1964-1969
Em 1964 a Comissão Cultural da União Desportiva Vilafranquense toma a iniciativa de comemorar o 25º aniversário do lançamento de “Gaibéus”. O acontecimento alarga-se a nível nacional, entre o silêncio hostil de todo o poder salazarista e a solidariedade do povo e da intelectualidade portuguesa. Se “Gaibéus” é o primeiro romance de Alves Redol, ele também representa uma data histórica na introdução do neo-realismo em Portugal, corrente literária sem a qual não se poderá entender o contexto económico-social português.
Neste período, produz apenas um romance, mas introduz alterações formais importantes (e elabora significativos prefácios) nas obras reeditadas, escrevendo duas peças de teatro e os livros infantis da série “Maria Flor”. A publicidade (isto é, a necessidade de sobreviver...), esgota-lhe as energias. Escritor que é do seu tempo e nele participa na dupla mas única qualidade de homem e escritor, Alves Redol pode servir de exemplo na procurada e singular condição humana de autodidatismo conseguido pela experiência, pela observação, pelo estudo, pela cultura, pela actividade sócio-política – que sempre procura transmitir aos outros e depois vaza nos seus livros, dos mais admiráveis na nossa literatura.
Morre novo, o grande escritor, a 29 de Novembro de 1969, no Hospital de Santa Maria, depois de muitos dias de padecimento.»
.
Sem comentários:
Enviar um comentário