sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

QUEM FOI D. HELDER CÂMARA??????????


Hélder Câmara
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Nota: Para outros significados, veja Hélder Câmara (desambiguação).
Hélder Câmara
Arcebispo da Igreja Católica



Título
Servo de Deus
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 15 de agosto de 1931

Ordenação episcopal 20 de abril de 1952 por Jaime de Barros Câmara

Lema episcopal IN MANIBUS TUIS
nas tuas mãos
Nomeado arcebispo 12 de março de 1964
Dados pessoais
Nascimento Fortaleza, Ceará
7 de fevereiro de 1909
Morte Recife, Pernambuco
27 de agosto de 1999 (90 anos)
Nacionalidade brasileiro
Assinatura
dados em catholic-hierarchy.org
Arcebispos
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

ver


Dom Hélder Pessoa Câmara OFS (Fortaleza, 7 de fevereiro de 1909Recife, 27 de agosto de 1999) foi um bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife. Foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e grande defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil. Pregava uma Igreja simples, voltada para os pobres, e a não-violência. Por sua atuação, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Foi o brasileiro por mais vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz, com quatro indicações.

A Lei nº 13.581, de 26 de dezembro de 2017, declarou Dom Helder Câmara como Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos[1].



Índice [esconder]
1Biografia
2Formação e presbiterado
3Episcopado
4Arcebispo de Olinda e Recife
5Títulos
5.1Disputa do prêmio Nobel
6Instituto Dom Hélder Câmara
7Ordenações episcopais
8Homenagens póstumas
8.1Prêmio Dom Hélder Câmara de Imprensa
8.2Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara
8.3Patrono brasileiro dos direitos humanos
9Processo de beatificação e canonização
10Referências
11Bibliografia
11.1Obras de autoria de Dom Hélder
11.2Obras sobre Dom Hélder
11.3Filme
12Ver também
13Ligações externas


Biografia[editar | editar código-fonte]

Décimo primeiro filho de João Eduardo Torres Câmara Filho, jornalista, crítico teatral e funcionário de uma firma comercial e da professora primária Adelaide Pessoa Câmara, desde cedo manifestou sua vocação para o sacerdócio[2].
Formação e presbiterado[editar | editar código-fonte]

Ingressou no Seminário Diocesano de Fortaleza em 1923, o Seminário da Prainha, então sob direção dos padres lazaristas. Nesta instituição, cursou o ginásio e concluiu os estudos de filosofia e teologia[3]. Foi ordenado padre no dia 15 de agosto de 1931, em Fortaleza, aos 22 anos de idade, com autorização especial da Santa Sé, por não possuir a idade mínima exigida[2]. No mesmo ano, fundou a Legião Cearense do Trabalho e, em 1933, a Sindicalização Operária Feminina Católica, que congregava as lavadeiras, passadeiras e empregadas domésticas[2]. Atuou na área da educação, participando de políticas governamentais do estado do Ceará na área da educação pública. Foi nomeado diretor do Departamento de Educação do Ceará[2]. Para aprofundar seus estudos nesta área, foi transferido em 1936 para a cidade do Rio de Janeiro, então capital da república, onde se dedicou a atividades apostólicas. Foi Diretor Técnico do Ensino da Religião.

Neste período, sente-se atraído pela Ação Integralista Brasileira, que propunha o resgate dos valores de "Deus, Pátria e Família" e declarou em discurso: "Esse programa social da Ação Integralista Brasileira é o maior programa cristão de assistencialismo da história do Brasil".[4] Entretanto, afastou-se de qualquer compromisso político-partidário ao perceber as implicações ideológicas desta opção[3].

No Rio de Janeiro, teve como diretor espiritual o Padre Leonel Franca, criador da primeira universidade católica do Brasil - a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro[3]. No período pós-guerra, fundou a Comissão Católica Nacional de Imigração, para apoio à imigração de refugiados[3].
Episcopado[editar | editar código-fonte]

Foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro no dia 3 de março de 1952. Foi ordenado bispo, aos 43 anos de idade, no dia 20 de abril de 1952, pelas mãos de dom Jaime de Barros Câmara, dom Rosalvo Costa Rego e dom Jorge Marcos de Oliveira[2].

Foi um grande promotor do colegiado dos bispos e da renovação da Igreja Católica, fortalecendo a dimensão do compromisso social[3]. Em 1950, D. Hélder entrou em contato com o Monsenhor Giovanni Batista Montini, então subsecretário de estado do Vaticano e futuro papa Paulo VI, que o apoiou e conseguiu a aprovação, em 1952, para a criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com sede no palácio arquiepiscopal do Rio de Janeiro. Nesta instituição, exerceu a função de secretário geral até 1964[3]. O mesmo monsenhor Montini apoiou a criação do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), fundado em 1955, com sede em Bogotá. A fundação ocorreu na Primeira Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano realizada no Rio de Janeiro, tendo D. Hélder como articulador. Ele viria a participar das conferências gerais do CELAM como delegado do episcopado brasileiro até 1992. Além da conferência do Rio de Janeiro, esteve presente na Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (Medellín, 1968), na Terceira Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (Puebla, 1979) e na Quarta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (Santo Domingo, 1992)[3]. No CELAM, exerceu os cargos de presidente e vice-presidente.[5]

Sua capacidade de articulação torna realidade o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, em 1955, no Rio de Janeiro, que contou com a presença de cardeais e bispos do mundo inteiro[3].

