"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quinta-feira, 31 de julho de 2014
Bruxelas dá 26 mil milhões de euros a Portugal
Barroso: É uma "pipa de massa" e deve ser suficiente para calar quem diz mal da Europa
Portugal vai receber 26 mil milhões de euros de apoio até 2020, no âmbito de um acordo de parceria com a União Europeia. O ainda presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, diz que Portugal conseguiu mil milhões de euros adicionais pelo esforço feito na consolidação orçamental.
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Alexandre Costa |16:24 Quarta, 30 de Julho de 2014
Durão Barroso: Esta quantia deve chegar para calar "aqueles que dizem que a União Europeia não é solidária com Portugal" / Alberto Frias
Durão Barroso diz que os 26 mil milhões de euros de apoio que serão atribuídos até 2020 constituem "uma pipa de massa", que deve calar "aqueles que dizem que a União Europeia não é solidária com Portugal".
O acordo que define a estratégia para a utilização dos fundos estruturais e de investimento da União Europeia foi apresentado oficialmente esta quarta-feira em São Bento pelo ainda presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, conjuntamente com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
Barroso considerou que o acordo de parceria alcançado no passado dia 16 representa um "excelente resultado na repartição de verbas", referindo que o nosso país conseguiu obter mil milhões de euros adicionais, devido ao reconhecimento por parte da União Europeia do esforço de Portugal para a consolidação orçamental.
O apoio às pequenas e médias empresas, à investigação científica, à indústria pouco poluente e ao combate ao desemprego jovem são algumas da áreas investimento, segundo indicou o líder europeu, que precisou que mais de 320 milhões de euros serão atribuídos à iniciativa Emprego Jovem ao longo deste ano e do próximo.
"Portugal pode fazer a diferença nos próximos sete anos, que serão dedicados em especial às empresas e à competitividade da economia", afirmara antes o primeiro-ministro, Passos Coelho.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/barroso-e-uma-pipa-de-massa-e-deve-ser-suficiente-para-calar-quem-diz-mal-da-europa=f883827#ixzz392b7CR6D
POEMA (meu)-REGº
Poema
BREVES
Dantes, queria ser Outros,
para conhecer tudo o que não Era.
A tarefa foi difícil, porque penso que já fui-muitos-em-Mim…
E sinto-me, sempre,
acima de tudo, O Outro- Eu-do-meu-EU,
longe do céu, na escrita onde Me- Existo
persistindo na interrogativa da Criação,
porque a escrita é a vida revelada
no Instante da verdade do poeta.
Crescem árvores, no meu Entretanto…
Voam águias a celebrar o Encanto…
Correm águas numa eterna vibração…
Incham botões de rosa, na Hora da Celebração…
Não quero ser Outros, não…
É tão vivo o meu jardim,
que não há inferno no seu céu!
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
Julho/014
Poema de António Lobo Antunes, na voz de Kátia Guerreiro
VALSA,
poema de António Lobo Antunes, na voz de Cátia Guerreiro.
Ficámos finalmente, meu amor
Na praia dos lençois, amarrotada
O mal que venha sempre, é um mar menor
... Sorriso de vazante na almofada
Se chamo som das ondas ao rumor
Dos passos dos vizinhos, pela escada
É porque á noite, acordo de terror
De me encontrar sem ti de madrugada
Qual a côr desta noite e de que medos
São feitas essas mãos que não me dás
Ó meu amor... a noite tem segredos
Que dizem coisas que não sou capaz
Valsa by Katia Guerreiro on the best of FADO um tesouro portugues, vol 4
Do Escritor António Lobo Antunes. in Net
De Lobo Antunes (1942- ), in O Citador
"A Idealização do Amor
Eu estava a pensar na forma como se poderá entender o amor, à luz da minha formação. Da minha perspectiva, depende daquilo que o outro representa, se o outro é um prolongamento nosso, é uma parte nossa, como acontece muitas vezes, ou é uma idealização do eu de que falaria o Freud. No sentido psicanalítico poder-se-ia dizer que o amor corresponde ao eu ideal e, portanto, à procura de qualquer coisa de ideal que nós colocamos através de um mecanismo de identificação projectiva no outro.
Portanto, à luz de uma perspectiva científica, como é apesar de tudo a psicanalítica, o problema começa a pôr-se de uma forma um bocado diferente. Nesse sentido e na medida em que o objecto amado é sempre idealizado e nunca é um objectivo real, a gente, de facto, nunca se está a relacionar com pessoas reais, estamos sempre a relacionarmo-nos com pessoas ideias e com fantasmas. A gente vive, de facto, num mundo de fantasmas: os amigos são fantasmas que têm para nós determinada configuração, ou os pais, ou os filhos, etc.
(...) O amor é uma coisa que tem que tem que ver de tal forma com todo um mundo de fantasmas, com todo um mundo irreal, com todo um mundo inventado que nós carregamos connosco desde a infância, que até poderá haver, eventualmente, amor sem objecto. O amor não será, assim, necessariamente, uma luta corpo a corpo, ou uma luta corporal, mas pode ter que ver realmente com outras coisas, uma idealização, um desejo de encontrar qualquer coisa de perdido, nosso, que é normalmente isso que se passa, no amor neurótico, ou mesmo não neurótico. Quer dizer, é a procura de encontrarmos qualquer coisa que a nós nos falta e que tentamos encontrar no outro e nesse caso tem muito mais que ver connosco do que com a outra pessoa. Normalmente, isso passa-se assim e também não vejo que seja mau que, de facto, se passe assim."
António Lobo Antunes, in "Diário Popular (1979)"
"A Idealização do Amor
Eu estava a pensar na forma como se poderá entender o amor, à luz da minha formação. Da minha perspectiva, depende daquilo que o outro representa, se o outro é um prolongamento nosso, é uma parte nossa, como acontece muitas vezes, ou é uma idealização do eu de que falaria o Freud. No sentido psicanalítico poder-se-ia dizer que o amor corresponde ao eu ideal e, portanto, à procura de qualquer coisa de ideal que nós colocamos através de um mecanismo de identificação projectiva no outro.
Portanto, à luz de uma perspectiva científica, como é apesar de tudo a psicanalítica, o problema começa a pôr-se de uma forma um bocado diferente. Nesse sentido e na medida em que o objecto amado é sempre idealizado e nunca é um objectivo real, a gente, de facto, nunca se está a relacionar com pessoas reais, estamos sempre a relacionarmo-nos com pessoas ideias e com fantasmas. A gente vive, de facto, num mundo de fantasmas: os amigos são fantasmas que têm para nós determinada configuração, ou os pais, ou os filhos, etc.
(...) O amor é uma coisa que tem que tem que ver de tal forma com todo um mundo de fantasmas, com todo um mundo irreal, com todo um mundo inventado que nós carregamos connosco desde a infância, que até poderá haver, eventualmente, amor sem objecto. O amor não será, assim, necessariamente, uma luta corpo a corpo, ou uma luta corporal, mas pode ter que ver realmente com outras coisas, uma idealização, um desejo de encontrar qualquer coisa de perdido, nosso, que é normalmente isso que se passa, no amor neurótico, ou mesmo não neurótico. Quer dizer, é a procura de encontrarmos qualquer coisa que a nós nos falta e que tentamos encontrar no outro e nesse caso tem muito mais que ver connosco do que com a outra pessoa. Normalmente, isso passa-se assim e também não vejo que seja mau que, de facto, se passe assim."
António Lobo Antunes, in "Diário Popular (1979)"
Do jornalista do "EXPRESSO" Pedro Santos Guerreiro...Artigo incompleto-ver no site
A queda de um Santo, por Pedro Santos GuerreiroRicardo Salgado acaba mal e acaba só. O grande banqueiro era afinal péssimo gestor, arruinou um grupo familiar de 145 anos e saiu expulso do BES. Mas não há vazios de poder: quem dominará agora? Quem vai ser o Dono Disto Tudo? Este texto propõe uma resposta.
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Pedro Santos Guerreiro |9:34 Quinta, 24 de Julho de 2014
Hoje, Ricardo Salgado é um homem só. Poucos dos seus aliados ainda o são, muitos dos seus mais próximos já deixaram de o ser / Rui Ochôa
Talvez seja apenas um mito e Mayer Amschel Rothschild não tenha mesmo dito aquela frase no século XIX: "Deem-me o controlo do dinheiro de uma nação e pouco me importarei com quem faz as suas leis." Ficou a frase infame e a família famosa, os Rothschild, que já não são os banqueiros mais importantes da Europa mas cuja descendência prevalece.
