Sobre o pensamento de ESPINOSA(1632-1677), in filosofiasdodiaadia. blogspot.pt:
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"Foi na monumental obra “Ética”, que Spinoza expõe sua ontologia, trata da natureza da natureza das paixões, formula sua moral e sua teoria da liberdade. O filósofo apresenta a “Ética” numa seqüência rigorosa de teoremas que se encadeiam a partir de definições e de axiomas.
Valendo-se do método cartesiano, Spinoza faz a estrutura do real corresponder a um ordenamento semelhante ao que se expressa na Matemática e que, assim sendo, é possível explica-la de acordo com o método de demonstração usado na Geometria.
Porém, divergia de Descartes, que partia do homem para chegar ao conhecimento de Deus. Spinoza partia de Deus para chegar ao homem.
De forma independente, Spinoza se opõe ao pensamento de Descartes, empregando os mesmos postulados cartesianos para refletir sobre as contradições que ele atribuía e considerava inerentes ao sistema do pensador francês.
Spinoza combateu, especialmente, o dualismo substancial cartesiano entre corpo e alma, assim como a idéia de um Deus transcendente.
O Deus de Spinoza não separável do mundo, mas coincide com ele. Esta conclusão estabeleceu a ruptura do filósofo com a tradição judaico-cristã, que concebe Deus como um ente criador e preexistente ao mundo, um ser distinto do mundo.
Partindo da definição clássica de “substância” como aquilo que não precisa de nada para existir, Spinoza à maneira cartesiana, chega a conclusão que: Deus é a própria substância e é único. Se a substância é única, nada se admite que esteja fora dela e, por isso, tudo compreende. Logo, deus é a Natureza! Deus e a Natureza são a mesma coisa!
E o homem, como Spinoza pensa o homem? O homem é, para Spinoza, apenas um fragmento da Natureza. È um modo finito da substância infinita!
Para encerrar, valho-me das belas palavras do filósofo Bergson sobre Spinoza:
“Estava reservado a Spinoza mostrar que o conhecimento interior da verdade coincide com o ato intemporal pelo qual a verdade se coloca, além de fazer-nos sentir e experimentar nossa eternidade. Nós nos tornamos novamente spinozistas, numa certa medida, toda vez que relemos a “Ética”, porque temos a clara impressão de que essa é exatamente a atitude em que o filósofo realmente respira. Nesse sentido, poderíamos dizer que todo filósofo possui duas filosofias, a sua e a de Spinoza.”
Quando estudamos os antigos gregos, percebemos uma coerência entre o que se falava e o que se fazia. Havia uma total preocupação em ter um modo de vida semelhante e condizente com os ideais doutrinários que se defendia. Essa era a melhor e mais significativa prova de credibilidade para um pensador e mestre.
Spinoza seguiu esse ensinamento à risca: sua vida foi plenamente consoante com sua metafísica. Os contemporâneos do filósofo o consideravam pacífico, tranqüilo e sereno. Spinoza pregava que quando o homem se libertasse das paixões e buscasse o conhecimento verdadeiro delas poderia atingir a paz, a tranqüilidade e a serenidade.
O filósofo Spinoza não se vinculou a nenhuma religião ou instituição acadêmicas para não comprometer a sua liberdade de expressão e de pensamento.
O conhecimento racional é o único meio de nos salvar da ignorância e nos permitir o gozo da felicidade que se confunde com o Ser em sua plenitude.
Enfim, estudar o filósofo Spinoza foi conhecer a importância que existe em conservar a liberdade de pensamento e que o homem, verdadeiramente livre, é aquele que conhece pela razão a necessidade das coisas e age de acordo com essa necessidade.
Para finalizar, uma linda reflexão de Spinoza na “Ética”, V, escólio XVIII:
“Na medida em que compreendemos as causa da tristeza, ela deixa de ser uma paixão, isto é, ela deixa de ser tristeza; e, conseqüentemente, na medida em que compreendemos que Deus é a causa da tristeza, experimentamos alegria.”
Salete Micchelini
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