IN MEMORIAM
Bernardo Sassetti
Mar ciumento de um deus exímio-a-cantar-a-vida…
Um espírito a amar a inspiração que saltava, em gotas frias,
das ondas desse mar que tuas mãos aqueciam…
Hora trágica… Hora, há muito marcada
no livro-da-Vida, de quem, como tu,a não esperava…
E eis que um piano, sem bóia de salvação escorreu pela falésia
e se perdeu nesse mar,
que não se cansa de levar teclas brancas e negras,
que falam da beleza, do amor, da harmonia da vida-a-jorrar…
( Será tua a sombra daquele barco a passar, Lá-Longe,
cantando o lamento da Hora em que te-foste- perdendo?)
Era tão cedo, Bernardo!
Hoje, os velhos marinheiros teus antepassados, são quem chora,
com emoção, lágrimas de dor, sobre o teu piano
a-entoar- o- nosso-
-triste- Fado-Canção.
Berço-mar-frio…profundo, negro, vazio.
Vazios, nós também…
Sabemos que, para sempre, entoarás
a melodia que nos chega do fundo desse mundo-morte,
até que nos encontremos um Dia…
na Hora…
no Segundo do Tempo
que a tremenda e feroz Hora determinar.
Maria Elisa Ribeiro
FEV/016
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