A minha poesia
CORRE O TEMPO ATRÁS DE NÓS…
…ansioso por roubar o que a vida nos tem dado, dia após dia.
A poesia deixa escapar as palavras às quais se prende,
e tal qual as gotas
que num jardim deslizam a cheirar a âmbar e a jasmim,
também elas, as palavras, delicadas e distraídas, escorregam
do pensamento devagar…devagar…devagar…
Cada dia, ao fim do dia, ganhamos o dia, que já perdemos.
Não conseguimos sentir, a maior parte das vezes, a brisa que
no fim da tarde nos afaga a face, nos enrola os cabelos,
nos faz ouvir o som das folhas
em luta com o medo dos pássaros das noites dos segredos.
A noite aguarda que um vento ferido de nuvens aziagas
nos traga palavras do sangue do mundo,
de queixas de pássaros de coração ferido,
de anjos sem asas perdidos da humanidade,
e de frutos do paraíso escondidos,
ocultos,
protegidos nas ramas das árvores.
A noite à qual nos entregamos, aguarda-nos…
(Dela nos vêm espasmos soberanos!)
OUT/019
Maria Elisa Ribeiro
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