segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Poema: ESTA SOU EU





 

ESTA SOU EU

 

 

Numa ânsia galopante

Uma mulher despertou sozinha.

 Foi até à janela e tristemente confirmou

Que não estava lá ninguém.Perguntou-se:

 

*E as pessoas? Que é feito delas? O homem do pão, por onde anda?

E o mundo de todos os dias, o mundo de todos nós

Que nele habitamos? Era aquilo,aquele espaço cheio de pedras e arbustos

Que a janela aberta me oferecia?

Sempre tinha existido e decidiu-se a continuar a viver, porque estava ,

Desde que nasceu, obrigada a continuar a ver ,não só pedras

Mas também crianças a jogar à macaca, à bola e a procurar ninhos no meio

Das ramas, das flores, das árvores carregadas de flores e frutos.

 

*O pensamento chamou-a; a caneta apareceu; o papel era já velho

Mas existia, vivia dela e dos seus dedos calejados de escrever tantos lexemas.

Para si própria gritou : ESTA SOU EU! Isto é a VIDA! ESTA SOU EU!

E ser eu, significa não ser outra coisa!Esta solidão é minha e não se arrepende!

Passará a andar de cabelos brancos, um pouco curvada...

Cada solidão tem também um EU muito próprio...

 

*E tem as suas próprias impressões digitais, que pedem respeito como

Aquele que nos merecem as pétalas das flores e as aves cantantes, rodopiando.

Sinto-me em comunhão com os leitores a viver  a nossa existência escrita...

 

ESTES SOMOS NÓS! E NÓS NUNCA PODEREMOS SER OUTROS SE NÃO NÓS!

 

 

©Maria Elisa Ribeiro

NOV/2023

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