a ser a constituição premeditada de um novo «sacro império germânico», com objectivos hegemónicos que só nos parecem diferentes dos do passado porque tiveram a habilidade de apresentar-se disfarçados sob roupagens de uma falsa consensualidade que finge ignorar as contradições subjacentes, as que constituem, queiramo-lo ou não, a trama em que se moveram e continuam a mover-se as raízes históricas das diversas nações da Europa. A União Europeia parece não querer compreender o que se está a passar na ex-União Soviética, nem sequer, apesar de tão à vista dos seus míopes olhos, nos Balcãs, para não falar do que irá passar-se amanhã em África, espaço já anunciado dos grandes conflitos do século XXI, se uma oportuna estratégia de hegemonias partilhadas não instaurar ali um colonialismo de novo tipo... A questão política principal do nosso tempo deveria ser o respeito pelas nações e a dignificação de todas as minorias étnicas, como meio de prevenir os nacionalismos xenófobos, reconhecendo em cada povo a sua capacidade própria de alargar as suas potencialidades criativas, naturalmente em diálogo com os outros povos, mas sem sujeições de qualquer espécie.

José Saramago, in 'Cadernos de Lanzarote (1995)'O Pensamento de José Saramago

sexta-feira, 29 de novembro de 2013


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há 3 horas
Assunção Esteves vai investigar a intervenção da polícia na#greve dos #CTT

Veja aqui o vídeo: http://bit.ly/1fP7YFS

bit.ly
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A acção da polícia na greve dos CTT marcou o início dos trabalhos esta manhã no parlamento. Os deputados da oposição queixaram-se da intervenção da polícia e a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, prometeu investigar. A tensão entre polícias e

Notícias: a greve dos Correios...sector que dá lucro aos cofres do Estado e que o desgoverno de PORTUGAL quer Privatizar!


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há cerca de uma hora

AS "FORÇAS SECRETAS" COM NOVAS ORDENS DE "CIMA": ESMAGAR , SEJA LÁ COMO FOR, TODA A OPOSIÇÃO AO DESGOVERNO DE PORTUGAL!

Arménio Carlos e deputados do PCP e do BE empurrados pela polícia
www.tvi24.iol.pt
Momentos de tensão em piquete de greve dos CTT

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há cerca de uma hora

TODOS "CEDEM" AOS TIQUES PARANÓICOS DO DESGOVERNO...O DINHEIRO FALA MAIS ALTO! QUE SE LIXEM OS POBRES E OS PORTUGUESES, EM GERAL!


«Custa-me ver Pires de Lima a ser ventríloquo do discurso governamental»
www.tvi24.iol.pt
Comentário à entrevista do ministro na TVI durante o programa Prova dos 9

Notícias...


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há cerca de uma hora

AHAHAHAHAHAH...POBRE POVO QUE PERDEU AS "VASSOURAS DA PADEIRA, EM ALJUBARROTA"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

«É dever de um político sensível saber ouvir os sinais das manifestações»
www.tvi24.iol.pt
Pires de Lima, entrevistado do «Jornal das 8» da TVI, mostra-se solidário com os portugueses e diz que respeita as manifestações, quando estas cumprem todos os requisitos legais

Poema de Ary dos Santos(1937-1984)

POEMA DE Ary dos Santos (1937-1984)-in O Citador


Meu Camarada e Amigo

Revejo tudo e redigo
meu camarada e amigo.
Meu irmão suando pão
sem casa mas com razão.
Revejo e redigo
meu camarada e amigo

As canções que trago prenhas
de ternura pelos outros
saem das minhas entranhas
como um rebanho de potros.
Tudo vai roendo a erva
daninha que me entrelaça:
canção não pode ser serva
homem não pode ser caça
e a poesia tem de ser
como um cavalo que passa.

É por dentro desta selva
desta raiva deste grito
desta toada que vem
dos pulmões do infinito
que em todos vejo ninguém
revejo tudo e redigo:
Meu camarada e amigo.

Sei bem as mós que moendo
pouco a pouco trituraram
os ossos que estão doendo
àqueles que não falaram.

Calculo até os moinhos
puxados a ódio e sal
que a par dos monstros marinhos
vão movendo Portugal
— mas um poeta só fala
por sofrimento total!

Por isso calo e sobejo
eu que só tenho o que fiz
dando tudo mas à toa:
Amigos no Alentejo
alguns que estão em Paris
muitos que são de Lisboa.
Aonde me não revejo
é que eu sofro o meu país.

Ary dos Santos, in 'Resumo'

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

POEMA: REGRESSO (meu)




REGRESSO


Regresso a mim, vinda do lado mais claro de todas as esperanças.
É um retorno contínuo, desde que Aconteci, enquanto Outros se entregam
 sem luta, aos duros efeitos da derrota-de-sonhar.
   ______________Sempre-a-Acontecer, confio na força do cordão umbilical
_______________de onde me desprendi, no mais cedo-do-Acontecer.

Confesso que o silêncio me despiu a Alma,
sempre que a pus no diálogo dos meus monólogos
que se estendem,
 ao cair da noite,
 pela vastidão de um poema.

É a Poesia quem preenche os espaços vazios da solidão,
que fala pelos meus dedos, presos a uma folha de papel.

Flutuo nas palavras que marcam cada passo do meu escrever
________________nos dentes escancarados do Tempo,
_______________essa folha de vento que passa-a-cantar.
Passa…como passaste tu,
 quando decidiste perder-te na lonjura da distância
 das rosas que te dei ,para pontuar a ânsia do Meu-no-Teu-olhar…
 …passa, como passam as estrelas da noite quando chega o alvorecer
envolto num véu de nuvens, que tendem a desvanecer…
…passa, como passam as marés altas do mar, com tantas
                                           [histórias para contar…

Regressarás?
…Nem as pétalas regressam às rosas, depois de cair!
…Nem as mesmas águas enchem outras marés!
…Nem as palavras são as mesmas nos diálogos-monólogos!
*…e até um Poema tem certo tempo para acontecer…*

Só voltam sempre as estrelas do anoitecer, no claro do luar…
…mas tão inatingíveis, que é impossível estender os braços para as enlaçar.
Nada conseguirá retê-las num espelho do firmamento,
___________pois são como sereias, que não nadam num mar de tormento.

