"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
sábado, 17 de março de 2018
Morreu o pai da Moderna Pediatria
De Berry Brazelton,in www.presença,pt/editorial:
..."Nada feito sem doses massivas de afecto.
E começa com um exemplo extremo e dramático mas por demais esclarecedor: o que acontece quando se negligenciam as necessidades de uma criança de tenra idade. Ou seja, onde quase tudo se joga e quase tudo se pode perder o que dito à Brazelton quer dizer, "A investigação demonstra que é nos primeiros anos de vida que se estabelecem as bases para o desenvolvimento intelectual, emocional e moral".
E a investigação, neste caso, foram os orfanatos da Roménia, onde dada a ausência de cuidados afectivos, as crianças desenvolveram graves deficiências a nível físico, intelectual e social. "Pequenitos de quatro ou cinco anos só conseguiam comunicar por meio de alguns gestos rudimentares.
Quando contrariados era frequente começarem a bater desesperadamente nos próprios braços, ou a mordê-los. Não possuíam uma linguagem ou uma capacidade que lhes permitisse comunicar necessidades básicas e evidenciavam capacidades diminutas de receber carinho ou conforto quando magoados.
Com um apoio intensivo estas crianças foram aprendendo a desenvolver capacidades incipientes no que respeita à linguagem e ao pensamento. As melhorias constituem um processo longo e moroso e frequentemente os resultados de privações precoces acabam por não ser completamente superados".
É claro que este caso concreto felizmente está longe da maior parte de nós mas, infelizmente!, também só aparece incluído no livro, porque é uma das provas, entre muitas das outras que descreve, de que um afecto deficitário nos primeiros tempos de vida nos priva quase irremediavelmente de qualquer desenvolvimento cognitivo. "São as experiências emocionalmente excitantes que servem de preparação.
O bebé tem de querer alguma coisa. Mobilizar o seu propósito e transformá-lo numa interacção gera uma experiência simultaneamente emocional e cognitiva. Todas as vivências, por definição, englobam afecto e conhecimento, mas em termos de valência, aquelas que são altamente significativas para as crianças do ponto de vista emocional são precisamente as que captam os seus desejos e promovem a sua inteligência".
E mais adiante: "Antes de cada fase do desenvolvimento cognitivo há uma outra na esfera afectiva que precede as interacções com o mundo físico. Num sorriso há uma componente motora, sem dúvida, mas é a emoção que comanda o sorriso (os músculos faciais). As interacções duradoiras com as pessoas que cuidam do bebé de forma consistente são a chave para o desenvolvimento futuro.
Podemos hoje confirmar que é este diálogo recíproco precoce, mais do que qualquer estimulação cognitiva por meio de cartões com imagens, que leva ao desenvolvimento da mente e do cérebro e das capacidades de raciocínio e pensamento. Tanto o desenvolvimento emocional como o intelectual dependem de relações ricas, profundas e afectivas no início da vida, e actualmente a pesquisa contínua no campo da neurociência confirma este processo". ...
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