quinta-feira, 25 de junho de 2015

SOBRE O NOVO DONO DA TAP(in Revista VISÃO



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O lado escondido do novo dono da TAP
Pai de 9 filhos, aplica os princípios da religião nos negócios. Este homem hiperativo, com défice de atenção diagnosticado, tornou-se num dos mórmons mais ricos do mundo e aterrou no Velho Continente através da compra da TAP. Mas nem tudo são rosas no percurso de David G. Neeleman


Rita Montez com Inês Rapazote (Artigo publicado na VISÃO 1163 de 18 de junho)
11:21 Quarta feira, 24 de Junho de 2015 |
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A partir da sua mansão de oito mil metros quadrados em New Cannan, uma pequena vila no estado norte-americano do Connecticut, David Neeleman não se cansa de preparar novos voos. O sossego, nesta localidade de casas senhoriais e frondosos jardins, contrasta com a mente irrequieta de David e as viagens constantes para São Paulo, no Brasil. Lisboa deverá passar a fazer parte do roteiro, assim que assumir o controlo da portuguesa TAP, a partir de 24 de junho, dia em que assina com o Governo o contrato promessa de compra e venda.

O empresário americano, nascido no Brasil há 55 anos, não dorme mais do que quatro a cinco horas por noite e é raro conseguir manter-se focado no mesmo assunto por muito tempo. Os médicos diagnosticaram-lhe um défice de atenção, acompanhado de hiperatividade, mas David recusa-se a ser medicado. Tem medo de ficar parado e de perder a criatividade. Durante uma palestra, em Harvard, perguntaram-lhe porque não tratava o seu problema, ao que ele respondeu: "Se fizesse isso, ficaria igual a vocês."

Quem o conhece de perto diz que faz lembrar um foguete. É incapaz de permanecer quieto e é precisamente esta mente desassossegada e criativa que faz dele um dos empresários da aviação mais arrojados dos tempos modernos. Para fintar a sua tendência para a distração, usa mais do que um relógio, onde aciona os alarmes que o recordam das tarefas. "É difícil tratar das coisas mundanas da vida. Para mim é mais fácil planear uma frota de 20 aviões do que pagar a conta da luz", desabafou à revista New York.

Sendo um dos mórmons mais ricos do mundo, com uma fortuna avaliada em 280 milhões de euros, segundo a publicação financeira 4-traders, é difícil não classificar David Neeleman como um homem de sucesso. A sua história profissional, no entanto, está pontuada por fracassos. Houve um, sobretudo, que o marcou. Quando foi despedido da gigante norte-americana da aviação, Southwest Airlines, em 1993 o negócio dos ares parece ter-se transformado numa obsessão maior - David acredita que ainda tem algo para provar, em particular à Southwest, por quem mantém uma profunda admiração.

A fortuna que acumulou ao longo dos anos é mais do que suficiente para deixar de trabalhar, mas a ambição e o gosto pela competição levam-no a querer chegar mais longe. Tem criado algumas das companhias mais inovadoras de aviação, no segmento do baixo custo, e está longe de parar. Obcecado por contas e pelo controlo de custos, está sempre de olho aberto para novos negócios, através das ligações a outros investidores mórmons, que lhe têm dado a mão sempre que precisa.Nos tempos em que batizava os brasileiros

David conduz os negócios de acordo com os princípios da religião mórmon. A igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias entrou na família Neeleman com a geração do bisavô, um holandês que se converteu à religião e se mudou para Salt Lake City, no estado norte-americano do Utah, em 1907, onde se encontra a maior comunidade mórmon do mundo. John, o avô de David, destacou-se com uma pequena mercearia que funcionava 24 horas por dia e, sempre que um cliente pedia algo que ele não tivesse, o filho Gary saía a correr, à procura desse produto, nas lojas vizinhas, enquanto os clientes eram brindados com chá e bolinhos. Anos mais tarde, seria a vez do pequeno David ajudar o avô, nos intervalos da escola primária.

A ligação de David ao Brasil surge através do pai, jornalista, e também da igreja. Cumprindo um ritual de iniciação à vida adulta, Gary, o pai de David, foi enviado para São Paulo, aos 19 anos, como missionário. Casou-se pouco depois de regressar aos EUA e, quando concluiu a faculdade mórmon do Utah, foi indicado para gerir a delegação da United Press International, em São Paulo, por um ex-correspondente no Rio, também ele membro da igreja.

David é o segundo filho de Gary e Rose e o primeiro a nascer em terras brasileiras. O pai decidiu registá-lo na conservatória de São Paulo e, depois, no consulado americano, abrindo portas à dupla nacionalidade. O casal teve sete filhos e, quando David completou os seis anos, a família regressou a Sandy, uma cidade na região de Salt Lake City.

