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Luís de Camões
Luís de Camões nasceu em 1524 ou 25, provavelmente em Lisboa, filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá Macedo, família nobre estabelecida em Portugal na época de D. Fernando.
Os vastos conhecimentos e cultura do poeta são normalmente justificados por este ter frequentado o ensino superior. Pensa-se que estudou em Coimbra de 1531 a 1541, onde terá frequentado aulas de Humanidades já que aí tinha o seu tio, D. Bento de Camões, que era sacerdote e sábio.
No entanto, embora a existência desse tio esteja documentada, não há qualquer registo da passagem do poeta por Coimbra. Em algum lado, afirmam os estudiosos da sua vida, terá adquirido a grande bagagem cultural que nas suas obras demonstra possuir.
Antes de 1550 estava a viver em Lisboa, onde permaneceu até 1553. Essa estadia foi interrompida por uma expedição a Ceuta onde serviu como soldado, aí perdendo um olho.
Em 1552 regressou a Lisboa, levando aí uma vida de boémia. São-lhe atribuídos vários amores, não só por damas da corte mas até pela própria Infanta D. Maria, irmã do Rei D. Manuel I.
Na sequência de uma desordem ocorrida no Rossio, em dia do Corpo de Deus, na qual feriu, numa rixa, Gonçalvo Borges, foi preso por largos meses na cadeia do Tronco e só saiu – apesar de perdoado pelo ofendido – com a promessa de embarcar para a Índia (sendo este um dos poucos factos da sua vida que os documentos corroboram). Diz-se que foi nesse ano de prisão que Camões compôs o primeiro canto da sua obra “Os Lusíadas”.
Regressou a Portugal, mas pelo caminho naufragou na costa de Moçambique, salvando a nado Os Lusíadas, e foi forçado, por falta de meios para prosseguir a viagem, a ficar aí. Foi em Moçambique que seu amigo Diogo do Couto o encontrou, encontro que relata na sua obra, acrescentando que o poeta estava "tão pobre que vivia de amigos", ou seja, vivia do que os amigos podiam dar-lhe. Foi Diogo do Couto quem lhe pagou a viagem até Lisboa, onde Camões finalmente aportou em 1569.
Nessa altura, além dos últimos retoques em “Os Lusíadas”, trabalhava numa obra lírica, o Parnaso, que lhe roubaram – o que, em parte, explica que não tenha publicado a lírica em vida.
Chega a Lisboa em 1569 e publica Os Lusíadas em 1572, graças à influência de alguns amigos junto do rei D. Sebastião.
Apesar do enorme êxito do poema e de lhe ter sido atribuída uma tença anual de 15000 réis, essa foi sempre paga tarde e a má horas e não salvando o poeta da extrema pobreza.
Morreu em 10 de Junho de 1580. O seu túmulo, que teria sido na cerca do Convento de Sant'Ana, em Lisboa, perdeu-se com o terramoto de 1755, pelo que se ignora o paradeiro dos restos mortais do poeta, que não está sepultado em nenhum dos dois túmulos oficiais que hoje lhe são dedicados – um no Mosteiro dos Jerónimos e outro no Panteão Nacional.
Alguns dos seus sonetos, como o conhecido Amor é fogo que arde sem se ver, pela ousada utilização dos paradoxos, prenunciam já o Barroco que se aproximava.
Algum tempo mais tarde, D. Gonçalo Coutinho mandou gravar uma lápide para a sua campa com a citação: “Aqui jaz Luís de Camões, Príncipe dos Poetas de seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assi morreu”
A comemoração do dia da sua morte, é atualmente relembrado como o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, sendo feriado nacional.
Os Lusíadas
Estrutura externa – 10 cantos – nº variável de estrofes (Oitavas)
Dez sílabas métricas (decassílabas)
Ab ab ab cc – cruzada e emparelhada
Estrutura interna
Proposição (I, 1-3)
Camões apresenta o que se propõe a cantar
Navegações e os seus feitos
Reis conquistaram terras
Difundir a fé cristã (Plano da História de Portugal)
Todos aqueles que fizeram algo digno de memória, ultrapassando a lei da Morte (não são esquecidos)
Invocação (I, 4-5)
Camões pede inspiração as Tágides (ninfas do Tejo)
[posteriormente noutros cantos invoca as ninfas do Mondego, Calíope (musa da poesia épica) e novamente as Tágides]
“Cantando espalharei por toda a parte se a tanto me ajudar o engenho e a arte”(talento e inspiração)
Dedicatória (I, 6-18)
Camões dedica o seu poema ao rei D. Sebastião
Narração (I, 19 ->)
Camões narra a viagem dos portugueses e a História de Portugal
. Plano da Viagem (ação principal)
. Plano da História (ação secundária)
. Plano do Poeta (Comentários, reflexões, considerações, conselhos e críticas sobre diversos assuntos)
. Plano da Mitologia
Os Lusíadas são um produto do renascimento e, como tal, surgiram do propósito de fazer renascer o género épico característico da antiguidade clássica. Deste modo segue o mesmo esquema de construção das epopeias antigas. No entanto, a dedicatória em “Os Lusíadas”, constitui a parte original da obra. Tal como as outras, também nesta a cação é apresentada in media rés, ou seja, Camões começa a contra a história quando a cação já vai a meio.
Narração (I, 19)
Est. 19
“Já no largo oceano navegavam”
- Viagem decorria normalmente
(Plano da Viagem)
“Quando os deuses no Olimpo luminoso,
Onde o governo esta da humana gente,
Se ajustam em consílio glorioso,
Sobre as causas futuras do oriente”
(Plano da mitologia)
Os deuses que governam os homens juntam-se em consílio para decidirem sobre o futuro dos portugueses.
Relação de simultaneidade(as duas ações ocorrem ao mesmo tempo)
Consílio:
Júpiter – Adjuvante aos Portugueses
Baco – Opositor aos Portugueses Veredicto a favor dos Portugueses
Vénus - Adjuvante aos Portugueses que prosseguem a viagem
Marte - Adjuvante aos Portugueses
I, 105, 106
“Onde pode acolher-se um fraco homem,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno”
Mistificação do herói – Episódios – Mitológicos (concílio dos Deuses)
. Líricos (Inês de Castro e Formosíssima Maria)
. Míticas/Simbólicos – (Adamastor e O Velho do Restelo)
. Naturalista – (Tempestade e Trompa marítima)
. Bíblica – batalha (Ourique, Salado, Aljubarrota)
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