No mesmo século XIX, uma família portuguesa de banqueiros era fundada por um órfão, a quem por isso mesmo chamaram de Espírito Santo, e que atingiu o ponto mais alto da sua influência já no século XXI. Depois - agora - os negócios faliram, num escândalo internacional de desonra. A família perde tudo. O movimento é tão poderoso que pode significar uma mudança de regime na economia portuguesa. Há uma rede de poder que desaba. Outra emergirá.
Como foi possível que um império tamanho se perdesse entre dois verões, sem invernos que anunciassem a ruína ou primaveras que a redimissem? Talvez a resposta esteja noutra pergunta: como foi possível sequer construir este império tamanho? A resposta é, agora, fácil: não foi possível. Não era um império. Era um conglomerado descapitalizado, opaco e mal gerido. A plácida cascata de ativos, que criou um sistema de minorias acionistas encadeadas que garantia o controlo familiar com pouco capital, tornou-se uma torrencial cascata de passivos.
É impressionante tudo ter acontecido debaixo dos olhos da comunidade, incluindo poderes políticos, reguladores, auditores, concorrentes. Ao contrário do BPN, que "sempre se soube", no BES nunca se soube de nada. Escrevia-se sobre a opacidade e a complexidade do grupo, mas não havia denúncias nem sequer suspeitas conhecidas. O poder do BES era imenso. E era um poder de um homem, Ricardo Salgado, 70 anos acabados de fazer. Sintomaticamente, o líder da família desde o final dos anos 80 não tinha número dois. Era costume dizer-se que o BES era como um comité central do Partido Comunista, não havia "vices", havia o líder e o resto. Era um poder total, bajulado e quase incontestado.
O poder hegemónico
A primeira vez que falei sobre o assunto foi em julho de 2009, há cinco anos, num encontro à porta fechada do Projeto Farol, que decorreu no Pavilhão de Portugal. O Farol, um think tank liberal, convidara-me para fazer uma apresentação sobre fatores de bloqueio da economia portuguesa e eu escolhi o BES. Na minha tese, o problema não era o BES ser poderoso, era ser hegemónico.
O jornalista José Manuel Fernandes estava no encontro e, mais tarde, convidou-me para escrever essa análise para o Anuário da Fundação Francisco Manuel dos Santos, onde está publicada. Dos três eixos de poder da década anterior, restava um: o BCP, muito ligado à Teixeira Duarte, Cimpor, EDP e depois à Caixa, Berardo, Fino, estava prostrado; o BPI, muito ligado a grandes empresas do Norte, incluindo o Grupo Sonae, tinha-se virado para Angola; restava o BES e a sua linha de poder com a Portugal Telecom, Ongoing, Mota-Engil, mais tarde a EDP e José Sócrates.Paulo Alexandrino/Exame Ricardo Salgado na sala de refeições da sede do BES, no último andar do edifício da Avenida da Liberdade, em Lisboa
A falta de oposição entre eixos financeiros permitira uma afirmação do BES que, juntamente com o BCP e a Caixa, lucraram muitos milhões concedendo crédito no imobiliário e nas obras públicas, onde estariam a maior parte dos grandes problemas da economia, com malparados gigantes, obras paradas a meio, transferências para fundos de reestruturação.
Nessa minha tese, estes bancos haviam "fabricado" lucros, dividendos e prémios de gestão. Os créditos, que constituíam lucro nos primeiros anos, virariam graves prejuízos no futuro. Os bancos foram sendo esventrados. No ano 2000, BES, BCP, BPI e Banif valiam em Bolsa um total de 18 mil milhões de euros. Os mesmos bancos valem hoje menos de sete mil milhões. Apesar de muitos dividendos entretanto pagos, a destruição de valor é evidente. Houve aumentos de capital em catadupa.
É hoje possível argumentar que, apesar de a intervenção externa de 2011 se ter feito por causa das contas do Estado, ela acabou por permitir uma gestão controlada e até disfarçada dos problemas enormes que estavam nos balanços dos bancos. Já foram reconhecidas nas suas contas mais de 24 mil milhões de euros de perdas reais e potenciais. E é essencial perceber isto para compreender o que se passou no Grupo Espírito Santo.
Paradoxalmente, a devastação na economia portuguesa que foi acelerada com a intervenção externa de 2011 não havia produzido até aqui nenhuma grande falência. Houve algumas construtoras de média dimensão, empresas de turismo e de imobiliário a caírem ou a serem resgatadas, mas não houve nenhuma queda abrupta de um grande grupo. Na verdade, tal foi sendo possível precisamente pela gestão controlada da banca. Muitas empresas zombie foram sendo transferidas para fundos de reestruturação, outras tiveram as suas dívidas reestruturadas, sempre com perdões indiretos da banca. Na maior parte dos casos, porque os próprios bancos não queriam (ou não podiam) assumir todas as perdas, sobretudo numa altura em que a pressão regulatória europeia obrigava a sucessivos aumentos de capital para garantir rácios de solvabilidade. Em muitos outros casos, porque o "sistema" funciona assim: preserva-se.
Assim foi com aquele que teria sido o maior estoiro na economia portuguesa: o Grupo José de Mello. O caso foi então noticiado mas estranhamente teve pouco impacto na sociedade. Por causa do corte do rating do Estado para nível lixo, em 2011, os bancos estrangeiros exigiram o pagamento imediato de empréstimos a muitas empresas portuguesas. Ao Grupo Mello foram exigidos mil milhões de euros, o que tendo em conta a quebra das receitas da empresa e o desequilíbrio entre ativos e passivos a colocou num estado crítico, sendo necessário "entrar" com o próprio património da família e, mais tarde, retirar a Brisa de Bolsa para a revalorizar e aceder a mais dividendos.
O problema ainda hoje não está ultrapassado, embora esteja controlado. Mas nada disso teria sido possível se, em 2011, o Grupo José de Mello não tivesse tido o apoio dos bancos portugueses, que então substituíram os bancos estrangeiros como seus financiadores. O trio do costume, Caixa, BCP e BES injetaram mil milhões no grupo, que assim pôde pagar aos bancos estrangeiros Santander, Deutsche Bank e Société Générale. Luiz Carvalho Ricardo Salgado caiu em desgraça mesmo antes do grupo Espírito Santo falhar um só pagamento
A grande falência aparece agora e é muito maior: o Grupo Espírito Santo. Inteiro. Uma derrocada, de cima para baixo. Mas como? Assim: anos e anos de prejuízos não assumidos, operações que não geravam cash flow, investimentos nunca recuperados à custa de dívida sobre dívida nas próprias participadas, que ficavam pendurados nas contas como se estivessem bem. Pura má gestão e algumas ligações perigosas, com Angola à cabeça. Mas as holdings de topo, com contas opacas e triangulando várias praças financeiras, escondiam uma montanha de passivo, para mais agravada com dívidas que não estavam registadas nas contas, num total de 1,3 mil milhões de euros, o que pode constituir prática criminal.
A situação tornou-se insuportável quando a dívida, além de ser grande, passou a ser em grande parte de curto prazo. O famoso papel comercial tornou a pressão sobre a tesouraria intolerável e sujeita a enorme risco. Pior do que isso: contaminou o BES.
Como a família perdeu o BES
Foi assim que a família perdeu o controlo do banco, primeiro na gestão, depois na própria posse das ações. Se os problemas de dívida no Grupo Espírito Santo eram já enormes, o contágio ao banco foi um passo deliberado e aconteceu no último ano. Talvez fosse uma última tentativa de evitar a rutura, mas transmitiu o problema das holdings de topo pela cascata abaixo até ao banco, o que constitui um pecado mortal e dificilmente compreensível.
A falência poderia ter sido apenas da holding ES International, o que seria um escândalo que arrastaria a família Espírito Santo, mas não contaminaria as empresas nas holdings inferiores.