Desde os tempos do infantário que os estudos foram um dos maiores desafios para David Neeleman. Os professores queixavam-se de que ele estava sempre distraído... Prestes a entrar na faculdade, desesperava para conseguir ler e escrever corretamente. Com exceção da Bíblia, conta que apenas conseguiu ler um livro até ao fim - tinha por título Momentos de Verdade e fora escrito pelo ex-presidente da Scandinavian Airlines, sendo ainda hoje uma referência para David, na forma de pensar uma companhia: com rotas curtas, ligações diretas e aviões sempre novos para evitar manutenções constantes.

Aos 19 anos, interrompe o curso de contabilidade, na Universidade do Utah, para cumprir o ritual de sair do país em missão, e vai para o Brasil. Um ano antes, tinha passado por um intenso treino, que incluiu o ensino do português e a preparação para as tarefas domésticas. Hoje, fala um português perfeito, ainda que mantenha o sotaque norte-americano.

Durante a missão no Brasil, vive em Paraíba e em Pernambuco, batizando mais de 200 brasileiros, e contactando, pela primeira vez, com a dura realidade da pobreza. Conta que foi a experiência que mais o marcou e que mudou a sua forma de ver a vida, depois de ter crescido em São Paulo, num meio privilegiado. Assegura que detesta pessoas snobes e, na JetBlue, chegou a recusar um candidato a uma vaga de emprego porque este não foi capaz de enunciar um exemplo em que tivesse ajudado alguém.O patrão que faz limpezas

Ao fim de um ano no Brasil, regressa a casa e, 49 dias depois, casa-se com Vicky, a mulher por quem se tinha apaixonado três verões antes. Abandona o curso de contabilidade para abrir uma agência de viagens, a IFS, que transporta turistas do Utah para Honolulu, no Havai. É aqui que conhece o primeiro desaire: quando a principal companhia aérea vai à falência, ele entra em bancarrota. Nessa altura, um amigo da igreja dá-lhe a mão e convida-o para ir trabalhar na sua agência de viagens, a Morris Travel. O negócio prospera e, nove anos depois, o dono da agência desafia David a transformar a empresa numa ambiciosa companhia com voos charter, para assegurar as ligações para o Havai.

Passam apenas 12 meses até que a gigante norte-americana Southwest Airlines compra a Morris Air por 114,8 milhões de euros. Em troca, David fica com ações da Southwest e mantém um lugar na gestão. Alguns meses depois, é despedido. "Não queriam uma pessoa como eu, dizendo o que deveria ser feito a toda a hora", justifica. Tem 34 anos quando se vê com 22,2 milhões de euros no bolso, mas está proibido de criar negócios concorrentes nos EUA, durante cinco anos. É assim que nasce a WestJet Airlines, no Canadá. Uma pequena companhia charter, que ainda hoje voa e distribui lucros.

O empresário que, na infância, matava o tempo a ver os aviões a aterrar e a descolar, numa pequena pista privada em Sandy, vive obcecado em criar uma companhia com a dimensão da Southwest. No final dos anos 90, Joel Peterson, um milionário mórmon e gestor de um fundo de investimento com o seu nome, entra com o capital para a JetBlue. É o início de uma parceria e amizade que ainda hoje se mantém, com David a fazer parte da direção do fundo e Joel com uma participação no capital da Azul.

A JetBlue marca uma nova era na aviação de baixo custo norte-americana, com aviões novos, sistema wifi a bordo e televisão em cada cadeira. Logo na primeira semana a voar, consegue vender um milhão de bilhetes. O call center é, então, assegurado por 800 mulheres que trabalham a partir das suas casas em Salt Lake City e perto de 40% das vendas são realizadas online, permitindo à empresa poupar milhões.

Enquanto lidera a companhia, David inventa o bilhete eletrónico e desenvolve um inovador sistema de reservas. Cria a Universidade JetBlue, para ensinar a cultura da empresa. Discursa frequentemente com a Bíblia na mão, citando a figura de Job, que perdeu riqueza, família, amigos e saúde e ainda assim se manteve otimista, suportado pela fé.

Com uma fortuna considerável, David doa os 178 mil euros que ganha por ano, na companhia, a um fundo de emergência destinado a apoiar os funcionários. Estes dispõem ainda de condições especiais para comprarem ações da empresa e recebem parte dos lucros. É frequente aparecer a servir snacks a bordo e, no fim da viagem, ajuda a limpar o avião. "Se os funcionários vêem o presidente a servir snacks e a etiquetar a bagagem, sentem-se bem e vão dar algo mais à empresa", diz em entrevista à revista Época Negócios. "Boas pessoas tratam bem os clientes", defende.Um fracasso americano

Com um ambicioso plano de expansão, Neeleman prepara a entrada da JetBlue na bolsa, de forma a angariar capital. Faltam poucos dias para a sessão quando ocorrem os atentados do 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque. O empresário cancela a operação e, preocupado em recuperar a confiança dos passageiros na aviação, luta para transformar a JetBlue na primeira transportadora a ter autorização para voar com portas do cockpit à prova de bala e câmaras de segurança no avião. Em 2002, volta à bolsa, desta vez conseguindo faturar 178 milhões de euros por 6,7 milhões de ações da empresa. David fica com 5% das ações.

