terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Texto generalista sobre Fernando Pessoa, até aos Heterónimos, que publicarei dentro de dias!


Fernando Pessoa
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Fernando Pessoa

Fernando Pessoa em 1914
Outros nomes Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares etc.
Nascimento 13 de junho de 1888
Lisboa, Reino de Portugal
Morte 30 de novembro de 1935 (47 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade Português
Progenitores Mãe: Maria Madalena Pinheiro Nogueira Pessoa
Pai: Joaquim de Seabra Pessoa
Ocupação Poeta, escritor e tradutor
Profissão Correspondente comercial e tradutor
Influências
Lista[Expandir]
Influenciados
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Principais trabalhos Mensagem (1934)
Livro do Desassossego (1982)
Prémios Queen Victoria Prize (1903),[1]Prémio Antero de Quental (1934)[2]
Movimento literário Modernismo
Religião Neopaganismo
Gnosticismo
Causa da morte Cirrose hepática[3]
Assinatura



Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de 1888Lisboa, 30 de novembro de 1935) foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português.

Fernando Pessoa é o mais universal poeta português. Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português ao escrever os seus primeiros poemas nesse idioma. O crítico literário Harold Bloom considerou Pessoa como "Whitmanrenascido",[4] e o incluiu no seu cânone entre os 26 melhores escritores da civilização ocidental,[5] não apenas da literatura portuguesa mas também da inglesa.[5]

Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa traduziu várias obras em inglês (e.g., de Shakespeare e Edgar Allan Poe) para o português, e obras portuguesas (nomeadamente de António Botto[6] e Almada Negreiros) para o inglês.[7]

Enquanto poeta, escreveu sobre diversas personalidades – heterónimos, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro –, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra. Robert Hass, poeta americano, diz: "outros modernistas como Yeats, Pound, Elliot inventaram máscaras pelas quais falavam ocasionalmente... Pessoa inventava poetas inteiros." [8]



Índice [esconder]
1Biografia
1.1Primeiros anos em Lisboa
1.2Juventude em Durban
1.3Regresso definitivo a Portugal e início de carreira
1.4Morte
1.5Legado
2Obra poética
2.1Ortónimo
2.2Heterónimos e Semi-heterónimos
2.2.1Álvaro de Campos
2.2.2Ricardo Reis
2.2.3Alberto Caeiro
2.2.4Bernardo Soares
3Visões sobre política
4Visões sobre religião
4.1Gnosticismo
4.2Neopaganismo
4.3Ocultismo
5Cronologia
6Referências
7Ver também
8Ligações externas


Biografia
“ Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,Não há nada mais simplesTem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.Entre uma e outra todos os dias são meus. ”

Primeiros anos em Lisboa

Fernando Pessoa nasceu neste edifício, no bairro do Chiado, frente à ópera de Lisboa, a 13 de junho de 1888.

A 13 de Junho de 1888, pelas 15h20, nasceu Fernando Pessoa. O parto ocorreu no quarto andar direito do n.º 4 do Largo de São Carlos, em frente à ópera de Lisboa (Teatro de São Carlos), freguesia dos Mártires. De famílias da pequena aristocracia, pelos lados paterno e materno, o pai, Joaquim de Seabra Pessoa (38), natural de Lisboa, era funcionário público do Ministério da Justiça e crítico musical do «Diário de Notícias». A mãe, D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa (26), era natural dos Açores (mais propriamente, da Ilha Terceira). Viviam com eles a avó Dionísia, doente mental, e duas criadas velhas, Joana e Emília.

O poeta, pelo lado paterno, tem as suas raízes familiares no concelho de Arouca, nas freguesias do denominado «Fundo do Concelho» de Arouca.[9][10]

Fernando António foi baptizado em 21 de Julho na Basílica dos Mártires, ao Chiado, tendo por padrinhos a Tia Anica (D. Ana Luísa Pinheiro Nogueira, tia materna) e o General Chaby. A escolha do nome homenageia Santo António: a família reclamava uma ligação genealógica com Fernando de Bulhões, nome de baptismo de Santo António, tradicionalmente festejado em Lisboa a 13 de Junho, dia em que Fernando Pessoa nasceu.

A sua infância e adolescência foram marcadas por factos que o influenciariam posteriormente. Às cinco horas da manhã de 13 de Julho de 1893, o pai morreu, com 43 anos, vítima de tuberculose. A morte foi anunciada no Diário de Notícias do dia. Fernando tinha apenas cinco anos. O irmão Jorge viria a falecer no ano seguinte, sem completar um ano, a 2 de Janeiro de 1894.[3] A mãe vê-se obrigada a leiloar parte da mobília e muda-se para uma casa mais modesta, o terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal. Foi também neste período que surgiu o primeiro heterónimo de Fernando Pessoa, Chevalier de Pas, facto relatado pelo próprio a Adolfo Casais Monteiro, numa carta de 1935, em que fala extensamente sobre a origem dos heterónimos. Ainda no mesmo ano, escreve o primeiro poema, um verso curto com a infantil epígrafe de À Minha Querida Mamã.