Mas, no início deste ano, Ricardo Salgado começou a transferir os passivos da ES International para a RioForte, contaminando-a irremediavelmente. A Espírito Santo Financial Group e o BES concederam crédito às holdings de cima, ficando também desse modo contaminadas. E o BES expôs os seus próprios clientes ao risco, quando os pôs a financiar o GES, primeiro através de fundos de investimento como o ES Liquidez, depois através do papel comercial. Era difícil ter sido mais destrutivo.
Se o Banco de Portugal não tivesse forçado a constituição de provisões para pagar aos clientes de retalho do papel comercial, a hecatombe dos clientes teria sido devastadora. Um BPP multiplicado muitas vezes.
O que levou o GES à crise revela no mínimo incompetência, mas a própria gestão da crise desde o fim do verão do ano passado foi desastrosa, revelando uma equipa bloqueada, em negação e obcecada por uma guerra interna de sucessão. Como criticou Fernando Ulrich recentemente, a informação financeira foi sendo relevada aos poucos, cada comunicado trazia um novo número, nunca houve transparência total e tudo isso gerou uma desconfiança insanável dos mercados, sobretudo depois de os investidores terem acreditado no BES para um derradeiro aumento de capital de mil milhões de euros há cerca de dois meses. Esses investidores sentem-se enganados. Têm boas razões para isso. Mas houve mais: foram sendo anunciados aumentos de capital na RioForte que nunca aconteceram, vendas em Bolsa que não ocorreram, reestruturações que não existiram. Tudo colapsou, estrondosamente.
A melhor definição que ouvi até hoje sobre o sistema de poder económico em Portugal foi dada por Paulo Morgado, líder da filial portuguesa da Cap Gemini. Mais do que uma estrutura hierárquica piramidal, ou de que um polvo com tentáculos, o poder em Portugal assenta num sistema em rede. É, descreveu Paulo Morgado, como um jogo de micado: vários paus cruzam-se e é quase impossível mexer num sem tocar noutros.
Essa interdependência serviu ao mesmo tempo de rede de sustentação e de força de resistência passiva. Ninguém ousava dar um murro na mesa e atirar as peças de micado todas pelos ares, o efeito sistémico seria imprevisível. A falência do Grupo Espírito Santo e o afastamento da família é esse murro na mesa e sim, tem efeito sistémico, porque arrasta centenas de empresas com milhares de trabalhadores. Alexandre Soares dos Santos já disse que o efeito é "brutal, brutal, brutal..."
Hoje, Ricardo Salgado é um homem só. Poucos dos seus aliados ainda o são, muitos dos seus mais próximos já deixaram de o ser. Começou por aqueles que eram enfeitiçados pelo dinheiro ou mesmo pagos pelo Grupo: esfumaram-se. Passou depois para os amigos, para a família, para os clientes, para dentro do banco.
É preciso perceber a mitificação que existia à volta de Ricardo Salgado, em muitos membros da comunidade mas sobretudo dentro do Banco Espírito Santo. Os quadros falavam de Salgado como de um banqueiro predestinado, um líder de que se orgulhavam, um homem que estaria sempre acima dos desafios e dos seus pares. Foi assim pelo menos até novembro do ano passado, quando começou a guerra na família. Mas mesmo no princípio da fase mais aguda da crise, muitos quadros do banco recusavam-se a aceitar a informação que ia sendo divulgada, como se o grupo estivesse a ser alvo de conspirações.
De alguma maneira, a situação foi semelhante no BCP aquando da crise de Jardim Gonçalves: era venerado pelos seus quadros, a incredulidade foi semelhante. Acresce que, no caso de Ricardo Salgado, muitos se sentiram mais do que dececionados: sentiram-se traídos. Esse terá sido o caso de Amílcar Morais Pires e de outros altos quadros do BES: indefetíveis até ao fim, foram deixados cair.
Curiosamente, Salgado foi negociando com quem o traíra a ele. Como Pedro Queiroz Pereira, com quem acabou por fechar um negócio que separou os dois grupos familiares. Com Carlos Costa, que lhe foi tirando o tapete aos poucos. E com José Maria Ricciardi, o seu primo que liderou uma tentativa de "golpe de Estado" em novembro que falhou. Ricciardi falara então com diversos membros da família, isoladamente, para retirar a confiança a Salgado, mas quem acabou isolado foi ele próprio. Teria o desfecho sido diferente se Ricciardi tivesse conseguido afastar Salgado? Giorgio Bordino/Exame Ricardo Salgado no 'open space' da administração executiva do BES, onde tinha a sua mesa de trabalho ao loado da de outros gestores. Atrás de si9, o retrato do icónico Manuel Espírito Santo, o anterior líder do grupo
Os últimos meses revelaram que, na geração em causa, a família Espírito Santo só tinha dois potenciais líderes, Salgado e Ricciardi, que são tão parecidos um com o outro como o sal é do açúcar. José Maria Ricciardi foi o único a estar frontalmente contra Salgado e o tempo mostrou que tinha razão. Mais: ele podia ter sido o líder que salvaria o grupo. Mas não teve apoio da família. E, sobretudo, nunca teve um plano alternativo a não ser propor-se a si próprio como líder. Teve uma oportunidade história, não esteve à altura dela.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/a-queda-de-um-santo-por-pedro-santos-guerreiro=f882869#ixzz392M5DC00
ROUSSEAU (1712-1778) e a EDUCAÇÃO- Através de www.pedagogiaemfoco.pro.br
Os seus 66 anos de existência tiveram uma enorme influência na educação.
Rousseau combateu idéias que prevaleciam há muito tempo. Entre elas, a de que a teoria e a prática educacional, junto à criança, deviam focalizar os interesses do adulto e da vida adulta. Ele também chamou a atenção para as necessidades da criança e as condições de seu desenvolvimento.
Como conseqüência, a criança não podia ser mais entendida como um adulto em miniatura. E se a criança era um ser com características próprias, não só as suas idéias e seus interesses tinham de ser diferentes dos adultos; também o relacionamento rígido mantido pelos adultos em relação a elas precisava ser modificado.
Com as suas idéias, Rousseau desmentiu de que a educação é um processo pelo qual a criança passa a adquirir conhecimentos, hábitos e atitudes armazenados pela civilização, sem qualquer modificação. Cada fase de vida: infância, adolescência, juventude e maturidade foi concebida como portadora de características próprias, respeitando a individualidade de cada um.
Frederick Eby expressa com precisão as idéias de Rousseau: "A bondade e a felicidade do indivíduo são mais essenciais que o desenvolvimento de seu talento. Colocando as necessidades e os interesses do indivíduo acima dos da sociedade organizada, Rousseau inverteu a ordem universal. Na sociedade ideal e natural, onde a natureza conserva sua simplicidade e inocência originais, todos os indivíduos seriam educados juntos e participariam de interesses comuns."
No seu livro Emílio, Rousseau destaca que o adulto, sabendo quais são os pensamentos, sentimentos e interesses das crianças, não irá impor os seus.
Para compreender a infância, o homem precisa olhar a vida com simplicidade. Enquanto o mundo físico é harmonioso, o mundo humano é egoísta e cheio de conflitos. Os males sociais e a educação oferecida aos jovens são os responsáveis por esses conflitos.
Tanto a sociedade quanto o desenvolvimento do homem se modificam e é por isso, que a educação é fundamental a essa adaptação. Para Rousseau o indivíduo não deve ser sacrificado aos caprichos da sociedade, a educação assume um papel de destaque.
Embora as fases no desenvolvimento da vida do indivíduo já tivesse sido reconhecido por vários pensadores, foi Rousseau quem mostrou a importância das mesmas para a educação.
A primeira fase, até os 5 anos, era como uma fase animal, com o aparecimento do primeiro sentimento de si mesmo; aos 12 anos, o indivíduo torna-se consciente de si mesmo, é o momento da vida em que o racional desperta; sendo um ser isolado, a criança não desfruta ainda da vida moral. E na fase seguinte, a puberdade, o sexo é visto por Rousseau como o fator mais importante da vida do indivíduo; com isso, surge a vida social do indivíduo. Com o surgimento dos mais altos sentimentos, a vida moral evolui naturalmente.
Se cada fase da vida tem a sua existência própria, a educação inicial não mais poderia ser considerada uma preparação à vida.
A contribuição de Rousseau para a educação infantil é inestimável. O método da natureza vale para todas as coisas, lembrou às mães a importância da amamentação aos seus filhos. Disse que não se deveria moldar o espírito das crianças de acordo com um modelo estabelecido.
