sexta-feira, 27 de maio de 2016

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QUARTA-FEIRA, 25 DE MAIO DE 2016

O INDEFENSÁVEL AO90


Um magnífico e conciso texto da escritoraTeolinda Gersão, para reflectirmos sobre o absurdo que é defender o indefensável.
Vale a pena ler.

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Texto de Teolinda Gersão

«Os inventores do indefensável AO, (feito nas nossas costas, e com pareceres negativos de todos os linguistas, excepto o do seu "pai", Malaca Casteleiro), defendiam sobretudo que:

- simplificava a grafia, o que o tornaria bem aceite

- uniformizava a língua, em todos as suas variantes e em todos os continentes

- tornava a língua mais acessível a estrangeiros, atraindo cada vez mais falantes

- facilitava os negócios

- aproximava os países, sobretudo Portugal e o Brasil, em que as variantes da língua divergem mais.

Quase 30 anos depois, verifica-se que:

O AO levantou e continua a levantar ondas de rejeição de protesto, a maioria da população recusa-o e continua ilegalmente imposto.

- a grafia tornou-se confusa, incongruente e absurda

- as raízes latinas foram rasuradas, o que é inaceitável no caso do português europeu

- nada se uniformizou nas variantes dos vários continentes, porque são impossíveis de uniformizar

- a língua franca dos negócios continua e continuará a ser o inglês.

- Portugal e Brasil continuam, como já estavam, de costas voltadas e é sobretudo o Brasil que levanta obstáculos. Os livros portugueses chegam ao Brasil a preços exorbitantes por causa das barreiras alfandegárias (que nós não temos), enquanto as nossas livrarias acolhem os autores brasileiros a preços normais.

- a literatura brasileira é estudada nas nossas escolas e universidades, mas o Brasil retirou ou pretende retirar a literatura portuguesa dos currículos escolares.

Então este "acordo" falhado serve para quê? Já se discutiu tudo, só falta rasgá-lo.

E não nos venham dizer que Portugal depende dos outros países lusófonos para existir, e que desaparecemos como língua sem o oxigénio do acordo! Não precisamos de acordos nem de autorização para existirmos e sermos como somos, uma língua de raiz latina. As ex-colónias são países independentes, usarão a língua como entenderem, são tão donas da língua como nós - mas dentro do seu território. Não somos mais do que elas, mas também não somos menos. No nosso país mandamos nós, e é a língua que temos que vamos escrever e falar.»


publicado por Isabel A. Ferreira às 18:15

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