____________E eu amo as colinas vivas a reverdecer,
______________os rios a deslizarem por íngremes descidas
_________________para o vale-perfil das árvores-a-desabrocharem
_________________nas primaveras da vida que ninguém pode parar-sem-
                                                                             -[o- conluio- da Alma*

Os Oráculos,
             nem mesmo eles! 
         sabem as respostas,
  para o eterno viver dos deuses…


Maria Elisa Rodrigues Ribeiro

MQC-NOV/013-REG: CS

quarta-feira, 27 de novembro de 2013


Papa Francisco: "Esta economia mata"


CLARA BARATA

26/11/2013 - 12:44


Exortação evangélica Evangelii Gaudium ataca a "nova tirania" do capitalismo sem limites e apela a uma "saudável descentralização" da Igreja"Francisco rejeita uma economia de exclusão e desigualdade ALBERTO PIZZOLI/AFP




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O Papa Francisco atacou o capitalismo sem limites como “uma nova tirania” e advertiu que a desigualdade e a exclusão social "geram violência" no mundo e podem provocar "uma explosão", na sua primeira exortação apostólica, divulgada nesta terça-feira pelo Vaticano.

Este documento de 84 páginas é como que o programa oficial do seu papado (aqui, a versão em espanhol no site do Vaticano). Contém as posições que ele tem vindo a expressar nos seus sermões e discursos desde Março, quando se se tornou o primeiro sumo pontífice não europeu dos últimos 1300 anos.

Nesta exortação, de título Evangelii Gaudium" (A alegria do Evangelho) reconhece estar “aberto a sugestões” para reformar o papado. “Como bispo de Roma, cabe-me estar aberto às sugestões para que o exercício do meu ministério se torne mais fiel ao sentido que Jesus Cristo quis dar-lhe e às necessidades actuais da evangelização”, escreveu o Papa.

O Papa Francisco expressa mais claramente do que nunca as posições que tem vindo a assumir de luta contra a pobreza e a exclusão neste documento. Apelou aos políticos para que garantam a todos os cidadãos “trabalho digno, educação e cuidados de saúde”, e aos ricos para que partilhem a sua fortuna: “Tal como o mandamento ‘Não matarás’ impõe um limite claro para defender o valor da vida humana, hoje também temos de dizer ‘Tu não’ a uma economia de exclusão e desigualdade. Esta economia mata”, afirma Francisco na exortação apostólica.

O Papa Francisco diz que a renovação da Igreja não pode ser adiada, e que a hierarquia do Vaticano “tem de ouvir a chamada para a conversão pastoral”, mas reitera afirmações que já tinha feito antes, de que a reforma não passará pela ordenação de mulheres como padres – “não é uma questão que esteja aberta a discussão” –, ou pela aceitação do aborto. “Não é progressista” resolver os problemas “eliminando uma vida humana”. Reconhece no entanto que a Igreja Católica “tem feito pouco” para acompanhar as mulheres que se encontram numa situação que as leva a abortar, sobretudo num contexto de violação ou extrema pobreza, diz o El País, na leitura que fez do documento.

Outra ideia forte da exortação apostólica de Francisco é fazer “uma saudável descentralização da Igreja”, e aumentar a responsabilidade dos laicos”, que são “mantidos à margem das decisões” e sublinha que “é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja”. Os jovens devem ter também maior protagonismo na tomada de decisões, diz o Papa. “Muitas vezes, comportamo-nos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a igreja não é uma alfândega, é a casa paterna onde há lugar para todos.”




NOTA: O DR. MÁRIO SOARES PROFERIU , HÁ 3/4 DIAS, O MESMO TIPO DE DISCURSO, ALERTANDO PARA A VIOLÊNCIA QUE AS CONSTANTES MEDIDAS DE INSENSIBILIDADE HUMANA DESTE "DESGOVERNO" PORTUGUÊS PODE CAUSAR, POIS A SOCIEDADE PORTUGUESA NÃO AGUENTA TANTOS CORTES E PERDA DE DIREITOS. MILHARES DE HIPÓCRITAS SE "ATIRARAM" A ELE E ÀS SUAS PALAVRAS, COMO CÃES A UM OSSO SUCULENTO!

ENTÃO...E AGORA??????????????????

POEMA de Vitorino Nemésio (1901-1978)

POEMA DE VITORINO NEMÉSIO (1901-1978)-in O Citador



Arrependo-me de a Meter num Romance

O poema tem mais pressa que o romance,
Asa de fogo para te levar:
Assim, pois, se houver lama que te lance
Ao corpo quente algum, hei-de chorar.

Deus fez o poeta por que não descanse
No golfo do destino e amores no mar:
Vem um, de onda, cobri-la — e ela que dance!
Vem outro — e faz menção de me enfeitar.

Os outros a conspurcam, mas é minha!
Chicoteá-la vou com a própria espinha,
Estreitam-me de amor seus braços mornos,

Transformo seus gemidos em meus uivos
E torno anéis dos seus cabelos ruivos
Na raspa canelada dos meus cornos.

Vitorino Nemésio, in "Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga"

O pensamento de Antero de Quental em um minuto
Filed under: cultura,filosofia,Ut Edita — O. Braga @ 7:52 am
Tags: metafísica, naturalismo, panteísmo




O pensamento de Antero de Quental repele-me, como o azeite repele a água, tanto do ponto de vista formal, como do de conteúdo.

Desde logo, e do ponto de vista formal, penso ser de mau gosto — digamos assim, e fiquemos por aqui — fazer filosofia utilizando a prosa poética. Não digo que a poesia não seja filosófica. Muita dela, é; mas a poesia é filosofia sem a lógica. E, ou fazemos filosofia sem lógica (poesia), ou fazemos filosofia propriamente dita utilizando devidamente a lógica. Misturar as duas coisas é sofismo.



O sofismo de Antero de Quental decorre dessa mistura entre a poesia e a filosofia; e esse sofismo caracteriza-se por uma habilidade genial de se poder dizer uma coisa e o seu contrário utilizando uma linguagem cultíssima, um vocabulário riquíssimo, e um discurso poético enleante que cativa menos a razão do que a emoção. Ora, isto não é filosofia. Filosofia não é meras palavras: é sobretudo símbolos que têm significados precisos.

Do ponto de vista do conteúdo, Antero de Quental faz parte da geração dos “pensadores do instinto” — aqueles que seguiram, mais ou menos, Henri Bergson. Por exemplo, Fernando Pessoa e Leonardo Coimbra, entre outros. Só que o pensamento de Antero de Quental consegue ser menos racional do que os de Fernando Pessoa ou Leonardo Coimbra. E quando digo “menos racional” não quero apenas dizer “absurdo”: é mais do que absurdo: é estúpido. A estupidez não é apenas a negação da lógica: é sobretudo a tentativa de sublimar e celebrar essa negação.