Mostrou que a criança devia fazer, sem a ajuda dos outros, aquilo que ela é capaz de fazer por si mesma; o período do nascimento aos 12 anos é a época em que nascem vícios, os carinhos exagerados provocam vícios.
Rousseau afirmou que a educação não vem de fora, é a expressão livre da criança no seu contato com a natureza. Ele foi um crítico da escola de seu tempo, da rigidez da instrução e do uso em excesso da memória.
Rousseau propôs a criança, primeiro, o brinquedo e esportes. Na agricultura - primeiro e mais útil emprego do homem -, a criança aprende a usar a pá e os instrumentos de outros ofícios. Através dessas atividades, a criança estaria mentindo, contando, pesando e comparando. Além dessas tarefas, a linguagem, o canto, a aritmética e a geometria seriam desenvolvidos como atividades relacionadas com a vida.
Se Rousseau for analisado no contexto da sua época, teremos de concordar que ele formulou, com raro brilho, princípios educacionais que permanecem até os nossos dias.
Texto reproduzido com autorização das alunas
Cristiane Valéria Furtado do Nascimento e Márcia Andréa Soares de Moraes
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Inquérito Incidente entre PS e PSD leva a renúncia de deputada 'laranja'
A deputada do PSD Francisca Almeida prometeu hoje renunciar à comissão de inquérito parlamentar sobre equipamentos militares depois de um incidente lateral entre o socialista José Magalhães e o social-democrata António Prôa.
POLÍTICA
Lusa
12:38 - 30 de Julho de 2014 | Por Lusa
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Durante a audição ao atual diretor-geral das Atividades Económicas (DGAE), Artur Manuel Lami, uma vez que aquela entidade ficou encarregada das contrapartidas após a extinção da respetiva comissão permanente de acompanhamento, Magalhães reclamou de um aparte de Prôa, que sugeriu que o parlamentar do PS queria tornar-se consultor.
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"Ao contrário da deputada Francisca Almeida não trabalho numa firma de advogados que consta dos autos e assessora a DGAE, por exemplo", insurgiu-se.
Francisca Almeida, a primeira vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito aos Programas de Aquisição de Equipamentos Militares (aeronaves EH-101, P-3 Orion, C-295 e F-16, submarinos U-291, torpedos e blindados Pandur II), colaboradora remunerada da sociedade de advocacia Cuatrecasas, Gonçalves Pereira desde 2006, membro da Assembleia Municipal de Guimarães e deputada desde 2009, justificou-se e prometeu abandonar os trabalhos.
"Colaboro, pontualmente, no escritório do Porto. Não tinha conhecimento da carteira de clientes do escritório de Lisboa e que a DGAE estava incluída. Nunca participei em qualquer desses processos. Não tenho acesso, ainda assim, para que não restem dúvidas, vou pedir para sair da comissão e ser operada a substituição junto do meu grupo parlamentar", afirmou.
Prôa, coordenador do inquérito por parte do PSD, que já tinha desabafado - "baixo, baixo" - acusou Magalhães de aproveitar a "experiência parlamentar para criar um incidente numa comissão que lhe está a correr muito mal", fazendo-o de "forma rasteira e envolvendo uma colega".
"Esta comissão tem decorrido neste tom de insinuação", lamentou a democrata-cristã Cecília Meireles que afirmou que José Magalhães se tem ocupado a "tirar coelhos da cartola, mas sempre que puxa um fio saem-lhe dirigentes, políticos, ministros do PS, um pai do PS, uma mãe do PS, um avô do PS e todos os caminhos vão dar ao PS", referindo-se aos contratos de contrapartidas relativos à compra de dois submarinos pelo Estado português a um consórcio alemão.
O coordenador do BE, João Semedo, felicitou Francisca Almeida pela decisão de abandonar a comissão de inquérito "porque protege-se a si própria e ao Parlamento", mas foi interrompido por Prôa, que recusou "lições" e recomendou ao deputado bloquista ir "cuidar do BE".
João Semedo, médico de profissão, retribuiu, prescrevendo ao parlamentar do PSD uns "lexotans" (medicamento tranquilizante) e algumas doses de boa educação".
O presidente da comissão de inquérito, o centrista Telmo Correia, lamentou o episódio e pediu para que os trabalhos fossem retomados, respeitando a audição a Artur Lami.
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SOBRE SÁ de MIRANDA, o introdutor do SONETO, EM PORTUGAL
Sá de Miranda
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Francisco Sá de Miranda
O Wikisource possui obras de
Sá de Miranda
Francisco de Sá de Miranda (Coimbra, a 28 de agosto de 1481 — Amares, 15 de Março de 1558 (76 anos)) foi um poeta português, introdutor do soneto e do Dolce Stil Nuovo em nossa língua.
Francisco de Sá de Miranda nasceu em Coimbra: /da antiga e nobre cidade som natural, som amigo/, possivelmente em 28 de Agosto de 1481 (data em que D. João II subiu ao trono, dizem os biógrafos). Outros autores apontam para a data de "27 de Outubro de 1495".1 2 Era filho de Gonçalo Mendes, cónego da Sé de Coimbra e de Inês de Melo, solteira, nobre, e neto paterno de João Gonçalves de Crescente, cavaleiro fidalgo, e de sua mulher Filipa de Sá que viveram em São Salvador do Campo em (Barcelos) e em Coimbra, no episcopado de D. João Galvão.
Nada se sabe da vida de Sá de Miranda nos seus primeiros anos. Meras hipóteses, mais ou menos aceitáveis, nos indicam o caminho que seguira, desde o seu berço em Coimbra até à Universidade em Lisboa.
Foi nas Escolas Gerais que Sá de Miranda conheceu Bernardim Ribeiro, com quem criou estreitas relações de amizade, lealmente mantidas e fortalecidas na cultura literária, nos serões poéticos do paço real da Ribeira, na intimidade, em confidências e na comunhão de alegrias e dissabores.
Estudou Gramática, Retórica e Humanidades na Escola de Santa Cruz. Frequentou depois a Universidade, ao tempo estabelecida em Lisboa, onde fez o curso de Leis alcançando o grau de doutor em Direito, passando de aluno aplicado a professor considerado e frequentando a Corte até 1521, datando-se de então a sua amizade comBernardim Ribeiro, para o Paço, compôs cantigas, vilancetes e esparsas, ao gosto dos poetas do século XV.
Índice [esconder]
1 Na Corte-trovador
2 Viagem à Itália e Espanha
3 Regresso a Coimbra
4 Saída da corte
5 No Minho — O casamento
6 Comenda de Duas Igrejas
7 Na Casa da Tapada
8 O fim da vida do poeta
9 Morte e sepultura
10 A poesia
11 Referências
12 Fonte biográfica principal
Na Corte-trovador[editar | editar código-fonte]
Se as ninfas do Mondego lhe embalaram docemente o berço e lhe deram as primeiras inspirações, o sangue dos Sá, tão rico de vida e de fulgor, e o seu parentesco com a fidalguia da corte, abriram-lhe as portas do paço da Ribeira, que era então o templo das Musas. Ali ouviu os velhos trovadores D. João de Menezes, o Pica-sino, que assistiu à tomada de Azamor (1513) e lá morreu em 15 de Maio de 1514; e D. João Manuel, camareiro-mor de el-rei.
Na carta a D. Fernando de Menezes, Sá de Miranda refere-se, com viva saudade, no seu retiro de Duas Igrejas, às festas da corte, aos velhos trovadores e aos faustosos serões.
O Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, impresso em 1516, publica treze poesias do Doutor Francisco de Sá. Seus versos à maneira dos trovadores da época já revelam o carácter do homem e a vivacidade e cultura do seu espírito. Sá de Miranda começou, imitando os poetas do Cancioneiro General de Hernan Castillo, impresso em 1511, glosando, em castelhano, os motes ou cantigas de Jorge Manrique e de Garcia Sanchez. Nunca abandonou as formas tradicionais da redondilha, antes e depois de conhecer e aceitar a escola italiana, e de introduzir em Portugal o verso decassilábico.
