quinta-feira, 28 de julho de 2016

EDITORIAL de "Público", in www.publico.pt


EDITORIAL
Portugal e o défice, um embate adiado


DIRECÇÃO EDITORIAL

28/07/2016 - 00:15


Não houve multas para Portugal nem para Espanha, mas o caso das sanções promete novos episódios.




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TÓPICOS

Governo
Défice
António Costa
Comissão Europeia
Jeroen Dijsselbloem
Editorial
Presidente da República
Carlos Moedas


Portugal, ou pelo menos os seus políticos, viveu a não-existência de multas ou sanções por défice excessivo como uma vitória a celebrar com euforia. O Governo falou logo numa “vitória portuguesa”; a direita sublinhou o “bom senso” de decisão; a esquerda regozijou-se (excepção feita ao PCP, que achou mais prudente “não cantar vitória”); o Presidente da República falou numa “vitória para a Europa, uma vitória para Portugal e uma vitória da responsabilidade” e, acima de tudo, para os “portugueses que viveram, e vivem, sacrifícios”; e até o comissário Carlos Moedas achou por bem vir dizer à Lusa que foi “um dia muito bom para Portugal”, “um grande dia.” Ponto.

Porém, na véspera, o próprio António Costa admitia que a situação não estaria “muito simpática” e que Portugal dificilmente evitaria a multa. Só que evitou. Ou melhor, adiou. Das negociações de última hora já se deu conta, e nelas houve intervenções importantes que ajudaram a que o prato da balança pendesse para o lado que pendeu. Mas, é bom notar, tudo isto é provisório. Portugal, tal como Espanha, foram agora salvas de qualquer multa, mas terão contas a prestar num futuro próximo. Aqui, pelo menos no caso português, há dois discursos que não colam. Do lado da Comissão, continuam aspressões para que haja medidas de consolidação adicionais, de forma a cumprir as metas propostas ou, pelo menos, a não se afastar muito delas; do lado do Governo, diz-se que basta cumprir o que está no Orçamento. Dificuldade de tradução? Não. Apenas mais um braço-de-ferro que não se sabe como acabará. Em Setembro, como sabemos, haverá nova avaliação e a hipótese de suspensão dos fundos continua viva no horizonte. Neste roundperdeu sobretudo Jeroen Dijsselbloem, que se mostrou ““desapontado” com a decisão da Comissão (e isso, para os que o detestam, será mais uma vitória a celebrar), mas o próximo não será tão fácil. O Governo tem nas mãos as rédeas do processo. Que não o deixe descarrilar.

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