Em Outubro de 1894, o comandante João Miguel Rosa (1857-1919) apaixona-se por Maria Madalena ao vê-la passar dentro de um "americano", numa rua de Lisboa, comentando para um amigo: «Vês aquela loira? Se não quiser, não me caso com ela.»[11] Em breve lhe fazia a corte e se tornavam noivos. Destacado o noivo como cônsul português em Durban, África do Sul, casam-se por procuração a 30 de Dezembro de 1895, na Igreja de São Mamede, em Lisboa.
Juventude em Durban

O padrasto e a mãe.

A 20 de Janeiro de 1896, mãe e filho, acompanhados por um tio, Manuel Gualdino da Cunha, partem rumo à Madeira, e a 31 embarcam para Durban. Faz a instrução primária na escola de freiras irlandesas da West Street, onde fez a primeira comunhão, e percorre em dois anos o equivalente a quatro.

Em 1899 ingressa no Liceu de Durban, onde permanecerá durante três anos e será um dos primeiros alunos da turma. No mesmo ano, cria o pseudónimo Alexander Search, através do qual envia cartas a si mesmo. No ano de 1901, é aprovado com distinção no primeiro exame Cape School High Examination e escreve os primeiros poemas em inglês. Na mesma altura, morre sua irmã Madalena Henriqueta, de dois anos. Em 1901 parte com a família para Portugal, para um ano de férias. No navio em que viajam, o paquete König, vem o corpo da irmã. Em Lisboa, mora com a família em Pedrouços e depois na Avenida de D. Carlos I, n.º 109, 3.º Esquerdo. Na capital portuguesa, nasce João Maria, quarto filho do segundo casamento da mãe de Pessoa. Viaja com a sua família à Ilha Terceira, nos Açores, onde vive a família materna. Deslocam-se também a Tavira para visitar os parentes paternos. Nessa época, escreve o poema "Quando ela passa".

Tendo de dividir a atenção da mãe com os filhos do casamento e com o padrasto, Pessoa isola-se, o que lhe propicia momentos de reflexão.

Tendo recebido uma educação britânica, que lhe proporcionou um profundo contacto com a língua inglesa, os seus primeiros textos e estudos foram em inglês. Mantém contacto com a literatura inglesa através de autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton, Lord Byron, John Keats, Percy Shelley, Alfred Tennyson, entre outros. O Inglês teve grande destaque na sua vida, trabalhando com o idioma quando, mais tarde, se torna correspondente comercial em Lisboa, além de o utilizar em alguns dos seus textos e traduzir trabalhos de poetas ingleses, como "O Corvo" e "Annabel Lee" de Edgar Allan Poe. Com excepção de Mensagem, os únicos livros publicados em vida são os das coletâneas dos seus poemas ingleses: Antinous e 35 Sonnets e English Poems I - II e III, editados em Lisboa, em 1918 e 1921.

Fernando Pessoa aos seis anos.

Fernando Pessoa permanece em Lisboa, enquanto todos seus familiares — mãe, padrasto, irmãos e criada Paciência, que vieram com ele — regressam a Durban. Volta sozinho para África no vapor Herzog. Matricula-se na Durban Commercial School, escola comercial de ensino nocturno, enquanto de dia estuda as disciplinas humanísticas para entrar na universidade. Nesse período, tenta escrever contos em inglês, alguns dos quais com o pseudónimo de David Merrick, que deixa inacabados. Em 1903, candidata-se à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Na prova de exame de admissão, não obtém boa classificação, mas tira a melhor nota entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso o Queen Victoria Memorial Prize («Prémio Rainha Vitória»).[1] Um ano depois, ingressa novamente na Durban High School, onde frequenta o equivalente a um primeiro ano universitário. Aprofunda a sua cultura, lendo clássicos ingleses e latinos. Escreve poesia e prosa em inglês, surgindo os heterónimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. Nasce a sua irmã Maria Clara. Publica no jornal do liceu um ensaio crítico intitulado "Macaulay". Por fim, encerra os seus bem-sucedidos estudos na África do Sul com o Intermediate Examination in Arts, na Universidade, obtendo uma boa classificação.
Regresso definitivo a Portugal e início de carreira

Orpheu n.º 2, 1915.