O percurso de sucesso da companhia é interrompido em 2007, quando, a 14 de fevereiro, uma tempestade de neve bloqueia o aeroporto nova-iorquino JFK. Enquanto as outras companhias suspendem os voos, um avião da JetBlue tenta descolar, mas fica paralisado na pista, durante 11 horas, com uma centena de passageiros a bordo. A empresa enfrenta então mais de mil cancelamentos num só dia e, apesar dos pedidos de desculpa públicos e da criação de um sistema de compensações aos passageiros, David demite-se uns meses depois, dando lugar ao seu amigo Joel Paterson.

Com a imagem beliscada, Neeleman muda o foco para o Brasil, onde começa a preparar uma nova JetBlue. Analisa o mercado brasileiro, define um plano de voo e começa a identificar potenciais investidores. Apenas um ano depois do fracasso nos EUA, David estava a lançar uma companhia de baixo custo diferente do modelo a que os brasileiros estavam habituados.

Leva o irmão mais novo, Mark, para trabalhar consigo. "Somos muito parecidos porque ambos gostamos de ser o capitão do nosso barco. Sou o único irmão que trabalhou com ele", conta Mark à VISÃO. O benjamin dos Neeleman fala de David como sendo um "génio" da aviação, grande conhecedor do mercado. "Sem dúvida, tem as ideias e a capacidade de inovação necessárias para que TAP tenha muito sucesso", argumenta.

Já David diz que humanizou o transporte aéreo. "Dou aos clientes tudo aquilo que eles procuram: passagens baratas, aeronaves novas, atendimento diferenciado e entretenimento a bordo", elogia-se. Não tem lugar no parque de estacionamento da empresa e voa na Azul pelo menos uma vez por semana, anunciando aos microfones do avião que vai a bordo e cumprimentando os passageiros. É visto como uma pessoa bem-disposta, ainda que agressivo na forma de negociar. Na JetBlue, os funcionários não estavam sindicalizados. David defende que "os sindicatos são necessários para empresas mal administradas ou mal-intencionadas e a JetBlue não se inclui em nenhuma delas".

Gosta de fazer esqui na estação de Park City, no Utah, onde moram os pais e alguns dos seis irmãos e 23 sobrinhos. Aos domingos desliga o telefone para estar com a mulher e os nove filhos, com idades entre os 5 e os 23 anos, e frequentar a igreja. Não bebe café, não fuma e não consome álcool, mantendo uma forte dedicação à família e ao trabalho.

A igreja a que pertence tem um património estimado de 35,6 mil milhões de euros, alimentada pela entrega do dízimo (10%) do rendimento dos fiéis. Com mais de 14,4 milhões de seguidores em todo o mundo, arrecada o equivalente a 7 mil milhões de euros por ano. Em 2012, voltou a estar no centro das atenções dos norte-americanos, quando o candidato mórmon Mitt Rommey disputou as eleições presidenciais. Nessa altura, David apoiou-o publicamente.A dança dos assessores

No Brasil, falhou por três vezes a entrada da Azul em bolsa e, nas contas que vieram a público, apenas se regista um ano com lucros. Em 2010, os prejuízos foram de 49,3 milhões de euros, aumentaram para 56,1 milhões em 2011 e para 77,8 milhões em 2012, de acordo com a CAPA - Centre for Aviation. Em 2013, a empresa obteve lucros de 7,5 milhões de euros mas, em 2014, e só nos primeiros nove meses, os prejuízos dispararam 213% para os €21,3 milhões. A necessidade de encontrar liquidez foi, aliás, um dos argumentos utilizados no prospecto de lançamento da operação bolsista já em maio deste ano. Mas a mesma acabou por ser cancelada no início de junho, com o pretexto do negócio da TAP.

Há dois anos que Neeleman andava a rondar a sua "dama portuguesa". Numa primeira fase, veio a Portugal por causa do negócio da manutenção no Brasil. Depois começou a perceber que a TAP fazia sentido no grupo em que se inseria. Por isso, quando se começou a mexer e a convencer parceiros, já levava a lição estudada.