Viagem à Itália e Espanha[editar | editar código-fonte]
Tendo-lhe falecido o pai, em 1521 parte para Itália onde permanece até 1526. Graças a uma parente abastada, Vitória Colonna, marquesa de Pescara, pôde conviver com algumas personalidades do Renascimentotais como o italiano (Pietro Bembo, Sannazaro e Ariosto), apreciando muito a estética literária que todos os humanistas cultivavam com entusiasmo.
Regressou a Portugal em 1526. Fruto dessa viagem, trouxe para Portugal uma nova estética, introduzindo o soneto, a canção, a sextina, as composições em tercetos e em oitavas e os versos de dez sílabas.
Além de composições poéticas várias, escreveu a tragédia Cleópatra, as comédias Estrangeiros e Vilhalpandos, e algumas Cartas em verso, sendo uma delas dirigida ao rei D. João III, de quem era amigo.
Na ida, ou na volta, demorou-se em Espanha, encontrando escritores clássicos como Juan Boscán e Garcilaso de la Vega. Na carta em que respondeu a D. Fernando de Menezes, que lhe havia escrito de Sevilha, refere-se Sá de Miranda aos lugares que lhe deixaram mais viva impressão.
Dessa viagem, que o poeta recordou, saudoso, na carta a D. Fernando de Menezes, resultaram seus inegáveis triunfos, o progresso do nosso teatro e a introdução do verso de decassílabos a par das novas formas poéticas. Foi, sem dúvida, o introdutor da escola italiana, o arauto da Renascença literária em Portugal.
Regresso a Coimbra[editar | editar código-fonte]
Não existem elementos seguros para fixar a data do regresso de Sá de Miranda. D. Carolina Michaelis de Vasconcelos afirma, todavia, que o poeta voltou a Portugal em 1526 ou, com mais certeza, em 1527 fixando a sua residência em Coimbra ou nos seus arredores. É no entanto possível afirmar-se, sem receio, que Sá de Miranda estava em 1527 na sua terra natal.
Foi em Coimbra e em Buarcos que o poeta do Neiva estudou e escolheu a melhor forma de executar o seu plano de reforma literária concebido em Itália.
A comédia «Os Estrangeiros», em prosa, foi talvez a sua primeira obra e é, sem dúvida, a primeira comédia clássica portuguesa. Sá de Miranda, no propósito de apresentar um modelo clássico que triunfasse dos autos de Gil Vicente, tão apreciados pelos cortesãos, imitou «mais do que deveria» o teatro de Terêncio e de Plauto.
A alusão ao teatro vicentino é apontada por Clóvis Monteiro como feita no prólogo dessa peça, tido como dito pela própria Comédia, se referindo a mudança de nome para Auto: "Venho fugindo, aqui neste cabo do mundo acho paz, não sei se acharei assossego. Ia sois no cabo, e dizeis ora não mais, isto he auto, e desfazeis as carrancas, mas eu o que não fiz até agora, não queria fazer no cabo de meus dias,que he mudar o nome. Este me deixay por amor da minha natureza, e eu dos vossos versos também vos faço graça, que são forçados daquelles seus consoantes. Eu trato cousas correntes, sou muito clara. Folgo de aprazer a todos. Direis vós que não he muito boa manha de dona honrada: direi que portugueses sois. Finalmente a mim nunca me aprouve escuridões, nem fallo senão pera que me entendão, quem al quiser não falle, e tirará de trabalho a si, e a outrem.". 3
Saída da corte[editar | editar código-fonte]
Um dos factos mais interessantes da vida de Sá de Miranda, que tem prendido a atenção dos biógrafos e cuja explicação continua mais ou menos escondida entre hipóteses e dúvidas, é o seu abandono da corte, a fuga do povoado, o abrigo à sombra das florestas, o domicílio no Minho.
Qual o motivo de tão violenta resolução? Qual a causa do ostracismo do poeta, tão apreciado nos serões do paço?
Os biógrafos apontam várias razões. Uma das possíveis causas da sua retirada para o Minho estará relacionada com a chegada da corte a Coimbra no ano de 1527. Sá de Miranda encontrava-se na cidade doMondego tendo sido, provavelmente, ele a fazer a oração de chegada a el-rei D. João III. Por essa altura Sá de Miranda assistiu à representação da comédia de Gil Vicente sobre a divisa da cidade de Coimbra. No prólogo, Gil Vicente, descrevendo a nobreza de Coimbra, omite os Sás e só fala dos Melos. Ora, filho do cónego Gonçalo Mendes de Sá e de Inês de Melo, Sá de Miranda, homem culto que assistira em Itália a artísticas representações dramáticas, sentiu-se mal entre os numerosos admiradores de Gil Vicente. Assim da crítica desfavorável de Sá de Miranda e dos comentários que dela resultaram no meio intriguista da corte, nasceram o ódio a Gil Vicente, a indisposição de Sá de Miranda, e as discussões mais ou menos violentas entre os seus respectivos admiradores. Aborrecido e desgostoso, Sá de Miranda retirou-se para Buarcos.
Logo que a corte se retirou para Almeirim, Sá de Miranda recolheu, como parece, à sua terra. Gil Vicente voltou a atacar Sá de Miranda na farsa «O Clérigo de Beira» representada na corte em 1529: «filho de clérigo és, nunca bom feito farás». Este ataque tão violento e os aplausos dos favoritos agravaram profundamente a ofensa e o poeta retirou-se para o Minho.
No Minho — O casamento[editar | editar código-fonte]
Sá de Miranda não veio, como erradamente se diz, logo para Duas Igrejas porque a mercê da Comenda só data de 1534. Se até aqui a vida do poeta do Neiva está ensombrada de dúvidas, entre 1530 e 1558, ano do seu falecimento, pode, em grande parte, documentar-se.
O primeiro documento data de 1530 e trata-se de uma escritura lavrada no dia 3 de Maio, na Casa de Crasto, onde se encontrava temporariamente com a sua mulher, através da qual efectua a compra de metade da quinta de Barrio em Fiscal, Amares. A 20 de Julho de 1531, numa quinta que era pertença de sua mulher, a quinta da Torre em Penela (actual S.Tiago de Arcozelo) é elaborada outra escritura de transmissão de propriedades. Daqui se conclui que, antes de 1530, já o poeta era casado com Briolanja de Azevedo. Ora sendo certo que D. Briolanja teve a Quinta da Torre, em Penela (dentro dos limites do extinto concelho de Penela esta quinta situava-se na freguesia de São Tiago de Arcozelo, a que esteve anexa à freguesia de Marrancos. Pertenceu aos senhores do Paço de Marrancos e à casa de Codeçosa) aqui residiu com o poeta até à mercê da comenda de Duas Igrejas.
Comenda de Duas Igrejas[editar | editar código-fonte]
Quando casou, Sá de Miranda ainda não era comendador. Nessa época, ser comendador da Ordem de Cristo representava uma elevada posição, nobreza, fidalguia, privilégios e isenções, de que o interessado não prescindia e de que os oficiais públicos se não esqueciam por cortesia e por dever de ofício, principalmente nos contratos de compra e venda para justificar o não pagamento de sisa. Ora o primeiro documento que refere o título de comendador a Sá de Miranda, data de 1535 e trata-se de um autógrafo do poeta relacionado com a compra de uns moinhos em Caldelas. Assim, é certo que nessa altura já o poeta do Neiva tinha fixado domicílio em Duas Igrejas.
A quinta da comenda das Duas Igrejas situava-se na margem esquerda do rio Neiva e foi esta a residência do poeta até 1552. Aqui passou os anos mais felizes da sua vida, na doce companhia de D. Briolanja, criando e educando os filhos; aqui o visitaram seus amigos e os admiradores do seu talento e do seu carácter. Foi aqui, bem junto do rio Neiva, que Francisco Sá de Miranda concebeu e compôs a maior e melhor parte da sua obra literária. A écloga Aleixo, que tem servido de explicação para o ostracismo do poeta, foi composta em Duas Igrejas e é a sua primeira poesia clássica, como afirma Sá de Miranda na Epístola aAntonio Pereira, senhor de Basto.
D. Manuel de Portugal, comendador de Vimioso, igualmente poeta e que viria a ser o mecenas de Luís de Camões, foi o primeiro imitador dele, e as suas íntimas relações com Sá de Miranda explicam-se facilmente, sabendo-se que aquele ilustre fidalgo foi comendador de São Pedro de Calvelo e que esta comenda é vizinha da de Duas Igrejas e também banhada pelo rio Neiva.
