MEU-LUAR-DE-MIM
Em meu luar me adormeço,
Cansada da estrada percorrida
num temporal-não-acontecido,
neste PRESENTE que não é mais
que um FUTURO exposto,
____________________________________mas escondido.
É tão sentido o que vos deixo escrito, que me doem
os olhos sofridos e magoados.
O silêncio do corpo dos astros treme-me nas mãos.
E o vento louco do louco temporal,
embora não acontecido
geme-me na boca ,cheiinha de maresia.
A tristeza rumorejante das águas das nuvens,
sinto-a ,em gotas,a escorrer-me pela fronte .
A terra tem os olhos fixos nos campos esverdeados
e nas sementeiras de trigo quase dourado,
acarinhado pelas flores coloridas dos verdes espaços
hoje quase a parir grão,
que nos chegará à mesa, em forma de inigualável pão.
As rubras papoilas acordam ao som do velho e distante mar...
...levantam-se a sorrir aos verdes-azuis-cor-das-ondas
que só do meio da seara podem saudar.
Mais longe,
as ondas oceânicas bramem
contra as rochas
cobertas de musgo ferido
em velhos tempos de perigo.
Sentem-se proscritas, exiladas, sós,
sem saberem em que outra ilha perdida
irão encontrar abrigo
no escuro da noite.
Ao-luar-de-mim-mesma me adormeço,
cansada do cansaço que me reconheço.
Todos os dias, porém, a Esperança me faz deixar a porta entreaberta
à espera,
- é evidente-,
do teu sorriso manso...
OUT/020
Maria Elisa Ribeiro
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