Antero de Quental mistura o panteísmo da “substância”, de Espinoza, com o monismo de Hegel, com a “filosofia do instinto” de Bergson, com o evolucionismo de Spencer, e para arrematar a mistela, adiciona-lhe uma pitada de Averróis. E é este caldo que eu considero intragável. Por exemplo, Antero de Quental considera o progresso como uma lei da natureza(não admite o retrocesso civilizacional, ou o decaimento do Homem):


“Uma bússola só, por fatídico condão, aponta o norte e o sul. Mas não é a civilização dum ou outro século, a tradição desta ou daquela raça, o absoluto que uns sonham para que outros acordem em face do nada — um código ou uma religião —. É o secreto instinto da vida! A revelação natural! A voz da lei humana!

É-se pagão ou turco, é-se judeu ou cristão — mas, antes de tudo, sobre tudo, é-se homem.

Sê-lo (na ideal, na mais alta e completa expressão deste imortal desejo) eis aí a ânsia da humanidade, a febre que faz agitá-la em tantos e tão desvairados sentidos, a chave do grande enigma chamado História. Os cultos, as sociedades são apenas os degraus que ajudam e, quando abandonados, ficam marcando os períodos desta compassada ascensão.

Não se é homem para levantar religiões e impérios. Impérios e religiões fazemo-los só a ver se somos homens um pouco mais e um pouco melhor.”

— “Obras Completas de Antero de Quental” [A Bíblia da Humanidade de Michelet, VII, 20-35], edição da Universidade dos Açores, 1991

Mas depois, e utilizando a sua genial capacidade de articulação da língua portuguesa, por um lado, e a prosa poética, por outro lado, Antero de Quental é capaz de insinuar o contrário daquilo que tinha afirmado há linhas atrás. Esta ambiguidade de Antero de Quental faz-me “pele de galinha”; fico com os cabelos em pé. Não foi por acaso que Antero de Quental meteu um tiro na cabeça: mesmo o que acontece por acaso (o acidental) tem uma razão essencial que o transcende.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

MESSAGE TO ALL MY FRIENDS AND VISITORS















DEAREST FRIENDS:




I'M SORRY TO TELL YOU ALL, FROM SO MANY COUNTRIES, THAT MY PC IS NOW TO BE REPAIRED; SO, IT WILL BE DIFFICULT FOR ME TO PRESENT YOU, EVERYDAY, ALL KIND OF NEWS AND ARTICLES AS I DAILY DO. I'M DEPENDING ON MY DAUGHTER'S PC.




SEE YOU SOON, I HOPE!




Mealhada (PORTUGAL)-25 NOVEMBER/2013




Maria Elisa Rodrigues Ribeiro

MENSAGEM PARA OS AMIGOS E VISITANTES DO BLOG lusibero.blogspot.com














MEUS AMIGOS:




Com cumprimentos carinhosos,venho dizer-vos que tenho o meu computador a arranjar, pelo que não poderei, senão esporadicamente, usar o PC da minha filha para contactar convosco.




Os visitantes ao meu perfil ultrapassaram o lindo número de mais de 90.000 amigos, pelo que me sinto no dever de vos dizer que, só dentro de dias, poderei voltar ao vosso contacto, em pleno, com artigos que vos despertem o interesse e com poemas meus e de outros poetas.




UM BEIJO AMIGO PARA TODOS VÓS.




Mealhada (PORTUGAL) 25 de NOVEMBRO de 2013

Maria Elisa Rodrigues Ribeiro

sábado, 23 de novembro de 2013

UMA PUBLICAÇÃO, ATRAVÉS DO MURAL DO AMIGO Jorge Henrique Letria, no FACEBOOK.


partilhou a foto de Jorge Henrique Letria.
há cerca de um minuto


Carta Aberta a um MENTECAPTO.


Carta Aberta a um MENTECAPTO (João César das Neves)
Meu Caro João,

Ouvi-te brevemente nos noticiários da TSF no fim-de-semana e não acreditei no que estava a ouvir.

Confesso que pensei que fossem "excertos", fora de contexto, de alguém a tentar destruir o (pouco) prestígio de Economista (que ainda te resta).

Mas depois tive a enorme surpresa: fui ler, no Diário de Notícias a tua entrevista (ou deverei dizer: o arrazoado de DISPARATES que resolveste vomitar para os microfones de quem teve a suprema paciência de te ouvir). E, afinal, disseste mesmo aquilo que disseste, CONVICTO e em contexto.

Tu não fazes a menor ideia do que é a vida fora da redoma protegida em que vives:

- Não sabes o que é ser pobre;

- Não sabes o que é ter fome;

- Não sabes o que é ter a certeza de não ter um futuro.

Pior que isso, João, não sabes, NEM QUERES SABER!

Limitas-te a vomitar ódio sobre TODOS aqueles que não pertencem ao teu meio. Sobes aquele teu tom de voz nasalado (aqui para nós que ninguém nos ouve: um bocado amaricado) para despejares a tua IGNORÂNCIA arvorada em ciência.

Que de Economia NADA sabes, isso já tinha sido provado ao longo dos MUITOS anos em que foste assessor do teu amigo Aníbal e o ajudaste a tomar as BRILHANTES decisões de DESTRUÍR o Aparelho Produtivo Nacional (Indústria, Agricultura e Pescas).

És tu (com ele) um dos PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS de sermos um País SEM FUTURO.

De Economia NADA sabes e, pelos vistos, da VIDA REAL, sabes ainda MENOS!

João, disseste coisas absolutamente INCRÍVEIS, como por exemplo: "A MAIOR PARTE dos Pensionistas estão a fingir que são Pobres!"

Estarás tu bom da cabeça, João?

Mais de 85% das Pensões pagas em Portugal são INFERIORES a 500 Euros por mês (bem sei que que algumas delas são cumulativas - pessoas que recebem mais que uma "pensão" - , mas também sei que, mesmo assim, 65% dos Pensionistas recebe MENOS de 500 Euros por mês).

Pior, João, TU TAMBÉM sabes. E, mesmo assim, tens a LATA de dizer que a MAIORIA está a FINGIR que é Pobre?

Estarás tu bom da cabeça, João?

João, disseste mais coisas absolutamente INCRÍVEIS, como por exemplo: "Subir o salário mínimo é ESTRAGAR a vida aos Pobres!"