Na Casa da Tapada[editar | editar código-fonte]
Como já foi referido, em 3 de Maio de 1530, o poeta do Neiva adquiriu metade da quinta do Bárrio, em Fiscal. Com posteriores aquisições e a outra metade da quinta em 1550 viria a constituir a quinta da Tapada. Continuando a residir em Duas Igrejas, o domicílio do poeta na Tapada só pode documentar-se desde 28 de Abril de 1552
Mas não foi longa nem feliz a vida do poeta do Neiva no seu derradeiro domicílio. A casa que edificara com tanto carinho, a sua quinta cercada, o carinho que lhe dedicou, foram impotentes para assegurar um fim de vida tranquilo e descuidado. Desgostos, receios, cuidados e desventuras, precipitavam-se entre a velhice e a enfermidade.
Não foram, nem podiam ser, numerosas as produções de Sá de Miranda, neste curto e doloroso período, que devia ser o derradeiro da sua vida. Mas foi na Tapada, na decadência do poeta, que este recebeu os melhores testemunhos de admiração dos continuadores da reforma literária por ele empreendida: António Ferreira e Diogo Bernardes.
Em 1552, ou princípios de 1553, enviou ao príncipe D. João, e a seu pedido, o terceiro caderno de poesias (já antes tinha enviado dois), desta vez mais conformes à nova escola italiana.
Mas, a partir de 1552 os desgostos sucederam-se, na Casa da Tapada: neste mesmo ano dá-se a morte do seu desventurado amigo Bernardim Ribeiro; no ano seguinte morre o filho Gonçalo, vítima de uma emboscada em Ceuta; em 2 de Janeiro de 1554 morreu o príncipe D. João, herdeiro do trono, um grande amigo e devoto admirador das obras do poeta a quem Sá de Miranda dedicou uma elegia (poesia fúnebre); em 1555 morre D. Briolanja de Azevedo, sua mulher, que não pôde resistir à dor sofrida pela perda de seu filho. Sá de Miranda que, hora a hora, pressentia a nova punhalada, sofreu resignado o duro golpe; em1557 morreu el-Rei D. João III por quem Sá de Miranda teve sempre a maior veneração, a quem foi sempre leal e grato, porque o monarca, bondoso e ilustrado, teve, desde moço, grande afeição ao poeta do Neiva. A mercê da comenda de Duas Igrejas, a carta que Sá de Miranda lhe dirigiu, após o abandono da corte, e a dedicatória da fábula do Mondego sobejam para confirmar as boas relações que a morte de D. João III aniquilou e foi preso.
Depois da morte de D. Briolanja, Francisco de Sá de Miranda viveu com o seu filho Jerónimo, ainda menor, na quinta da Tapada, dando mostras de bom administrador (também da quinta da comenda de Duas Igrejas) e aumentando seus bens.
O fim da vida do poeta[editar | editar código-fonte]
Os desgostos sofridos, o peso dos anos, os insultos da enfermidade foram a pouco e pouco enfraquecendo o corpo do varão prudente e forte que, reconhecendo o seu estado, promoveu o casamento de seu filho Jerónimo para assegurar a conservação da casa da Tapada. Concertado esse casamento, Sá de Miranda escreveu o seu último testamento que não viria a assinar porque, muito provavelmente, a morte o terá surpreendido.
A morte antecipou-se às festas do casamento de seu filho tendo a escritura antenupcial sido lavrada na casa da Taipa, em Cabeceiras de Basto, no dia 14 de Janeiro de 1559.
Morte e sepultura[editar | editar código-fonte]
A data da morte de Sá de Miranda, indicada com tanta precisão e firmeza pelos seus biógrafos, é inexacta. Não faleceu a 15 de Março de 1558, como se tem afirmado, porquanto em 2, 13 e 16 de Maio desse mesmo ano o poeta ainda efectuou compras de certas propriedades, como provam as respectivas escrituras. Também não é certo que o poeta tenha morrido na casa da Tapada. Sá de Miranda ainda deveria manter as suas necessárias e costumadas visitas à comenda de Duas Igrejas. Velho e enfermo pode ter cometido a imprudência de percorrer os longos e arruinados caminhos, os escabrosos atalhos que tantas vezes pisara até Duas Igrejas. Quiçá, saudades dos tempos felizes e da sua fonte inspiradora. Numa dessas viagens poderá ter sido surpreendido pela morte, o que se poderá depreender do soneto fúnebre queDiogo Bernardes lhe dedicou:
/É este o Neiva do nosso Sá de Miranda,/
Inda que tam pequeno, tam cantado?/
É este o monte que foi às musas dado/
Enquanto nele andou quem nos ceos anda?/
/O claro rio onde chorar me manda/
Saudosa lembrança do passado?/
O monte, o vale, o bosque, o verde prado/
Onde suspira Apolo, Amor se abranda?/
/Aqui na tenra flor, na pedra dura/
Escrevi, ninfas, e no cristal puro/
Estes versos que Febo me inspirou/
/Aqui cantava Sá, daqui seguro,/
Livre do mortal peso ao ceo voou:/
Pastores: vinde adorar a sepultura!/
O facto de não ter feito aprovar o seu testamento leva a crer que a morte veio de surpresa. A notícia da morte do poeta do Neiva contristou os seus amigos e admiradores e provocou manifestações mais ou menos eloquentes dos poetas da nova escola italiana em homenagem ao seu introdutor e ao prestigioso mestre de tão preclaros cantores.
Resta esta dúvida: a primitiva sepultura seria em Duas Igrejas ou, levado em andas, enterrar-se-ia na igreja de Carrazedo. Ora, a capela de Nossa Senhora da Apresentação, onde o poeta se encontra sepultado, foi mandada construir pelo filho Jerónimo por vontade expressa no seu testamento de 30 de Setembro de 1581, já o poeta havia falecido havia mais de vinte anos. O seu filho, pedia, nesse testamento, que os ossos de seus pais fossem trasladados para essa capela.
A poesia[editar | editar código-fonte]
Poema de Sá de Miranda em Azulejos na Casa do Barreiro,Gemieira, Ponte de Lima.
Para Sá de Miranda, a poesia não é uma ocupação para ócios de intelectual ou de salões, como para os poetas que o antecederam, mas uma missão sagrada. O poeta é como um profeta, deve denunciar os vícios da sociedade, sobretudo da Corte, o abandono dos campos e a preocupação exagerada do luxo, que tudo corrompe, deve propor a vida sadia em contacto com a «madre» natureza, a simplicidade e a felicidade dos lavradores.
A ele se aplicam perfeitamente os seus versos da Carta a D. João III: «Homem de um só parecer, / dum só rosto e d'ua fé, / d'antes quebrar que torcer / outra cousa pode ser, mas da corte homem não é.»
A sua linguagem é elíptica, sóbria, densa, forte, trabalhada, hermética, difícil de entender e às vezes demasiado dura. Mesmo assim, Sá de Miranda é o escritor do século XVI mais lido depois de Camões. A sua verticalidade e a sua coerência impuseram-se.
Sá de Miranda concebeu as primeiras comédias clássicas portuguesas (Estrangeiros e Vilhalpandos), cuja recepção pelo público, habituado aos autos (de Gil Vicente sobretudo), não foi das melhores. Se os aspectos criticados por Sá de Miranda e a sua intenção moralizadora o aproximam muito de Gil Vicente, o escritor afasta-se deste último pelas formas e o tom em que vaza as suas críticas.
Sá de Miranda deixou uma importante obra epistolográfica e uma série de éclogas, entre outros textos. A sua obra foi publicada postumamente, em 1595.
Influenciou decisivamente escritores seus contemporâneos e posteriores, como António Ferreira, Diogo Bernardes, Pero Andrade de Caminha, Luís de Camões, D. Francisco Manuel de Melo ou ainda, mais recentemente, Jorge de Sena, Gastão Cruz e Ruy Belo, entre outros, manifestando alguns textos destes autores nítida intertextualidade com textos mirandinos, sobretudo com o tão conhecido soneto «O Sol é grande, caem co'a calma as aves».
Antecipa temáticas como a dos conflitos do eu, de maneira um pouco semelhante ao que faria Fernando Pessoa, como nos versos: Comigo me desavim,/Sou posto em todo perigo;/Não posso viver comigo/Nem posso fugir de mim.
