sábado, 13 de julho de 2013

NEO-REALISMO:ARTIGO PUBLICADO NA NET, de acordo com a identificação.









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O NEO-REALISMO: MANUEL da FONSECA


"NEO-REALISMO

Movimento literário que, assentado num compromisso político-social, uniu, na década de 40, uma geração de escritores que fizeram parte, entre outros, Alves Redol, Manuel da Fonseca, Afonso Ribeiro, Joaquim Namorado, Mário Dionísio, Vergílio Ferreira, Fernando Namora, Mário Braga, Soeiro Pereira Gomes ou Carlos de Oliveira. O Neo-Realismo encontrou como elemento de divulgação de seus ideais literários e políticos, principalmente a revista Sol Nascente e o jornal O Diabo. Opunham-se decididamente contra os intelectuais da revista Presença, que, segundo eles, encontravam-se fechados numa espécie de egotismo e esteticismo estéreis.

Formado no pensamento marxista, defendiam as concepções do materialismo dialético e rejeitavam a concepção inócua do socialismo utópico de que fora imbuído o romance realista oitocentista. Baseavam-se no romance norte-americano de Steinbeck, Caldwell ou Hemingway, e no romance brasileiro nordestino dos anos 30. Faziam, portanto, uma literatura de denúncia social e de intenção pedagógica, marcada pelo forte anseio de atingir a transformação histórica. É considerado marco inicial do movimento o livro de Alves Redol, Gaibéus, que é de 1940. Na poesia, surgiu a coletânea Novo Cancioneiro, publicada entre 1941 e 1942.

Manuel da Fonseca contribuiu com o Neo-Realismo tanto com textos em prosa com em poesia. Os poemas de Rosa dos Ventos, de 1940, os contos de Aldeia Nova, de 1942, e o romance Cerromaior, de 1943, são significativos para a consolidação do movimento em Portugal.

Manuel da Fonseca, mais tarde, saindo do Alentejo, deixa o espaço mítico, sobre o qual versam Cerromaior, Aldeia Nova e O Fogo e as Cinzas, e parte para a cidade grande, para descobrir novos caminhos literários. É quando produz Um Anjo no Trapézio, de 1968. Neste texto, segundo a crítica, o autor renova a sua arte de contar. Abandona os ambientes das pequenas praças, das feiras, das tabernas, povoadas de gente simples, mas que viviam com a dignidade, para se preocupar com aquela gente que vive nos becos e na imundície da cidade grande.

Aqui se inclui um fragmento do conto O Largo, com o qual Manuel da Fonseca inicia o livro O Fogo e as Cinzas, de 1951. O texto está impregnado de saudosismo e de linguagem poética:

Antigamente, o Largo era o centro do mundo. Hoje é apenas um cruzamento de estradas, com casas em volta e uma rua que sobe para a Vila. O vento dá nas faias e a ramaria farfalha num suave gemido; o pó redemoinha e cai sobre o chão deserto. Ninguém. A vida mudou-se para o outro lado da Vila.


Jayme Ferreira Bueno* é professor de Literatura Portuguesa e publicou Távola Redonda: uma experiência lírica, que resultou da tese de doutorado em Letras na Universidade de São Paulo.

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