terça-feira, 8 de novembro de 2022

POEMA

 

 






A NOITE CHAMA-TE DE DENTRO DE MIM

 

 

 

Não posso adormecer

Nesta madrugada que respira o rumor do teu silêncio

Numa febre que, de tão antiga, me queima a alma.

Os seres astrais não respondem e escondem o seu calor

no intervalo da dicotomia antitética quente-frio.

Dormem os seres mágicos do bosque.

Sabem que aqui estamos, cheiram o ar que exalamos,

e vivem o nosso dia.

Tu, na tua doce alegria!

Eu, na minha triste melancolia!

 

 

Nas montanhas dispersa-se o tempo e o espaço,

 enquanto as estrelas saltitam,

para dar lugar a todos os astros

que escondem o sofrimento

 de não estares aqui.

 

Eu não adormeço... mas a noite chama-te. Eu ouço-a

quando ela chama por ti, de dentro de mim,

 enquanto uma qualquer estrela está pronta a morrer por nós.

Se chegares, sabê-lo-ei no instante em que se libertar o aroma do nosso sonho,

na ternura das nossas mãos enlaçadas.

 

Será o aroma do nosso sangue

 a viver naquela rubra rosa

que o orvalho esconde e depois desnuda?

 

 

©Maria Elisa Ribeiro

Junho/2022

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