Em 1956, fundou a Cruzada São Sebastião, com a finalidade de dar moradia decente aos favelados. Desta primeira iniciativa, outros conjuntos habitacionais surgiram. Em 1959, fundou o Banco da Providência, cuja atuação se desenvolve no atendimento a pessoas que vivem em condições miseráveis[3].

Teve participação ativa no Concílio Ecumênico Vaticano II, sendo eleito padre conciliar nas quatro sessões do concílio. Foi um dos propositores e signatários do Pacto das Catacumbas, um documento assinado por cerca de 40 padres conciliares no dia 16 de novembro de 1965, nas catacumbas de Domitila, em Roma, durante o Concílio Vaticano II, depois de celebrarem juntos a Eucaristia[3]. Este pacto teve forte influência na Teologia da Libertação.

Diante da conturbada situação sociopolítica nacional, a divergência de posições com Cardeal Dom Jaime Câmara torna difícil sua permanência no Rio de Janeiro.
Arcebispo de Olinda e Recife[editar | editar código-fonte]

No dia 12 de março de 1964 foi designado para ser arcebispo de Olinda e Recife, Pernambuco, múnus que exerceu até 2 de abril de 1985. Instituiu um governo colegiado nesta diocese, organizada em setores pastorais. Criou o Movimento Encontro de Irmãos, o Banco da Providência e a Comissão de Justiça e Paz daquela diocese[3]. Fortaleceu as comunidades eclesiais de base.

Estabeleceu uma clara resistência ao regime militar. Tornou-se líder contra o autoritarismo e pelos direitos humanos. Nâo hesitou em utilizar todos os meios de comunicação para denunciar a injustiça[3]. Pregava no Brasil e no exterior uma fé cristã comprometida com os anseios dos empobrecidos. Foi perseguido pelos militares por sua atuação social e política, sendo acusado de comunismo. Foi chamado de "Arcebispo Vermelho". Foi-lhe negado o acesso aos meios de comunicação social após a decretação do AI-5, sendo proibido inclusive qualquer referência a ele[3]. Desconhecido da opinião pública nacional, fez frequentes viagens ao exterior, onde divulgou amplamente suas ideias e denúncias de violações de direitos humanos no Brasil[3]. Foi adepto e promotor do movimento de não-violência ativa.

Suas posições políticas lhe renderam pesadas críticas, sendo seu algoz nos meios de comunicação o jornalista e teatrólogo Nélson Rodrigues, que afirmava que "D. Helder só olha o céu para saber se leva ou não o guarda-chuva"[6]

Em 1984, ao completar 75 anos, apresentou sua renúncia. Em 15 de julho de 1985, passou o comando da Arquidiocese a Dom José Cardoso Sobrinho. Continuou a viver em Recife, nos fundos da Igreja das Fronteiras, onde vivia desde 1968[3]. Morreu aos 90 anos em Recife no dia 27 de Agosto de 1999.

O Regional Nordeste 2 da CNBB, a arquidiocese de Olinda e Recife, o Instituto Dom Hélder Câmara (IDHeC) e a Universidade Católica de Pernambuco estão promovendo a comemoração do centenário de Dom Hélder, que foi celebrado em 7 de fevereiro de 2009. O objetivo é manter viva a sua memória e a sua luta pela solidariedade e justiça social.
Títulos[editar | editar código-fonte]

Seu primeiro título veio em 1969, de doutor honoris causa pela Universidade de Saint Louis, Estados Unidos. Este mesmo título foi-lhe conferido por diversas universidades brasileiras e estrangeiras: Bélgica, Suíça, Alemanha, Países Baixos, Itália, Canadá e Estados Unidos, alcançando um total de 32 títulos[3].

Foi intitulado Cidadão Honorário de 28 cidades brasileiras e da cidade de São Nicolau na Suíça e Rocamadour, na França. Recebeu o Prêmio Martin Luther King, nos Estados Unidos e o Prêmio Popular da Paz, na Noruega e diversos outros prêmios internacionais.

Foi o segundo mais votado como Brasileiro do Século na categoria Religião pela revista IstoÉ[7].
Disputa do prêmio Nobel[editar | editar código-fonte]

Foi indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz pelo seu combate à ditadura e às torturas no Brasil. Em 1970, o então presidente da República Emílio Garrastazu Médici instruiu pessoalmente o embaixador brasileiro na Noruega para tentar impedir que este prêmio lhe fosse concedido.[3] Sofreu uma intensa campanha por parte do regime militar. O Serviço Nacional de Informações se encarregou de divulgar, por meio das embaixadas do Brasil em Oslo e em Paris, uma foto de quando D. Hélder era integralista na década de 1930 e esta foto foi difundida na Europa.[8] Colaborando com o esforço da ditadura na Noruega, o milionário Tore Munch escreveu um artigo propondo a desclassificação de D. Hélder, acusando-o de oportunista.[8] Estas manobras fizeram com que o ganhador fosse Norman Borlaug, criador do milho híbrido.[8] Por outro lado, a campanha contra d. Hélder fez com que a igreja brasileira se unisse em sua defesa, mesmo aqueles que toleravam o regime.[8]
Instituto Dom Hélder Câmara

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