“Só o mistério nos faz viver. Só o mistério”
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“Solo el misterio nos hace vivir. Solo el misterio”
– García Lorca, no “Romancero Gitano”, em ‘Obra poética completa. Federico García Lorca’. [tradução, seleção e apresentação de William Agel de Melo]. Edição bilíngue. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo | Brasília: Editora UnB, 2004.
O assassinato de Federico García Lorca
No front político, o fascismo alargava suas bases. A guerra civil era inevitável. Em meados de julho, durante um jantar na casa de Pablo Neruda, o deputado do Partido Socialista, Fulgencio Díez Pastor, aconselhou Lorca a desistir do seu intento de ir para Granada. Melhor seria permanecer em Madri, onde estaria mais seguro. Outros amigos aconselharam-no a sair do país.
No dia 14 de julho, chegou a Granada. E no dia 23 a cidade rendeu-se aos rebeldes. Os republicanos mais notórios foram presos. Lorca, temendo o pior, decidiu buscar refúgio entre amigos, instalando-se na casa de Luis Rosales, cujos irmãos, José e Antonio, eram membros da Falange.
No dia 15 de agosto, um grupo anti-republicano, com a incumbência de deter o poeta, dirigiu-se à Huerta de San Vicente munido de uma ordem de prisão. No dia 16, Manuel Fernández-Montesinos, cunhado de Lorca, foi fuzilado sumariamente junto com outros prisioneiros. No mesmo dia, outro grupo, liderado por Ramón Ruiz Alonso, conseguiu localizar Lorca na mansão dos Rosales. José Rosales fez de tudo para salvar o poeta. Obteve uma ordem de soltura do governador militar, coronel Antonio González Espinoza, e aprestou-se a levá-la ao governador civil, Valdés Guzmán, que a rechaçou, sob a alegação de que Lorca não mais se encontrava aí – o que não era verdade. Na madrugada de 17 ou 18 de agosto, o poeta foi executado, juntamente com Dióscoro Galindo Gonzáles, Joaquín Arcollas Cabezas e Francisco Galadi Melgar.
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