Surgiste
como uma nuvem empurrada pelo vento
em dia
de tempestade... floco de fragmentos do céu
ferido
na ponta do grito de um trovão…
Esse foi
um momento único, tão veloz como brisa de ar
que
tocou o meu coração e
como
relâmpago que acendeu estrelas, nos trilhos do céu.
Surgiste
e logo me abraçaste!
E eu
quis demorar-me nesse abraço que me deste
como
quem não pode esperar pelo beijo lento e húmido,
pronto a
acalmar uma invisível tempestade-a-desabar.
Quis
demorar-me nesse crepitar de vida, que me correu
pelas
veias…
na tua
música suave ,que aos meus ouvidos soou
como
divino
aroma,
que se
dispersa pelas almas certas,
quando
se encontram e se fundem…
Não
posso descuidar-me…
Não
posso perder a atenção e correr o risco
de
encontrar-me fora do teu coração…
Abraçados
assim, a noite irá acabar nos raios de luar…
O som do
trovão irá perder-se por entre as florestas iluminadas,
as estrelas
brilhantes
e sossegadas,
os rios espumosos a correrem para o mar.
Sinto-me
a empalidecer de fulgor e a loucura, vejo-a a escorrer pela
parede
que nos verá adormecer.
Enchamos,
no meio da tempestade, toda esta casa de amor,
tal
fossem flores de um vermelho pujante
que
pomos nos vasos a amadurecer…
Maria
Elisa Ribeiro-Portugal
JAN/017
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