terça-feira, 31 de agosto de 2021

 






FELIZMENTE

 

 

Felizmente,

As horas prolongam-se

Pela poesia,

Que promete não acabar.

Felizmente,

Que a poesia

Permite que o corpo

Do poema

                                 se confunda com o corpo amado.

 

Nada há que se compare à relação do poeta

Com o corpo vivo que o interpela...

 

Meu corpo-poema! Meu poema-amante!

 

Meu estilo -feito-astros

                                           Pedras preciosas

                                                                Tecidos roçagantes pelas orlas da Hora...

 

                                                                 Cascata de belos sons...

                                        De esteiras,de cordas de estrelas

                       De corpos astrais e cometas astrais

De luzes de luar que encontro-no-seu-lugar-mesmo -quando-me-desloco!!!!!!!!!!!!!

 

 

Felizmente,

Escrevo como forma de sentir a medida do Tempo,

                                                                                         Na Hora cujo lugar nunca lhe desaparecerá...

 

 

 

©Maria Elisa Ribeiro

Abl/021

 

domingo, 29 de agosto de 2021

POEMA

 Poema:

SONS-DE-POESIA
Ligeira brisa agitava as cortinas, quando as afastei para o lado
para ver as estrelas, que brilhavam pelo céu azul gelado.
O rio desenhava, através do vale, uma vasta curva de prata líquida,
………………………tranquila e serpenteante, que, no Outono se tingia,
……………………. à hora crepuscular, de cor-açafrão-Oriente.
Da língua de areia, molhada de neblina,
………………………viam-se mastros de embarcações
………………………a elevarem-se para o céu opalescente.
Cheirava à maresia da infância,
……………………..esse odor de transparência que eu sabia
………….. viver nas minhas adormecidas canções.
A recorrente memória permite-me visões sublimes
…………………….que dão repouso à alma com que as senti vibrar
…………..neste corpo de menina, agora feito mulher.
A vida soa a silvas do vale, a pinheiros com resina,
a amoras rubras, silvestres, escondidas no matagal.
Soa a águas rumorejantes a sussurrarem por baixo da ponte
onde, amiúde, vi o céu chegar e mandar-me para o conchego
das cortinas do velho lar.
Tantas foram as vezes que a atravessei, que ‘inda hoje
lá estão marcados os pés, na dureza da velha madeira
que continua a ligar as margens.
Tudo era o fim do princípio que a vida-passou-a-ser…
…imensa e magnífica catedral que fui vendo, sem-a-entender…
Dizem que são os anjos quem sobe escadas de salvação
……………………….quando levam os homens , pela mão…
Eu subia e descia pelos meditativos atalhos do vale
………………………e , sem querer, fazia a minha peregrinação.
Calcava velhas folhas mortas de solidão,
cantando sempre o trepar das rosas pelas barreiras musgosas,
onde se instalava o odor roxo das violetas no teu olhar,
que as árvores cobriam de mistério crepuscular.
As neblinas desciam cantando para lençóis de algodão puro, entre a terra e o céu/
A poesia vinha iluminar os fantasmas do Eu-a-querer-Ser, com uma linguagem de engrandecer as sonatas do meu viver/ E quando vejo os plátanos a reverdecer, confio no som da clara madrugada onde te vou encontrar, mesmo que a teimosa chuva teime em me não deixar ouvir./
Que me resta, se perco a esperança de te ouvir, perdido na concha do poema que tenho nas minhas mãos, a surgir?
Maria Elisa Ribeiro_ Portugal
ABRIL/014
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sábado, 28 de agosto de 2021

POEMA: BALLET







 POEMA

BALLET…
Meu tempo são as palavras com que fui-vivendo
os tempos-doutro-tempo, dançando em bicos-de-pés
no sopro musical do vento.
Nelas, perdura a infância…sonhos, angústias e alegrias
desse bailado dos tempos…
Outrora, passavam lentos, e eu podia ver primaveras a florir
e outonos a brincar “ao despir-das-árvores”…
Dava, até, para subir as encostas das montanhas
e apanhar loiros pinhões, ao lado de gordas castanhas.
(O tempo dava para tudo.)
Com ele, apanhava amoras escondidas nos silvados, e via ninhos tecidos
de doce baba bordados.
_________________Tudo cabia nas palavras, que a boca soprava aos dedos,
_________________que deslizavam pelo branco de uma folha irreal
_________________tal bailarina a rodopiar em frágil palco de papel.
Meus dedos colhiam flores, feno, trigo e papoulas rubras
no meio de extensas searas ondulantes,
e eu aglomerava essas riquezas em sílabas
que se tornavam versos,
a bailarem em instantes da escrita.
________________e as palavras tornam-se o ballet que danço
_______________ em linhas do meu palco-escrivaninha,
_______________ sem outras máscaras, que não as da música dos lexemas
_______________a formarem verdades minhas.
Maria Elisa Ribeiro/2014

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

SAUDAÇÃO

 Boa tarde, meus amigos, com foto de Pinterest!

