"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
poema meu-OBRA REGª
GOTAS POÉTICAS
Gota a gota,
minh’a água nos olhos
é como o pão que se come,
bocado a bocado,
depois de ter sido gerado
no ventre da semente, na planície e no valado.
Palavra a palavra,
as labirínticas letras saltam pelo prado
onde as junto num poema recheado de versos
a lembrar a unidade da gema amarela…
…com muito cuidado…com toda a cautela…
Nas mãos tenho pontas de fogo…
Ora vêm de luxos vulcânicos, ora de regatos de pedra
do silencioso acordar da Antiga Idade da Vida, na velha casa adormecida.
Cegas de memória, as formigas vão arrecadando pedaços de história.
Agora adormecidos e sós, esses pedaços repousam perto de um espelho,
onde leio a Infância.
E assim, sem querer, o espelho reconverte o filme
da ânsia do Poema-que-foi-passando,
enquanto me tornei a Outra-de-Mim
aquela-de-quando-nada-parecia-ter-um-Fim!
Maria Elisa Ribeiro
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