Deixando a família em Durban, regressa definitivamente à capital portuguesa, sozinho, em 1905. Passa a viver com a avó Dionísia e as duas tias na Rua da Bela Vista, n.º 17. A mãe e o padrasto regressam também a Lisboa, durante um período de férias de um ano em que Pessoa volta a morar com eles. Continua a produção de poemas em inglês e, em 1906, matricula-se no Curso Superior de Letras (atual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), que abandona sem sequer completar o primeiro ano. É nesta época que entra em contacto com importantes escritores portugueses. Interessa-se pela obra de Cesário Verde e pelos sermões do Padre António Vieira.

Em Agosto de 1907, morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança, com a qual monta uma pequena tipografia, na Rua da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de «Empreza Ibis — Typographica e Editora — Officinas a Vapor», que rapidamente vai à falência. A partir de 1908, aluga o seu primeiro quarto no Largo do Carmo 18, 1º Esqº, dedica-se à tradução de correspondência comercial, uma ocupação a que poderíamos dar o nome de "correspondente estrangeiro". Nessa atividade trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.

Inicia a sua atividade de ensaísta e crítico literário com o artigo «A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada», a que se seguiriam «Reincidindo…» e «A Nova Poesia Portuguesa no Seu Aspecto Psicológico» publicados em 1912 pela revista A Águia, órgão da Renascença Portuguesa. Frequenta a tertúlia literária que se formou em torno do seu tio adoptivo, o poeta, general aposentado Henrique Rosa, no Café A Brasileira, no Largo do Chiado em Lisboa. Mais tarde, já nos anos vinte, o seu café preferido seria o Martinho da Arcada, na Praça do Comércio, onde escrevia e se encontrava com amigos e escritores.

Em 1915 participou na revista literária Orpheu, a qual lançou o movimento modernista em Portugal, causando algum escândalo e muita controvérsia. Esta revista publicou apenas dois números, nos quais Pessoa publicou em seu nome, bem como com o heterónimo Álvaro de Campos. No segundo número da Orpheu, Pessoa assume a direcção da revista, juntamente com Mário de Sá-Carneiro.

Em Outubro de 1924, juntamente com o artista plástico Ruy Vaz, Fernando Pessoa lançou a revista Athena, na qual fixou o «drama em gente» dos seus heterónimos, publicando poesias de Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, bem como do ortónimo Fernando Pessoa.

No número três da revista Sudoeste: cadernos de Almada Negreiros de Novembro de 1935 (mês da sua morte) encontra-se um breve artigo da sua autoria [12] intitulado "Nós os de Orpheu" e o poema "Concelho".[13]
Morte

Última residência do poeta, atual Casa Fernando Pessoa, Lisboa.

Fernando Pessoa foi internado no dia 29 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa, com diagnóstico de "cólica hepática" causada por cálculo biliar associado a cirrose hepática,[carece de fontes] diagnóstico que é hoje contestado por estudos médicos,[carece de fontes] embora o excessivo consumo de álcool ao longo da sua vida seja consensualmente considerado como um importante factor causal.[carece de fontes] Segundo um desses estudos, Pessoa não revelava alguns dos sintomas mais típicos de cirrose hepática, tendo provavelmente sido vítima de uma pancreatite aguda.[14] Morreu no dia 30 de Novembro, pelas 20h00, com 47 anos de idade. No dia anterior, tinha escrito a sua última frase, em inglês: "I know not what tomorrow will bring" ("Não sei o que o amanhã trará"). O funeral realizou-se a 2 de Dezembro no Cemitério dos Prazeres.
Legado

Espólio de Pessoa: a célebre arca, com mais de 25.000 páginas, e a sua biblioteca pessoal.

Pode-se dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar e que, de tanto criar, criou outras vidas através dos seus heterónimos, o que foi a sua principal característica e motivo de interesse pela sua pessoa, aparentemente muito pacata. Alguns críticos questionam se Pessoa realmente teria transparecido o seu verdadeiro eu ou se tudo não teria passado de um produto, entre tantos, da sua vasta criação. Ao tratar de temas subjetivos e usar a heteronímia,[15] torna-se enigmático ao extremo. Este facto é o que move grande parte das buscas para estudar a sua obra. O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosa declara que Fernando Pessoa foi "o enigma em pessoa". Escreveu sempre, desde o primeiro poema aos sete anos, até ao leito de morte. Importava-se com a intelectualidade do homem, e pode-se dizer que a sua vida foi uma constante divulgação da língua portuguesa: nas próprias palavras do heterónimo Bernardo Soares, "a minha pátria (sic) é a língua portuguesa". O mesmo empenho é patente nesta carta:
“ Agora, tendo visto tudo e sentido tudo, tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar, quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da civilização e o alargamento da consciência da humanidade ”


Analogamente a Pompeu, que, segundo Plutarco, teria dito a frase "navigare necesse, vivere non est necesse" ("navegar é necessário; viver não é necessário"),[16] Pessoa diz, no poema Navegar é Preciso, que "viver não é necessário; o que é necessário é criar". Outra interpretação comum deste poema diz respeito ao facto de a navegação ter resultado de uma atitude racionalista do mundo ocidental: a navegação exigiria uma precisão que a vida poderia dispensar.