Pode ser uma imagem de natureza

quinta-feira, 26 de agosto de 2021









 GOTAS POÉTICAS

…salpicos
de horas
que choram
minutos vivos...
…emoções de canções
que dormem
alegres seduções....
…máscaras
que enchem
o peito
de saudades
do mar intranquilo...
…pálida distância
percorre o espaço
entre o real e irreal
de MIM...
aromas
de corpos
a escorrer gotas
de suor
no sol das manhãs
enevoadas de amor...
quando chegares feito palavra
o mundo vai florescer
e desvendar a verdade do nosso ser...
Maria Elisa Ribeiro - 2012- Foto Google

Texto do nosso Vergílio Ferreira

 





A Verdade é Amor

A verdade é amor — escrevi um dia. Porque toda a relação com o mundo se funda na sensibilidade, como se aprendeu na infância e não mais se pôde esquecer. É esse equilíbrio interno que diz ao pintor que tal azul ou vermelho estão certos na composição de um quadro. É o mesmo equilíbrio indizível que ao filósofo impõe a verdade para a sua filosofia. Porque a filosofia é um excesso da arte. Ela acrescenta em razões ou explicações o que lhe impôs esse equilíbrio, resolvido noutros num poema, num quadro ou noutra forma de se ser artista. Assim o que exprime o nosso equilíbrio interior, gerado no impensável ou impensado de nós, é um sentimento estético, um modo de sermos em sensibilidade, antes de o sermos em. razão ou mesmo em inteligência. Porque só se entende o que se entende connosco, ou seja, como no amor, quando se está «feito um para o outro». Só entra em harmonia connosco o que o nosso equilíbrio consente. E só o consente, se o amar. Porque mesmo a verdade dos outros — a política, por exemplo — se temos improvavelmente de a reconhecer, reconhecemo-la talvez no ódio, que é a outra face do amor e se organiza ainda na sensibilidade.

Vergílio Ferreira, in "Pensar"

domingo, 22 de agosto de 2021

De Ramalho Ortigão

 O Pensamento de Ramalho Ortigão, in O Pensador(NET):

Grandes Homens Forjam-se a si Próprios
Para conhecer a realidade do mundo, único fim sério da ciência, é preciso entrar no combate da vida como entravam na liça os paladinos bastardos - sem pai e sem padrinho. Os príncipes não constituem excepção a esta lei geral da formação dos homens. Da educação de gabinete, do bafo enervante dos mestres, dos camareiros e das aias, nunca sairam senão doentes e pedantes.
Na sagração dos czares há uma cerimónia de alta significação simbólica: o imperador não se confirma enquanto por três vezes não haja descido do trono e penetrado sozinho na multidão; e isto quer dizer que na convivência do povo a autoridade e o valor dos monarcas recebe uma tão sagrada unção como a da santa crisma. Todos os reis fortes se fizeram e se educaram a si mesmos nos mais rudes e mais hostis contactos da natureza e da sociedade humana.
Veja vossa alteza Carlos Magno, que só aos quarenta anos é que mandou chamar um mestre para aprender a ler. Veja Pedro o Grande, do qual a educação de câmara começou por fazer um poltrão. Aos quinze anos não se atrevia a atravessar um ribeiro. Reagiu enfim sobre si mesmo pela sua única força pessoal. Para perder o medo aos regatos, um dia, da borda de um navio, arrojou-se ao mar. Para se fazer marinheiro começou por aprender a manobrar, servindo como grumete. Para se fazer militar começou por tambor na célebre companhia dos jovens boiardos. E para reconstituir a nacionalidade russa começou por construir navios, a machado, como oficial de carpinteiro e de calafate, nos estaleiros de Sardam. Também não teve mestres, e foi consigo mesmo que ele aprendeu a lingua alemã e a lingua holandesa. Veja vossa alteza, enfim, todos aqueles que no
governo dos homens tiveram uma acção eficaz, e reconhecerá se é na lição dos mestres ou se é no livre exercicio da força e da vontade individual que se criam os carácteres verdadeiramente dominadores, como o de Cromwell, como o de Bonaparte, como o de Santo Inácio, como o de Lutero, como o de Calvino, como o de Guilherme o Taciturno, como o de Washington, como o de Lincoln.
Ramalho Ortigão, in 'As Farpas (1883)'
Pode ser uma imagem de 1 pessoa


Emma Shapplin-spente le stelle

Gerês | Cascatas Mirantes | Paisagem

Saudação


 

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

EU, de luto!

 Amigos: respeitei alguns dias pelo falecimento da minha tia-Mãe Palmira. Queria estar só com ela nestes dias. Sei que me perdoam por não vos ter feito companhia. Das causas nobres não se pede perdão, mas muitos de vós estais comigo há 10/11 anos. Uma boa tarde para todos e um fim de semana feliz, em casa ,no trabalho ou em férias!

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terça-feira, 17 de agosto de 2021





 Se passares pelo adro

No dia do meu enterro,
Dize à terra que não coma
Os anéis do meu cabelo.
Já não digo que viesses
Cobrir de rosas meu rosto,
Ou que num choro dissesses
A qualquer do teu desgosto;
Nem te lembro que beijasses
Meu corpo delgado e belo,
Mas que sempre me guardasses
Os anéis do meu cabelo.
Não me peças mais canções
Porque a cantar vou sofrendo;
Sou como as velas do altar
Que dão luz e vão morrendo.
Se a minha voz conseguisse
Dissuadir essa frieza
E a tua boca sorrisse !
Mas sóbria por natureza
Não a posso renovar
E o brilho vai-se perdendo...
- Sou como as velas do altar
Que dão luz e vão morrendo.

 





POEMA

RUMORES POÉTICOS
Estou deitada num Sonho.
Não perturbes, com o rumor dos teus passos,
este caos em que me construo.
Não acaricies minhas pálpebras molhadas,
pois por baixo delas passa a água
de todas as Imagens com que me refaço.
Meu Sonho escurece e aquece,
quando sinto o rumor do teu sangue,
como um astro lento a abrir fendas
no caos do meu pensamento.
As nuvens parecem-me vidros turvos
embaciados na linguagem do sono,
onde encontro velhas Metáforas angustiadas.
Deita-te no meu Sonho…
Apaga a luz…não digas nada…
Eu estou Lá e vou sentir-te a tocar-me os lábios…
Maria Elisa Ribeiro
OUT/015