Referências
Ir para cima↑ Innocencio Francisco da Silva, Diccionario Bibliographico Portuguez (na Imprensa Nacional, 1859), p. 53.
Ir para cima↑ José Maria da Costa e Silva, Ensaio Biographico-Critico sobre os Melhores Poetas Portuguezes, Volume 2 (na Imprensa Silviana, 1851), Capítulo II, p. 8.
Ir para cima↑ MONTEIRO,Clóvis - Esboços de história literária - Livraria Acadêmica - Rio de Janeiro - 1961 - Pg.17
Fonte biográfica principal[editar | editar código-fonte]
Machado, José de Sousa (1929), O Poeta do Neiva, Notícias Biográficas e Genealógicas, Braga, Livraria Cruz.
Veja a primeira página do Correio da Manhã desta quarta-feira
CM de hoje (30/07/2014)
www.cmjornal.xl.pt
CM de hoje (30/07/2014)
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DE GAZA...
Era feriado e os miúdos de Gaza só queriam ser felizes
www.publico.pt
Histórias de dor e de morte entre o hospital, a morgue e o cemitério.
Na NATIONAL GEOGRAPHIC
Portugal é capa da revista “National Geographic”
p3.publico.pt
Lisboa faz a capa da edição internacional da revista de viagens da “National Geographic Traveler”, que dedica artigo à capital e também à costa portuguesa
União Europeia lança primeiro grande ataque económico à Rússiahttp://www.publico.pt/n1664712
Famílias que cuidam dos seus idosos em casa deverm ter apoiohttp://www.publico.pt/n1664738
Habitantes das grandes cidades afinal vivem em "aldeias"http://www.publico.pt/n1664550
UE chega a acordo para endurecer sanções sobre a Rússia
www.publico.pt
Novas medidas passam pelo corte do acesso de bancos estatais aos mercados europeus e pela proibição da venda de armas.
De Leon Tolstoi
De Leon Tolstoi(1828-1910), in O Citador
"“Os homens distinguem-se entre si também neste caso: alguns primeiro pensam, depois falam e, em seguida, agem; outros, ao contrário, primeiro falam, depois agem e, por fim, pensam.”
―Leon Tolstoi
Frases - http://kdfrases.com/
"“Os homens distinguem-se entre si também neste caso: alguns primeiro pensam, depois falam e, em seguida, agem; outros, ao contrário, primeiro falam, depois agem e, por fim, pensam.”
―Leon Tolstoi
Frases - http://kdfrases.com/
De Rosalia de Castro, poetisa galega
Poema de Rosalia de Castro, poetisa galega, (1837-1885), in pesquisa Net
"CANTIGA
Tradução de Henriqueta Lisboa
Eu cantar, cantar, cantei;
a graça não era muita,
pois nunca por meu pesar,
fui eu menina graciosa.
Cantei como foi possível,
dando voltas e mais voltas
assim como quem não sabe
perfeitamente uma cousa.
Porém depois de mansinho
e um pouco mais alto agora,
fui soltando essas cantigas
como quem não quer a cousa.
Eu bem quisera, é verdade,
que elas fossem mais bonitas;
eu bem quisera que nelas
bailasse o sol com as pombas,
as brancas águas com a luz,
e os ares mansos com as rosas.
Que nelas claras se vissem
a espuma das verdes ondas,
do céu as brancas estrelas
da terá as plantas formosas,
as névoas de cor sombria
que lá nas montanhas voam;
os pios do triste mocho,
as campainhas que dobram
a primavera que ri,
e os passarinhos que voam.
E canta que canta, enquanto
os corações tristes choram.
Isto e ainda mais quisera
dizer com língua graciosa;
mas onde a graça me falta,
o sentimento me sobra.
Entretanto isto não basta
par explicar certas cousas
que, às vezes, por fora um canta
enquanto por dentro chora.
Não me expliquei qual quisera:
sou de pouca explicação;
se graça em cantar não tenho,
o amor da terra me afoga.
Eu cantar, cantar, cantei,
a graça não era muita,
mas que fazer — desgraçada! —
se não nasci mais graciosa."
"CANTIGA
Tradução de Henriqueta Lisboa
Eu cantar, cantar, cantei;
a graça não era muita,
pois nunca por meu pesar,
fui eu menina graciosa.
Cantei como foi possível,
dando voltas e mais voltas
assim como quem não sabe
perfeitamente uma cousa.
Porém depois de mansinho
e um pouco mais alto agora,
fui soltando essas cantigas
como quem não quer a cousa.
Eu bem quisera, é verdade,
que elas fossem mais bonitas;
eu bem quisera que nelas
bailasse o sol com as pombas,
as brancas águas com a luz,
e os ares mansos com as rosas.
Que nelas claras se vissem
a espuma das verdes ondas,
do céu as brancas estrelas
da terá as plantas formosas,
as névoas de cor sombria
que lá nas montanhas voam;
os pios do triste mocho,
as campainhas que dobram
a primavera que ri,
e os passarinhos que voam.
E canta que canta, enquanto
os corações tristes choram.
Isto e ainda mais quisera
dizer com língua graciosa;
mas onde a graça me falta,
o sentimento me sobra.
Entretanto isto não basta
par explicar certas cousas
que, às vezes, por fora um canta
enquanto por dentro chora.
Não me expliquei qual quisera:
sou de pouca explicação;
se graça em cantar não tenho,
o amor da terra me afoga.
Eu cantar, cantar, cantei,
a graça não era muita,
mas que fazer — desgraçada! —
se não nasci mais graciosa."
terça-feira, 29 de julho de 2014
O QUE SE SABE SOBRE VIRIATO, FIGURA DA HISTÓRIA DE PORTUGAL, de a.c
A vida de Viriato[editar | editar código-fonte]
“ Enquanto ele comandava ele foi mais amado
do que alguma vez alguém foi antes dele.
Diodoro da Sicília 5 ”
Pouco se conhece sobre a vida de Viriato. Não se sabe nada da sua data de nascimento nem o local exacto onde nasceu e a única referência à localização da sua tribo nativa foi feita pelo historiador grego Diodoro da Sicília [carece de fontes] que afirma que ele era dastribos Lusitanas que habitavam do lado do oceano.5
Viriato pertencia à classe dos guerreiros, a ocupação da elíte, a minoria governante. Ele era conhecido entre os romanos como duquedo exercito Lusitano, como adsertor (protector) da Hispânia,6 ou como imperator7 , provavelmente da confederação das tribos Lusitanas e Celtiberas.8
Este que vês, pastor já foi de gadoViriato sabemos que se chamaDestro na lança mais que no cajadoInjuriada tem de Roma a fama,Vencedor invencibil, afamadoNão tem co'ele, nem ter puderamO primor que com Pirro já tiveram.Os Lusíadas, VIII, estância 6
Outros estudos indicam que a teoria de que Viriato era um pastor não é a mais correcta.9 Segundo Pastor Muñoz, Viriato seria um aristocrata proprietário de cabeças de gado.10 Tito Lívio descreve-o como um pastor que se tornou caçador e depois soldado, dessa forma teria seguido o percurso da maioria dos jovens guerreiros, a iuventos, que se dedicavam a fazer incursões para capturar gado, à caça e à guerra.11 Na tradição romana os antepassados mais ilustres eram pastores, e Viriato é comparado àquele que teria sido o pastor mais ilustre que se tornou no rei de Roma, Rómulo.12 A ideologia do rei-pastor, o pastor que se tornou rei, está presente na tradição de várias culturas para além da grega e da romana.13 14 A metáfora do rei- pastor de Homero era frequentemente usada para dar ênfase às funções e deveres de um rei.15 Havia quem pensasse que Viriato tinha uma origem obscura16 no entanto Diodoro da Sicília também diz que Viriato "demonstrou ser um príncipe".5
Os Lusitanos homenageavam Viriato com os títulos de Benfeitor, (Grego: evergetes),17 e Salvador, (Grego: soter),18 os mesmos títulos honoríficos usados pelos reis da dinastia ptolemaica.