O poeta mexicano Octavio Paz, laureado com o Nobel de Literatura, diz que "os poetas não têm biografia. A sua obra é a sua biografia" e que, no caso de Fernando Pessoa, "nada na sua vida é surpreendente — nada, excepto os seus poemas". Em The Western Canon, Harold Bloom incluiu-o entre os cânones ocidentais, no capítulo Borges, Neruda e Pessoa: o Whitman Hispano-Português (pg. 451, 1995).

Na comemoração do centenário do nascimento de Pessoa, em 1988, o seu corpo foi trasladado para o Mosteiro dos Jerónimos,[17] confirmando o reconhecimento que não teve em vida.
Obra poética

Estátua de Fernando Pessoa da autoria de Lagoa Henriques, no café A Brasileira, no Chiado, Lisboa.
“ O poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente. ”


Considera-se que a grande criação estética de Pessoa foi a invenção heteronímica que atravessa toda a sua obra. Os heterónimos, diferentemente dos pseudónimos, são personalidades poéticas completas: identidades que, em princípio falsas, se tornam verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original. Entre os heterónimos, o próprio Fernando Pessoa passou a ser chamado ortónimo, porquanto era a personalidade original. Entretanto, com o amadurecimento de cada uma das outras personalidades, o próprio ortónimo tornou-se apenas mais um heterónimo entre os outros. Os três heterónimos mais conhecidos (e também aqueles com maior obra poética) foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Um quarto heterónimo de grande importância na obra de Pessoa é Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego, importante obra literária do século XX. Bernardo é considerado um semi-heterónimo por ter muitas semelhanças com Fernando Pessoa e não possuir uma personalidade muito característica, ao contrário dos três primeiros, que possuem até mesmo data de nascimento e morte (excepção para Ricardo Reis, que não possui data de falecimento). Por essa razão, José Saramago, laureado com o Prémio Nobel, escreveu o livro O ano da morte de Ricardo Reis.

Através dos heterónimos, Pessoa conduziu uma profunda reflexão sobre a relação entre verdade, existência e identidade. Este último fator possui grande notabilidade na famosa misteriosidade do poeta.
“ Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje,que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos,ou quando menos, os seus companheiros de espírito? ”


Diversos estudiosos de Pessoa procuraram enumerar seus pseudónimos, heterónimos, semi-heterónimos, personagens fictícias e poetas mediúnicos. Em 1966 a portuguesa Teresa Rita Lopes fez um primeiro levantamento, com 18 nomes. Antonio Pina Coelho, também português, elevou em seguida a relação para 21. A mesma Teresa Rita Lopes apresentou um levantamento mais detalhado em 1990, chegando a 72 nomes.[20] Em 2009 o holandês Michaël Stoker chegou a 83 heterónimos. Mais recentemente, o brasileiro José Paulo Cavalcanti Filho, utilizando critério mais amplo, apresentou uma lista com 127 nomes.[21]
Ortónimo

Mensagem, de Fernando Pessoa, 1ª ed., 1934.

A obra ortónima de Pessoa passou por diferentes fases, mas envolve basicamente a procura de um certo patriotismo perdido, através de uma atitude sebastianista reinventada. O ortónimofoi profundamente influenciado, em vários momentos, por doutrinas religiosas (como a teosofia) e sociedades secretas (como a Maçonaria). A poesia resultante tem um certo ar mítico, heróico (quase épico, mas não na acepção original do termo) e por vezes trágico. Pessoa é um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da vida. Uma explicação para a criação dos três principais heterónimos e o semi-heterónimo Bernardo Soares, reside nas várias formas que tinha de olhar o mundo, apoiando-se no racionalismo e pensamento oriental.[22]

O ortónimo é considerado, só por si, como simbolista e modernista pela evanescência, indefinição e insatisfação, bem como pela inovação praticada através de diversas sendas de formulação do discurso poético (sensacionismo,[23] paulismo, interseccionismo, etc.).[24]

Fernando Pessoa foi marcado também pela poesia musical e subjetiva, voltada essencialmente para a metalinguagem e os temas relativos a Portugal, como o sebastianismo presente na principal obra de "Pessoa ele-mesmo", Mensagem, uma coletânea de poemas sobre as grandes personagens históricos portugueses. Publicado em 1934, apenas um ano antes da morte do autor, este foi o único livro de Fernando Pessoa em Língua Portuguesa editado em vida. Foi contemplado com o Prémio Antero de Quental, na categoria de «poema ou poesia solta», do Secretariado da Propaganda Nacional (SPN).[2]

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