Estarás tu bom da cabeça, João?

Na tua opinião, "obrigar os empregadores a pagar um salário maior" (as palavras são exactamente as tuas) estraga a vida aos desempregados não qualificados. O teu raciocínio: se o empregador tiver de pagar 500 euros por mês em vez de 485, prefere contratar um Licenciado (quiçá um Mestre ou um Doutor) do que um iletrado. Isto é um ABSURDO tão grande que nem é possível comentar!

Estarás tu bom da cabeça, João?

João, disseste outras coisas absolutamente INCRÍVEIS, como por exemplo: "Ainda não se pediram sacrifícios aos Portugueses!"

Estarás tu bom da cabeça, João?

Ainda não se pediram sacrifícios?!?

Em que País vives tu, João?

Um milhão de desempregados;

Mais de 10 mil a partirem TODOS os meses para o Estrangeiro;

Empresas a falirem TODOS os dias;

Casas entregues aos Bancos TODOS os dias;

Famílias a racionarem a comida, os cuidados de saúde, as despesas escolares e, mesmo assim, a ACUMULAREM dívidas a TODA a espécie de Fornecedores.

Em que País vives tu, João?

Estarás tu bom da cabeça, João?

Mas, João, a meio da famosa entrevista, deixaste cair a máscara: "Vamos ter de REDUZIR Salários!"

Pronto! Assim dá para perceber. Foi só para isso que lá foste despejar os DISPARATES todos que despejaste.

Tinhas de TRANSMITIR O RECADO daqueles que TE PAGAM: "há que reduzir os salários!".

Afinal estás bom da cabeça, João.

Disseste TUDO aquilo perfeitamente pensado. Cumpriste aquilo para que te pagam os teus amigos da Opus Dei (a que pertences), dos Bancos (que assessoras), das Grandes Corporações (que te pagam Consultorias).

Foste lá para transmitir o recado: "há que reduzir salários!".

Assim já se percebe a figura de mentecapto a que te prestaste.

E, assim, já mereces uma resposta:

- Vai à MERDA, João!

Um Abraço,

Carlos Paz

SERIA ANTI-NATURAL, SE O NÃO FIZESSE...OS MILIONÁRIOS PORTUGUESES, QUE CRESCERAM 11% ESTE ANO, ENQUANTO OS POBRES E PENSIONISTAS PAGARAM MAIS DE IMPOSTOS DO QUE RECEBERAM ESTE M~ES, QUE CONTRIBUAM PARA O PAÍS QUE OS TEM VISTO "ENGORDAR"!!!!!


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há 6 horas
O Presidente da República requereu neste sábado a fiscalização preventiva da constitucionalidade do regime de convergência de pensões entre o setor público e privado, que reduz cerca de 10% pensões superiores a 600 euros, anunciou a Presidência

Cavaco envia convergência das pensões para o Constitucional
cmtv.sapo.pt

CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS


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há cerca de uma hora
Congresso da ANMP está a decorrer em Santarém com fortes críticas ao Governo. http://www.publico.pt/associacao-nacional-de-municipios

Manuel Machado eleito presidente da ANMP com 686 votos
www.publico.pt
O socialista Manuel Machado foi eleito este sábado presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) com 686 votos, tendo votado um total de 734 congressistas.

PORTUGAL


PS diz que Cavaco Silva cumpriu «dever institucional»

Publicado hoje às 12:14

Alberto Martins, líder parlamentar socialista, considera que o diploma da convergência das pensões estava «condenado» a ser enviado para o Tribunal Constitucional.


«Esta lei de corte retroativo nas pensões estava condenada a ser enviada para o Tribunal Constitucional», afirmou o presidente da bancada parlamentar do PS.

Alberto Martins sublinha que «o secretário-geral do Partido Socialista tinha assumido» que enviaria o diploma para o Tribunal Constitucional através do mecanismo de fiscalização sucessiva.

«Para além da inconstitucionalidade, esta lei é injusta e imoral, ao retirar aos pensionistas uma parte do seu rendimento. O Presidente da República cumpriu com o seu dever institucional», declarou.

O Presidente da República requereu hoje a fiscalização preventiva da constitucionalidade do regime de convergência de pensões entre o setor público e privado, que reduz cerca de 10% pensões superiores a 600 euro

POEMA DE FLORBELA ESPANCA (1894-1930)











Fanatismo

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

(Livro de Soror Saudade, 1923)

Florbela Espanca

SOBRE FERREIRA de CASTRO(1898-1974), autor da obra "A SELVA"...in Net








O primeiro parágrafo de “A Missão” é o melhor frontispício que um leitor pode desejar quando entra num livro. Ferreira de Castro demonstra desde as primeiras palavras a excelência da sua escrita.

“A Missão” e “O Senhor dos Navegantes”, que compõem “A Missão” (Cavalo de Ferro), poderiam ter sido escritas em 2013. Não o foram, pois Ferreira de Castro (1898-1974) publicou-as, pela primeira vez, em 1954. No entanto, a actualidade inerente às criações literárias que perduram é característica intrínseca destas duas novelas. Na continuação da edição das obras de Ferreira de Castro, a Cavalo de Ferro continua a reabilitar… o leitor. Estas edições possibilitam-lhe colmatar uma falha nas suas leituras. Ferreira de Castro é um escritor essencial na tão longa e rica história da Literatura Portuguesa.

Nas duas novelas debatem-se temas como a Criação, a Salvação, a Moral. Na novela “A Missão”, um grupo de 14 eclesiásticos discute a possibilidade de pintar a cruz, símbolo de Cristo, no telhado do edifício onde está albergado. Nessa aldeia francesa, sobre iminente ocupação alemã em plena II Guerra Mundial, existe um outro edifício, que é igual ao da Missão. É uma fábrica, potencial alvo de ataques aéreos, onde trabalham cerca de 400 habitantes da aldeia. O interesse dos alemães em destruir a fábrica pode pôr em causa a vida dos eclesiásticos. Por outro lado, a identificação e salvação de uns pode comprometer a vida de outros.