Foi assim que se apresentou, em Portugal, ciente dos pontos fortes da empresa e dos seus aspetos mais críticos. Aparecia nas negociações sem papéis nem discursos preparados. E apresentava-se sabendo o que queria, ao que vinha e com o caso estudado ao pormenor. Se dúvidas tivesse, tinha vários assessores, que sentava de acordo com uma lógica muito própria. Várias vezes, foram vistos assessores a levantarem-se e a mudarem de lugar, a seu pedido. Queria A ao seu lado direito e B ao seu lado esquerdo, C à segunda direita e assim por diante. Perante um obstáculo, um ponto mais prejudicial para o negócio, se a explicação fosse consistente, acatava, dizendo "Vamos ter de viver com isto." ?A equipa podia argumentar, mas a voz de comando tinha falado, a ordem estava dada.

Disse muitas vezes, ao longo do processo negocial, "quero muito a TAP, mas está difícil". O que prometeu, garante fonte que acompanhou o processo, foi o que conseguiu cumprir.

Tal como o seu sócio português, Humberto Pedrosa, gosta de competir mas para ganhar. Será a quinta companhia aérea do seu portefólio, a primeira onde entra sem ter feito parte da sua fundação. Um novo desafio para o gestor que não gosta de dormir.David Neeleman
55 anos
Fortuna pessoal avaliada em 280 milhões de euros, é um dos mórmons mais ricos do mundo
Detém 68% do capital da Azul e 5% da JetBlue2000
Acionista da companhia Southwest Airlines
Detém uma posição na empresa de vigilância VigAzul
Tem negócios no Brasil, EUA e, agora, em Portugal
Detém a terceira maior companhia aérea do Brasil
É diretor de uma empresa de jatos privados, a Jetsuite, Inc e da The Partnership for New York City, uma organização não governamental composta por um grupo restrito de 300 presidentes de companhias nova-iorquinas
É consultor do fundo de investimento Peterson Partners
Cofundador de uma organização não governamental, a The More Good Foundation, que gere 300 sites de divulgação da doutrina mórmonHumberto Pedrosa
67 anos
É o 15.º homem mais rico de Portugal, com uma fortuna avaliada em 301 milhões de euros
Gere um grupo com 5 400 trabalhadores, 34 empresas e que faturou 370 milhões de euros em 2014
Há dois anos foi condecorado como comendador
Tem negócios em Portugal, Espanha e Brasil
É um dos maiores transportadores rodoviários da Península Ibérica
É candidato à concessão da Carris e do Metro
Atua na área dos transportes rodoviários, ferroviários e de carga. Detém uma das maiores empresas de transportes especiais
Encontro milionário

David e Humberto partilham a mesma ambição. Juntos preparam-se para comandar o maior grupo aéreo português

Foi no histórico restaurante do hotel Sheraton, no centro de Lisboa, que David Neeleman e Humberto Pedrosa se cruzaram pela primeira vez. O encontro foi sugerido, ao dono da Barraqueiro, por um gestor do Barclays, uma vez que Neeleman procurava um parceiro português para concorrer à compra da TAP. "Gostei logo dele. O David vinha acompanhado da sua equipa e rapidamente percebi que eles conheciam o negócio da aviação", recorda Humberto Pedrosa à VISÃO. Com negócios no Brasil, o dono da Barraqueiro conhecia a história da Azul, embora nunca tivesse voado na companhia. Há quatro meses, antes deste encontro, o milionário dos transportes rodoviários nem sonhava com o negócio da aviação. Naquela noite, no Sheraton, Pedrosa vislumbrou uma nova oportunidade. Mas teve muitas dúvidas, com o "monstro" da dívida da TAP a pairar. Ao terceiro encontro com Neeleman, estava rendido. "Acreditei no plano desenhado pelo David e acho que podemos ser ?uma mais-valia para a TAP", garante. Embora o português seja o sócio maioritário ?do consórcio Gateway, quem liderou os trabalhos, durante as negociações ?com o Governo, foi David Neeleman.
Porquê a TAP?


Com a compra da TAP, a Azul fecha o triângulo América do Sul, EUA e Europa, ficando com uma forte presença em três dos maiores mercados de aviação internacional. A TAP é, atualmente, o maior transportador de europeus para o Brasil. Com esta ligação, a Azul irá captar todos os passageiros que queiram fazer voos internos. Mas não só. A companhia aérea de Neeleman quer também abrir rotas para outros países da América Latina, passando a concorrer diretamente com as grandes companhias aéreas dessas latitudes, passando a oferecer, com escala no Brasil, uma porta de entrada na Europa, através da TAP. O mesmo acontecerá com a Jetblue, nos EUA, empresa com fortes ligações a Neeleman. Esta companhia passará a captar, para os voos internos norte-americanos, os passageiros oriundos da Europa, bem como os provenientes da America Latina. Por sua vez, a TAP captará os passageiros da Azul, para os transportar para outros destinos europeus, fazendo escala em Lisboa. P.M.S.





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