Teve a educação que na época se costumava dar aos filhos da nobreza. Foi educado e residente em Viena até 1780.
[1] Seu pai, António Ambrósio Pereira Freire de Andrade e Castro, fora um ótimo colaborador do
marquês de Pombal na campanha contra a
Companhia de Jesus,
[4] sendo o filho Gomes Freire enviado, então, para Portugal, para onde veio com 24 anos de idade, em Fevereiro de
1781,
[1] já com o grau de
Cavaleiro da
Ordem de Cristo.
Destinado à carreira militar, assentou praça de
cadete no regimento de
Peniche, sendo em
1782 promovido a
alferes. Passou à carreira naval
[1] na Armada Real, embarcando em
1784 na esquadra que foi auxiliar as forças navais espanholas de
Carlos III de Espanha no bombardeamento de
Argel.
Regressou a Lisboa em setembro, promovido a
tenente do mar da Armada Real, e em abril de
1788 voltou à carreira do exército
[1] e ao antigo regimento no posto de
sargento-mor.
Tendo alcançado licença para servir como voluntário
[1] no exército de
Catarina II, em guerra contra a
Turquia, partiu para a
Rússia em 1788.
[1] Em
São Petersburgo terá conquistado as maiores simpatias na corte e da própria imperatriz. Na campanha de
1788-
1789, comandada pelo príncipe
Potemkin, ter-se-á distinguido em várias campanhas
[1] nas planícies do
rio Danúbio, na
Guerra da Crimeia e sobretudo no cerco de
Oczakow, alegadamente o primeiro a entrar na frente do regimento quando a praça se rendeu em
17 de outubro de
1788 depois de cerco prolongado. Na hora das condecorações esqueceram-se dele, negando-lhe a
Comenda da
Ordem de São Jorge. Mas ele protesta, pede atestados de heroísmo ao coronel
Markoff,
[5] e a imperatriz condescende atribuindo-lhe o posto de
coronel do seu exército, que em
1790 lhe foi confirmado no exército português, mesmo ausente.
Depois, na esquadra do
príncipe de Nassau, salva-se milagrosamente durante a
batalha naval de Svensksund, quando os canhões
suecos[1] fazem ir a pique a "bateria flutuante" que ele comandava. Perdeu-se toda a tripulação, mas Gomes Freire conseguiu salvar-se, acabando por receber o hábito de
São Jorge, uma das Ordens mais importantes da Rússia, não das mãos da imperatriz, como se tem dito, mas sim das do
príncipe de Nassau, em nome da imperatriz.
[6] Houve rumores de simpatia e entusiasmo da imperatriz por Freire de Andrade, aparentemente confirmado pelas desinteligências entre ele e o
príncipe de Potemkin, favorito conhecido.
Voltou a Lisboa em 1793,
[1] nomeado
coronel do regimento do
marquês das Minas, prestes a embarcar para a
Catalunha, na divisão que Portugal enviava auxiliar a
Espanha contra a
República Francesa e a que chegou em
11 de novembro de
1793, seguindo por terra.
[1] Nesta expedição iam estrangeiros no
Estado-Maior: o
duque de Northumberland, general e par de Inglaterra, o
príncipe de Luxemburgo Montmorency, o
conde de Chalons, o
conde de Liautaud. O Regimento de Freire de Andrade e o de
Cascais ocuparam a povoação de
Rebós, na sua linha de batalha, correndo logo às trincheiras da ponte de
Ceret, onde o exército espanhol estava a ponto de capitular. A acção do Regimento terá sido brilhante, apesar do mau desempenho de Gomes Freire de Andrade,
[7] carregando os franceses com brio em combate a
26 de novembro de
1793. Em
Arles, acampou em quartéis de inverno seu Regimento e o de Cascais, que constituíam a 2.ª Brigada, comandada por ele. Segundo
Latino Coelho, começa aí a evidenciar-se o espírito indisciplinado e irrequieto de Gomes Freire; desordeiro e intrigante, "
o animo altivo do coronel, avesso, como era a toda a sujeição, difundia na divisão auxiliar o fermento da indisciplina"
[8]
Mas apesar das vitórias do exército hispano-português sobre os republicanos da Convenção, a guerra do Roussillon ia-se tornar armadilha, os espanhóis tinham 18 mil feridos em hospitais e os portugueses mil homens fora de combate, enquanto os franceses recebiam constantes reforços. Em
29 de abril de
1794 o general Dugommier atacou a esquerda do exército espanhol, composta de corpos da divisão portuguesa, que sustentou o fogo do romper da manhã às 14 h, salvando o exército espanhol.