Baseando-se neste dilema, o autor português ensaia um diálogo teológico. Geourges Mounier tem a infeliz capacidade de se interrogar. A religião para si não existe para perpetuar o poder, mas antes para estar ao serviço dos outros. As suas ideias são contrariadas pela retórica dos seus pares, pelas dogmáticas acusações de heresia e pela burocracia. O realismo e humanismo de Mounier são derrotados pelos conceitos vazios. A retórica de púlpito esconde a falta de humildade. O Superior, contrariando o pensamento de Mounier, afirma que “Temos, também, de pensar que os homens não valem apenas pelo seu número e sim pela sua qualidade (…) Aqui, nós somos poucos, é certo, e na fábrica os operários são muitos; mas a Missão é um centro de luz, um lar de onde irradia a doutrina divina…” (pág. 15)

A instituição religiosa separa-se do crente. A opção pela narração através de uma 3ª entidade optimiza as possibilidades demonstrativas tanto do realismo sociológico da aldeia como das características psicológicas (pecados, medos, segredos) de várias personagens. O equilíbrio existente desde a composição do enredo, passando pela construção das personagens até à própria sintaxe e utilização lexical é propriedade da literariedade de ambas as novelas. Tudo o que existe na prosa de Ferreira de Castro existe nas suas proporções exactas, sem excesso nem escassez.

Em “O Senhor dos Navegantes”, a prosa ganha dinamismo devido ao debate de ideias e à desconstrução psicológica das personagens, de quem nunca sabemos o nome. Um homem sobe uma colina para chegar a uma capela. Leva um livro para quando tem necessidade de repousar. Junto à capela, enquanto o caminhante descansa e lê o seu livro, surge um indivíduo carregando nos seus braços muitos ex-votos. O diálogo entre estes dois homens (subsiste a dúvida se um será mesmo humano) é um debate sobre a criação, a incompreensão, o significado e a sensação de incompletude.

Ferreira de Castro não se afasta daquele caminhante, provocando a ideia de que autor e personagem são a mesma entidade. Por sua vez, o misterioso indivíduo conceptualiza-se como um incompreendido demiurgo, que sofre a intolerância dos homens.

“Mesmo os que me adoram, passam a vida a discordar de mim e a tentar emendar o que eu fiz. Quando imploram as minhas graças para as suas infelicidades, não fazem, no fundo, outra coisa a não ser censurar-me, pois o que é uma súplica senão uma revolta que não se pode exteriorizar?” (pág. 80)

O Homem é incapaz de reconhecer o Divino. O Criador é derrotado pelo dogma da criatura. Ambos debatem-se com o absurdo da Vida e da Criação. O autor português tem na literatura uma ferramenta na defesa da libertação do homem.

As ideias humanistas são património comum das duas novelas de “A Missão”. O autor apela ao levantamento da dignidade do Ser Humano perante as adversidades impostas pelos poderes religiosos ou económicos. “Imperfeito há-de ele [mundo] ser sempre e vós também; contudo, em muita coisa podeis aperfeiçoar o mundo e a vós próprios. Mas não é de joelhos que o fareis; é de pé e a lutar!” pág. 84

“A Missão”, parábola da condição do indivíduo, é profundamente humanista.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

KIRKEGAARDE-UM POUCO DE FILOSOFIA












Filósofo ou Religioso?

A posição de Kierkegaard leva algumas pessoas a levantar dúvidas a respeito do caráter filosófico de seu pensamento. Pra elas, tratar-se-ia muito mais de um pensador religioso do que de um filósofo. Para além das minúcias que essa distinção envolveria, cabe verificar o que ela pode trazer de esclarecedor acerca do estilo de pensamento de Kierkegaard. Pode-se perguntar, por exemplo, quais as questões fundamentais que lhe motivam a reflexão, ou, então, qual a finalidade que ele intencionalmente deu à sua obra.

Estamos habituados a ver, na raiz das tentativas filosóficas que se deram ao longo da história, razões da ordem da reforma do conhecimento, da política, da moral. Em Kierkegaard não encontramos, estritamente, nenhuma dessas motivações tradicionais. Isso fica bem evidenciado quando ele reage às filosofias de sua época – em especial à de Hegel. Não se trata de questionar as incorreções ou as inconsistências do sistema hegeliano. Trata-se muito mais de rebelar-se contra a própria idéia de sistema e aquilo que ela representa.

Para Hegel, o indivíduo é um momento de uma totalidade sistemática que o ultrapassa e na qual, ao mesmo tempo, ele encontra sua realização. O individual se explica pelo sistema, o particular pelo geral. Em Kierkegaard há um forte sentimento de irredutibilidade do indivíduo, de sua especificidade e do caráter insuperável de sua realidade. Não devemos buscar o sentido do indivíduo numa harmonia racional que anula as singularidades, mas, sim, na afirmação radical da própria individualidade.

De onde provém, no entanto, essa defesa arraigada daquilo que é único? Não de uma contraposição teórico-filosófica a Hegel, mas de uma concepção muito profunda da situação do homem, enquanto ser individual, no mundo e perante aquilo que o ultrapassa, o infinito, a divindade. A individualidade não deve portanto ser entendida primordialmente como um conceito lógico, mas como a solidão característica do homem que se coloca como finito perante o infinito. A individualidade define a existência.

Para Kierkegaard, o homem que se reconhece finito enquanto parte e momento da realização de uma totalidade infinita se compraz na finitude, porque a vê como uma etapa de algo maior, cujo sentido é infinito. Ora, comprazer-se na finitude é admitir a necessidade lógica de nossa condição, é dissolver a singularidade do destino humano num curso histórico guiado por uma finalidade que, a partir de uma dimensão sobre-humana, dá coerência ao sistema e aplaca as vicissitudes do tempo.

Mas o homem que se coloca frente a si e a seu destino desnudado do aparato lógico não se vê diante de um sistema de idéias mas diante de fatos, mais precisamente de um fato fundamental que nenhuma lógica pode explicar: a fé. Esta não é o sucedâneo afetivo daquilo que não posso compreender racionalmente; tampouco é um estágio provisório que dure apenas enquanto não se completam e fortalecem as luzes da razão. É, definitivamente, um modo de existir. E esse modo me põe imediatamente em relação com o absurdo e o paradoxo. O paradoxo de Deus feito homem e o absurdo das circunstâncias do advento da Verdade.

