quinta-feira, 12 de agosto de 2021

poema a Pessoa

 









A FERNANDO PESSOA

…um sossego , desassossegado.
…um sentir-verdade-a-fingir.
…um entristecer alegre nas dobras de um cigarro aceso,
embriagado de Viver.
…um sorrir-chorando-dentro,
com o intento de mentir.
…uma nostalgia cansada de Tudo-e-de-Nada
a morrer em areias do deserto
ensopadas de ilusões, de intentos malogrados.
Um pinhal respira ondas de um mar luso
em subtis camadas de espuma-de-sonhos-feito,
ainda nítidos…depois de desfeitos…
Ânsias navegadoras
no dorso das madrugadas de Outrora,
foram nos madeiros-do-mito, largando por aí fora,
na demanda de um Além que existiria, talvez,
num quinto império português.
…um disfarce na fuga da realidade dos delírios humanos para o Sonho!
…uma angústia abúlica, cansada,
em equilíbrio instável da mente
que passeia na utopia de qualquer realidade.
…um ideal da imensa caricatura do tédio existencial
a passear ao luar do sonambulismo, de uma estrada obscura.
Um horóscopo da terra nacional a não-pensar-o-ouvir-se,
na instabilidade-de-SER!
Histericamente-histérico-de-si,
eis PESSOA, bruma de um mar azul constante,
distante deste povo-a-procurar-a-Hora-de-poder-SER,
numa caminhada passada, que não volta a Acontecer!
…um “sentir-sinta-quem-lê”…
…um sol em permanente nascer
escondendo a face perturbada de encanto, a estremecer…
…um escrever longe -do-que-é, não deixando de-o-SER…
…um andaime a oscilar
ao som do sino da aldeia,
sentindo o sangue vibrar
na força de melopeia…
Maria Elisa Ribeiro
JLH/ 013

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