Entre 1801 e 1807, desempenhou papel de certo relevo, aderindo ao "Partido Inglês" contra a influência da França, e chegando a ser preso, em 1803, por tumultos dos quais o julgaram instigador.
[1]
Regressado a Portugal, depois da ocupação de Portugal pelos
Franceses, veio a integrar à frente a "
Legião Portuguesa" criada por
Jean-Andoche Junot e que, colocado sob o comando do
marquês de Alorna, partiu para
França em Abril de
1808, onde vem a ser recebida por
Napoleão Bonaparte no dia 1 de Junho. Combateu em Espanha, Alemanha,
Suíça, Áustria e Polónia e participou na campanha da Rússia, até 1813. Foi, ainda,
Governador Militar de
Danzigue, em 1812, de
Jena, em 1813, e de
Dresden, em 1813, na Alemanha, e
Doutor Honoris Causa pela
Universidade de Jena em 1813. Esteve preso, e passou a França e à
Grã-Bretanha e Irlanda, regressando, finalmente, a Portugal, em Maio de 1815, onde, depois de estar novamente preso, o declararam inocente, embora sem o reintegrarem no Exército.
[1]
Cheio de prestígio, partidário das ideias liberais, foi, naturalmente, encarado como chefe do movimento contra a influência inglesa e o regime absoluto, embora não tivesse participado activamente em qualquer conspiração.
[1]
Libertado Portugal da ocupação das tropas francesas, e após a derrota de Napoleão, Freire de Andrade ao regressar a Portugal, veio a ser preso, implicado e acusado de liderar uma
conspiração em 1817,
[1] contra a monarquia de
Dom João VI, em Portugal continental representada pela Regência, então sob o governo militar britânico do
marechal William Carr Beresford.
Foi, em Maio desse ano, detido, preso, tratado como um criminoso, conhecendo, apenas, um simulacro de julgamento,
[1] no qual foi seu advogado de defesa
Filipe Arnaud de Medeiros, e condenado à morte e enforcado (embora tenha pedido para ser fuzilado) junto ao
Forte de São Julião da Barra, em
Oeiras,
[1] por crime de traição à Pátria junto com outras onze pessoas: o coronel
Manuel Monteiro de Carvalho, os majores
José Campelo de Miranda e
José da Fonseca Neves e mais oito oficiais do Exército.
[2] Essa data, 18 de Outubro, foi, durante mais de um século, dia de luto na Maçonaria Portuguesa. Ainda hoje o seu nome é venerado como um dos grandes maçons e mártires da Liberdade de todos os tempos, tendo sido numerosas as lojas crismadas com o seu nome e abundantes os iniciados que o escolheram como nome simbólico.
[2] Ficou na História como símbolo dos mártires da Liberdade.
[1]
Após o julgamento e execução do tenente-general e outros,
Beresford deslocou-se ao Brasil para pedir mais poderes. Havia pretendido suspender a execução da sentença até que fosse confirmada pelo soberano mas a Regência, "melindrando-se de semelhante insinuação como se sentisse intuito de diminuir-se-lhe a autoridade, imperiosa e arrogante ordena que se proceda à execução imediatamente".
[10]
Este procedimento da Regência e de Lord Beresford, comandante em chefe
britânico do
Exército português e regente
de facto do reino de Portugal, levou a protestos e intensificou a tendência anti-britânica, o que conduziu o país à
Revolução do Porto e à queda de Beresford (1820), impedido de desembarcar em Lisboa ao retornar do Brasil, onde conseguira de D. João VI maiores poderes.
Foi impressa uma nota de 100$00 Chapa 4 de
Portugal com a sua imagem.
[11]