Cristo, enquanto Deus tornado homem, é o mediador entre o homem e Deus. É por meio de Cristo que o homem se situa existencialmente perante Deus. Cristo é portanto o fato primordial para a compreensão que o homem tem de si. Mas o próprio Cristo é incompreensível. Não há portanto uma mediação conceitual, algum tipo de prova racional que me transporte para a compreensão da divindade. A mediação é o Cristo vivo, histórico, dotado, e o fato igualmente incompreensível do sacrifício na cruz. Aqui se situam as circunstâncias que fazem do advento da Verdade um absurdo: a Verdade não nos foi revelada com as pompas do conceito e do sistema. Ela foi encarnada por um homem obscuro que morreu na cruz como um criminoso. O acesso à Verdade suprema depende pois da crença no absurdo, naquilo que São Paulo já havia chamado de "loucura". No entanto, é o absurdo que possibilita a Verdade. Se permanecesse a distância infinita que separa Deus e o homem, este jamais teria acesso à Verdade. Foi a mediação do paradoxo e do absurdo que recolocou o homem em comunicação com Deus. Por isso devemos dizer: creio porque é absurdo. Somente dessa maneira nos colocamos no caminho da recuperação de uma certa afinidade com o absoluto.

Não há, portanto, outro caminho para a Verdade a não ser o da interioridade, o aprofundamento da subjetividade. Isso porque a individualidade autêntica supõe a vivência profunda da culpa: sem esse sentimento, jamais nos situaremos verdadeiramente perante o fato da redenção e, conseqüentemente, da mediação do Cristo.



Leia mais: http://www.mundodosfilosofos.com.br/kierkegaard.htm#ixzz2lMoifkXB

BRUXELAS A INTERFERIR, DESCARADAMENTE, SOBRE O ESTADO INDEPENDENTE-PORTUGAL!


partilhou a foto de Público.
há cerca de uma hora perto de Lisboa
Sexta-feira, 22 de Novembro de 2013: Bruxelas receia que mais chumbos do TC atrasem regresso aos mercadoshttp://publico.pt/n1613377

Sobrinho Simões acusa Governo de "rebentar com tudo"http://publico.pt/n1613412

John F. Kennedy, o Presidente imperfeitohttp://publico.pt/n1613393

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

EM PORTUGAL, PASSA-SE FOME, HOJE! AS CRIANÇAS CHEGAM ÀS ESCOLAS SEM COMER! ESTE GOVERNO "CORTA" TUDO ÀS FAMÍLIAS!

Mais de 500 mil crianças perderam abono de família em três anos

Veja aqui o vídeo: http://bit.ly/1hZKxLZ

bit.ly
bit.ly
Mais de meio milhão de crianças e perderam o abono de família em três anos. Um estudo mostra ainda que Portugal gasta muito menos do que o resto da Europa em apoios às famílias.

TODAS AS POLÍCIAS, MILHARES DE POLÍCIAS COMO NUNCA SE VIU , EM PORTUGAL, ESTÃO , AGORA MESMO, A CHEGAR EM FRENTE DO PARLAMENTO DE PORTUGAL. OUVE" ESTÁ NA GOVERNO SE IR EMBORA"!HORA DO -SE , ALTO E BOM SOM


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há 30 minutos


Polícias concentrados em Lisboa para «maior manifestação de sempre»
www.tvi24.iol.pt
Em atualização

INSÓLITO!

há 3 horas perto de Lisboa


Bomba da II Guerra Mundial servia para decorar casa de japonês
www.tvi24.iol.pt
Objeto recuperado em segurança pelas autoridades da cidade de Furano

HOJE: MANIFESTAÇÃO DE TODAS AS POLÍCIAS DE PORTUGAL, CONTRA O ORÇAMENTO DE ESTADO, FRENTE À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Oiça a reportagem da TSF que tentou perceber quais são as dificuldades com que se confrontam os polícias.

Polícias protestam em conjunto contra cortes orçamentais - TSF
www.tsf.pt
Polícias de todo o setor da segurança interna vão participar hoje, pela primeira vez em conjunto, numa manifestação para contestar os cortes previstos no Orçamento do Estado para o próximo ano.

POEMA DE José Saramago

POEMA DE JOSÉ SARAMAGO (1922-2010)-in NET

Poema à boca fechada
José Saramago

"Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo."


Poema:


A LOUCURA DOS OUTROS…


No silêncio das distâncias, te procuro.
Desassossego habitual, permanente, metódico,
como o da avezinha que procura o ninho, tal qual onda do mar a perder-se
em espuma ,num livre areal.
Meu caminho de outros caminhos perdido nos espaços do meu tempo,
ser -entre-destinos,
obrigas-me a ser poeta,
a ser louca no meio de vogais e consoantes com que formo palavras,
para me sentir como d’antes…
Procuro-te num poema onde as estrelas recolhem pedaços
-de-mim-a-nascer-em-verso.

*Onde anda o que sinto…?
*…nas mãos com que afago-a-ideia-de-ti?
*…no papel onde registo o Tudo-Nada do que foi
uma dança imaginária, escondida sob a pele da areia?
*…na tua sombra descansada sob as folhagens das ramas de
[um certo Outono?

O céu diz-me que a minha loucura é compreender a loucura
[dos Outros…

(Que despedaçada humanidade, esta, que me força a ter o cérebro
cheio de voos de insectos que, ao perderem as asas, perderam também
a gaveta dos segredos dos genes da vida!)

O silêncio das distâncias atravessa as curvas do tempo…
…e eu anseio por ser aquela nuvem que se esconde por detrás
do pensamento, onde inscrevo a urgência de te encontrar.

Cinzas do passado suor e lágrimas sonhos-por-viver

Tudo o tempo-foi-levando, no tempo-que-fui-sonhando.

Provavelmente, devo permitir que os corcéis de MERLIN me levem a AVALON…
Naturalmente, devo guiá-los na onírica sensação de que a luz das estrelas
saberá os caminhos secretos dos trilhos de sombras escuras,
onde o assobio dos ventos vai delinear a rota destas loucuras…

Vejo musgo agarrado na berma dos atalhos do Sonho.
Socorro-me da maceração de sílabas
à janela iluminada do pensar-a-escrever,
e sinto-te à distância de uma melodia, que só não é
[de euforia,
porque, pelo meio, houve uma sublevação de ventos
num Passado-Imperfeito-de-um- Futuro-que-é-Presente!

Mas… há sempre as memórias, onde nos encontramos, por acaso…
…há o Sena a deslizar…há IL Duomo a repicar…há Debussy e Chopin…

*Há um Hino à Vida, que rompe a cada alvorecer onde um de nós estiver,
no despertar dos pássaros de Atenas, embriagados de Antiguidade-Actual!

Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
REG:(MQC)-NOV/013-CS

GOSTE-SE OU NÃO ...A VERDADE É QUE ELE TEM RAZÃO!


Mário Soares está "empenhado em salvar Portugal"Soares diz que se demitia se estivesse no lugar de Cavaco. "Um tipo não pode sair à rua sem ser vaiado e é o Presidente da República. Eu demitia-me", disse Soares à TVI24.
Liliana Coelho , com Lusa23:46 Quarta feira, 20 de novembro de 2013

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Mário Soares afirmou hoje em, entrevista à TVI24, que está "empenhado em salvar Portugal", porque o país caminha para o "abismo" e insistiu que o Governo e o Presidente da República devem demitir-se.

"Este Governo não pode continuar, estamos a caminhar para o abismo.Um abismo em que Portugal desaparece. É para isso que estamos a caminhar", disse Mário Soares.

"O Presidente da República, infelizmente, não defende a Constituição. Só se interessa por aquilo do seu partido e pelo partido associado. E isso não está certo", acrescentou.

Segundo o histórico socialista, o chefe de Estado é o principal responsável pela atual situação, não tendo outra hipótese se não demitir-se.

"Eu se fosse a ele demitia-me. Um tipo não pode sair à rua sem ser vaiado e é o Presidente da República. Eu demitia-me", insistiu.

Questionado sobre se demissão de Cavaco Silva não deixava o país numa crise política, Mário Soares disse claramente que não, sublinhando que a crise já está na rua.
Evitar a violência


"A crise política está na rua e o país só funciona para certas pessoas. Toda a gente está numa situação de aflição. Nunca houve tanta criminalidade como hoje, nunca houve tanto desespero como hoje", afirmou Soares, frisando que o Governo tem contra ele militares, magistrados e universidades.

O antigo Presidente da República disse ainda temer que se entre numa situação de violência e que o seu objetivo é evitar isso, estando "empenhado em salvar o país."

"Eu estou a tentar evitar a violência. É preciso evitar a violência enquanto há tempo. Porque se não se demitem a violência é inevitável", acrescentou.
Não a acordo do PS com Governo



Confrontado com um eventual acordo entre o Governo e o PS, Mário Soares declina prontamente essa hipótese. "Eu penso que esse consenso [entre grandes partidos] é impossível, porque o próprio primeiro-ministro nestes dois anos só tem injuriado o PS. E o partido socialista só se fosse parvo é que ia acudir o Governo."

Sobre a reunião que promove amanhã na Aula Magna, em Lisboa, Mário Soares explicou que o objetivo é conseguir uma frente patriótica para salvar o país.

"Espero que o Congresso das Esquerdas reúna os patriotas. Eu não quero fazer mais politica, eu agora quero é salvar Portugal", garantiu.

Mário Soares diz que convidou Freitas do Amaral e Adriano Moreira, mas estes recusaram ir: "Não fiquei desiludido, sei que é difícil. Os que quiserem acompanhar acompanham-me. Ninguém é obrigado", concluiu.



Ler mais: http://expresso.sapo.pt/mario-soares-esta-empenhado-em-salvar-portugal=f842057#ixzz2lGxlQp86

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

UMA REFLEXÃO TRISTE

REFLEXÃO


MEUS BONS AMIGOS:
BEM SEI O QUE SIGNIFICA, NO MUNDO VIRTUAL, O ESCREVER COM LETRAS MAIÚSCULAS. MAS NÃO ESTOU, GARANTO-VOS!, A GRITAR. SÓ QUE ME DÁ A SENSAÇÃO DE QUE ME LÊEM MELHOR, POIS ESTOU A USAR UM TOM INTIMISTA NA MINHA RELAÇÃO CONVOSCO, NESTE MOMENTO.

PORTUGAL ESTÁ MUITO DOENTE. SOFRE DE UMA TERRÍVEL DOENÇA, QUE NOS FEZ SOFRER, ATÉ 1974, DE UMA LONGA NOITE DE 48 ANOS DE TERROR. A LIBERDADE ESTÁ A FUGIR-NOS, A PASSOS GALOPANTES.NÃO VEMOS SAÍDA, SE NÃO FORMOS NÓS PRÓPRIOS A AGIR.

ALGUÉM SE APRESENTOU AOS PORTUGUESES, HÁ DOIS ANOS, DURANTE UMA VERGONHOSA CAMPANHA ELEITORAL, MENTINDO, COM A ÚNICA INTENÇÃO DE SE APOSSAR DAS NOSSAS VIDAS E PRESUMINDO LIBERDADE E HUMANIDADE, QUANDO O QUE PRETENDIA ERA O PODER PARA DESTRUIR O ESTADO QUE TÍNHAMOS SONHADO MELHOR PARA TODOS, E MAIS JUSTO.

NADA DO QUE SONHARAM AS PESSOAS QUE NELE VOTARAM, SE REALIZOU. ACONTECEU A DESGRAÇA : O PAÍS ESTÁ NUM CAOS DE INJUSTIÇAS E ENRIQUECIMENTOS RÁPIDOS E OBSCUROS, OS POBRES ESTÃO CADA VEZ MAIS POBRES, OS MESMOS POBRES PAGAM IMPOSTOS SOBRE IMPOSTOS PARA PAGAREM, COM O DINHEIRO QUE NÃO TÊM, OS DESMANDOS DESTES INCOMPETENTES QUE NÃO SE QUEREM EMENDAR. NÃO TEMOS DIREITOS, NÃO TEMOS ESCOLAS LIVRES, ESTAMOS A SER CENSURADOS, NÃO TEMOS DIREITOS À SAÚDE, À JUSTIÇA, À VIDA COMO A TÍNHAMOS SONHADO, QUANDO EMPUNHÁMOS UM CRAVO DE ABRIL.

NUNCA SONHEI SER RICA! NUNCA FUI RICA , SENÃO DE VALORES PARA CRIAR OS MEUS FILHOS, PARA OS EDUCAR E VÊ-LOS SORRIR À VIDA. NÃO ESPEREI NUNCA VIVER PARA ALÉM DO QUE O MEU TRABALHO ME PERMITIA. NÃO TENHO INVEJA DE QUEM NASCEU RICO, POR DIREITO DE FAMÍLIA!

HOJE, CHORO TUDO O QUE PERDI, COM ESTE GOVERNO E COM O ANTERIOR: A ALEGRIA.

TENHO PENA DOS POBRES E DOS IDOSOS COM QUEM ME CRUZO!
TENHO PENA DAS CRIANÇAS QUE NÃO SÃO FELIZES, QUE NÃO COMEM PORQUE OS PAIS NÃO TÊM QUE LHES DAR... TENHO PENA DE QUEM ESTÁ A PASSAR PRIVAÇÕES, DE QUEM É DESPEDIDO E FORÇADO A EMIGRAR, COMO NO PRINCÍPIO DO SÉCULO PASSADO...

TENHO PENA DE TODOS NÓS QUE ESTAMOS A PERDER A ALEGRIA E A ESPERANÇA...

PERDOEM ESTE DESABAFO...


Mealhada, 20 de Novembro de 2013
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro-

A OPINIÃO DO ILUSTRE PROFESSOR SANTANA CASTILHO










O regresso ao ensino elitista
20 de Novembro de 2013 às 10:34




A ascensão de Nuno Crato ao poder foi promovida por duas vias: o seu populismo discursivo, de que a desejada implosão do ministério foi paradigma, e a influência poderosa de grupos para quem a Educação é negócio. Chegou agora o momento em que o aforismo emblemático de César das Neves começa a colher prova no terreno das realidades: não há almoços grátis! O recentemente aprovado estatuto do ensino privado mostra ao que Crato veio e para quem trabalha. O seu actual direitismo, socialmente reacionário, está próximo, em radicalismo, do seu esquerdismo de outros tempos. O fenómeno explica-se, tão-só, por simples conversão de interesses e ambições aos sinais dos tempos. O resultado que se desenhou e ganha agora forma é o retorno a um sistema de ensino elitista, onde muitos serão excluídos.



1. Acabámos de viver o momento alienante da divulgação dos “rankings” dos resultados escolares em exames, sem que o país valorizasse os outros resultados, não mensuráveis por eles mas, eventualmente, bem mais relevantes. Ficámo-nos pela leitura simples dos dados absolutos e dispensámos a complexa que resultaria do cruzamento das variáveis subjacentes. Depreciámos, sem razão, as disciplinas que ficaram de fora dos “rankings”, por não estarem sujeitas a exames nacionais. Contentámo-nos com olhar para os pontos de chegada dos alunos, sem considerar aqueles de que partiram. O famigerado “Guião para a Reforma do Estado”, ao socorrer-se dos “rankings” para, sem pudor, incensar o ensino privado e apoucar o público, assumiu uma política deliberada de elitismo e de tudo para o privado e cada vez menos para o público. Cito dois exemplos de facciosismo, para que não me acusem de me ficar por generalidades: enquanto às escolas privadas está hoje outorgada total autonomia pedagógica e directiva, retirou-se às públicas a possibilidade de estabelecerem as suas ofertas formativas e impôs-se-lhes um modelo único de gestão, fortemente burocratizado e de um gigantismo desumanizante; enquanto o financiamento público às escolas privadas aumentou (são mais 2 milhões de euros que no ano passado, num total de 149,3 milhões e 19,4 para os futuros cheques-ensino), todos os programas de melhoria dos resultados escolares das escolas públicas foram extintos e o seu financiamento diminuiu. Em conclusão breve, os “rankings” chamam a atenção para as escolas mais elitistas e menorizam quantas escolas, eventualmente melhores, acolhem e tentam ensinar os excluídos.



2. Não direi que o novo programa de Matemática A tenha sido concebido com a intenção perversa de apressar a passagem de muitos alunos do ensino regular para os eufemisticamente chamados percursos alternativos. Mas será esse o corolário previsível, considerando a complexidade inapropriada que lhe foi introduzida e a sua extensão. Se já eram detectados problemas de cumprimento no anterior, designadamente pelas dificuldades de passagem do básico para o secundário, o quadro ficará pior face a um programa que ignora o que a investigação didáctica internacional tem recomendado e é praticado pelos sistemas de ensino que melhores resultados obtêm nos estudos comparativos. Professores da disciplina, com quem procurei validar a opinião que formei, foram unânimes: trata-se de mais um retrocesso de décadas a teorias e processos há muito abandonados, que promoverá a aversão à disciplina e fará aumentar o número dos excluídos.



3. O Governo estabeleceu até ao fim de Dezembro o prazo para as universidades e politécnicos se pronunciarem sobre a reordenação da rede de ensino superior, de modo a que o próximo ano-lectivo a encontre pronta. Se, por um lado, a medida é necessária, por outro, uma imposição atabalhoada só pode gerar desastre. As fusões e os consórcios que o Governo deseja não se promovem sob imperativo temporal bruto. Na linha simplista e imediatamente utilitária que pontifica, pode prevalecer a lei da obediência à procura. Mas se desertificámos o interior, é natural que aí não a encontremos. Valeria a pena uma reflexão sobre processos de rentabilizar a capacidade formativa instalada e o forte investimento dos últimos anos em infraestruturas, no sentido de atrair jovens para as instituições do interior, designadamente estrangeiros, o que não seria difícil se considerarmos a enorme potencialidade da lusofonia. Abandonar parte do país e aceitar o determinismo da redução sem sequer equacionar a utopia da expansão é limitativo. As políticas de desertificação do país, prosseguidas com denodo pelo actual Governo, justificam o receio de que esta reforma da rede se resuma ao simples aumento das dificuldades para os poucos jovens que ainda resistem nas zonas do interior. A ser assim, os que não tiverem recursos para demandarem o litoral e os grandes centros urbanos serão excluídos.



4. Por tudo isto, não surpreende que o primeiro-ministro português, paroquial e subserviente ao estrangeiro, não tenha pestanejado quando, a seu lado, Durão Barroso pressionou explicitamente o Tribunal Constitucional com a expressão vulgar do “caldo entornado”. Um e outro, “pintarolas” em lugares de Estado, não percebem que qualquer cidadão de hoje se deve bater pela sua Constituição como os cidadãos do passado se batiam pelas muralhas do seu burgo. É o último reduto para não serem definitivamente excluídos.

In "Público" de 20.11.13

ANA LEAL É UMA GRANDE JORNALISTA QUE FEZ UMA GRANDE INVESTIGAÇÃO SOBRE O ELITISMO NA EDUCAÇÃO QUE SE ESTÁ A INSTALAR EM PORTUGAL, COM O AVAL DO GOVERNO DE DIREITA, DE passos coelho.


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há 2 minutos

Dizer as verdades leva à Censura e ao despedimento, no Portugal de passos e cavaco!

ACORDA, PORTUGAL! VIVAMOS O DESEJO DE UM NOVO ABRIL!

Ana Leal obrigada a abandonar TVI
www.vidas.xl.pt
Jornalista recebeu nota de culpa