Ele foi descrito como um homem que seguia os princípios da honestidade e trato justo e foi reconhecido por ser exacto e fiel à sua palavra nos tratados e alianças que fez.5 Diodoro disse que a opinião geral era de que ele tinha sido o mais amado de todos os líderes lusitanos.5
Viriato era, segundo a teoria avançada por Schulten, oriundo dos altos Montes Hermínios, actual Serra da Estrela, embora nenhum autor da antiguidade o tenha mencionado.19
A guerra de Viriato[editar | editar código-fonte]
Estátua de Viriato, em Zamora,Espanha. No pedestal pode ler-seTERROR ROMANORUM.
Viriato, descrito como sendo um pastor e caçador da Lusitânia foi eleito chefe dos lusitanos. Depois de defender vitoriosamente as suas montanhas, Viriato lançou-se decididamente numa guerra ofensiva. Entra triunfante na Hispânia Citerior, divisão romana da Península Ibérica em duas províncias, Citerior e Ulterior, separadas por uma linha perpendicular ao rio Ebro e que passava pelo saltus Castulonensis (a actual Serra Morena, em Espanha), e lança contribuições sobre as cidades que reconhecem o governo deRoma. Dois tipos de guerra foram atribuídos a Viriato, bellum, quando ele usava um exercito regular, e latrocinium, quando os combates envolviam pequenos grupos de guerreiros e o uso de tácticas de guerrilha.20 Para muitos autores, Viriato é visto como o modelo do guerrilheiro.
Em 147 a.C. opõe-se à rendição dos lusitanos a Caio Vetílio que os teria cercado no vale de Betis, na Turdetânia. Mais tarde derrotaria os romanos no desfiladeiro de Ronda, que separa a planície de Guadalquivir da costa marítima da Andaluzia, onde viria a matar o próprio Vetílio. Mais tarde, nova vitória contra as forças de Caio Pláucio, tomandoSegóbriga e as forças de Cláudio Unimano que, em 146 a.C., era o governador da Hispânia Citerior. No ano seguinte as tropas de Viriato voltam a derrotar os romanos comandados por Caio Nígidio.
Ainda nesse ano, Fábio Máximo, irmão de Cipião o Africano, é nomeado cônsul da Hispânia Citerior e encarregado da campanha contra Viriato sendo-lhe, para isso, fornecidas duas legiões. Após algumas derrotas, Viriato consegue recuperar e, em 143 a.C. volta a derrotar os romanos, empurrando-os para Córdova. Ao mesmo tempo, as tropasceltibéricas revoltavam-se contra os romanos iniciando uma luta que só terminaria por volta de 133 a.C. com a queda de Numância.
Em 140 a.C. Viriato inflige uma derrota decisiva a Fábio Máximo Servilliano, novo cônsul, quando morreram em combate cerca de 3000 romanos. Servilliano consegue manter a vida oferecendo promessas e garantias da autonomia dos lusitanos e Viriato decide não o matar. Ao chegar a Roma a notícia desse tratado, este foi considerado humilhante para a imponência romana e o Senado volta atrás, declarando guerra contra os lusitanos.
A morte de Viriato de José de Madrazo
Assim, Roma envia novo general, Servílio Cipião, que tinha o apoio das tropas de Popílio Lenas. Este renova os combates com Viriato, mas este mantém superioridade militar e força-o a pedir uma nova paz. Envia, neste processo, três comissários de sua confiança, Audas, Ditalco e Minuros. Cipião recorreu ao suborno dos companheiros de Viriato, que assassinaram o grande chefe enquanto dormia. Um desfecho trágico para Viriato e os lusitanos, e vergonhoso para Roma, superpotência da época, e que se intitulava arauto da civilização.
Roma chega a pactuar com Viriato, quase reconhecendo como soberano, porém, à traição, compactuou com três de seus aliados para que o assassinassem. Anos antes, o general romano Sérgio Galba quase dizima os lusitanos, e Viriato foi um dos que escaparam. O historiador Estrabão assim definiu a Lusitânia: "A mais poderosa das nações de Hispania, a que, entre todas, por mais tempo deteve as armas romanas". Todavia, tão-pouco podiam os Romanos contar com a submissão dos povos da Península Ibérica que se viram forçados a manter o país em rigorosa ocupação militar, e daí provieram os primeiros exércitos permanentes de Roma. Quarenta mil homens se mantiveram na Península Ibérica em permanente guarda.
Depois de Viriato morrer, Táutalo torna-se líder do exército lusitano mas teve pouco sucesso, e muito mais tarde o Romano Sertório tornou-se líder do exército lusitano, usando-os na guerra civil romana, até ser igualmente assassinado por militares da sua confiança.
Sem a forte resistência de Viriato, Decius Junius Brutus pôde marchar para o nordeste da península, atravessando o rio Douro subjugando a Galiza. Júlio César ainda governou o território (agora Galécia) durante algum tempo.
AINDA SOBRE A MESMA NOTÍCIA...
Depois de uma discussão dura e prolongada num plenário realizado há quase um mês, os 13 juízes do Tribunal Constitucional aceleraram o processo de pronunciamento sobre a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), uma norma do Orçamento Retificativo que a oposição à esquerda contestou pela sua formulação mais dura face à que já tinha sido analisada no TC em abril do ano passado.
Com a análise da medida muito adiantada, as últimas informações que correram na última semana na AR apontavam para que a decisão possa chegar já esta semana, possivelmente na quarta-feira, dia em que está marcado novo plenário dos juízes. Uma fonte ouvida pelo Observador admitiu que a equipa do Ratton está muito dividida, levando a uma decisão renhida (7-6). Mas indicando como provável que os juízes se pronunciem maioritariamente a favor da constitucionalidade da medida — uma informação que o Observador não conseguiu confirmar com outras fontes.
As férias dos juízes do TC começam a 15 de agosto (até 15 de setembro). Durante esse período, o tribunal funciona com dois turnos (seis dos juízes trabalham durante 15 dias e os outros sete na segunda parte do tempo em que podem tirar férias).
Certo é que, com esta decisão, o Governo fica com campo livre para fechar decisões acerca das contas orçamentais deste ano. Depois do chumbo de três normas do OE de 2014, nos últimos dias de maio, o Executivo ficou com umburaco que estima em 860 milhões de euros brutos (será menor em termos líquidos, tendo em conta os impostos que ficam no Estado). Mas Passos, Portas e Maria Luís Albuquerque preferiram aguardar pela decisão sobre a CES até aprovar novas medidas, alegando que só com o quadro completo poderiam tomar decisões sólidas.
O maior risco que corria com esta espera era o de um atraso na decisão do Palácio Ratton, que chegou a ser dado como provável no TC, tendo em conta o anúncio de que estariam para chegar mais duas medidas do Governo em fiscalização preventiva (que têm sempre urgência e obrigam a deixar outras matérias para segundas núpcias). O Observador deu conta dessa hipótese há quatro semanas: se essas leis chegassem antes de uma decisão, a CES ficaria para setembro, tornando mais difícil que as medidas a tomar (se necessárias) tivessem efeito suficiente para que os objetivos do défice fossem atingidos.
Esta semana, o caso tornou-se mais premente, com os resultados da execução orçamental de junho a mostrarem que o risco de falhar esse objetivo subiu.
Sabendo dos rumores de que uma decisão estava por dias, Passos avisou na quinta-feira, mesmo estando em Timor-Leste, que sem novas medidas o objetivo de 4% de limite do défice não poderiam ser atingidos. E responsabilizou as decisões do TC pelos desvios identificados. Uma forma de pressionar os juízes a uma decisão favorável neste próximo acórdão.
Uma discussão quente no Ratton
Segundo apurou o Observador, a discussão sobre a CES motivou uma forte divisão entre duas correntes no TC. E levou mesmo a uma inversão do memorando inicial do presidente do tribunal, que apontava há um mês para o chumbo da medida. Numa reunião descrita como “muito quente”, também asfugas de informação foram tema de contestação interna.
As informações que foi possível recolher apontam agora para uma possível constitucionalidade da medida, mas por margem mínima. Tendência que terá de ser confirmada na reunião desta semana (“não há decisão até estar tudo decidido”, alerta uma fonte conhecedora dos processos internos, para explicar que não basta uma concordância com a tese global, é preciso também maioria para os argumentos invocados no projeto de acórdão).
Um bom exemplo dessa imprevisibilidade foi o que aconteceu quando a CES original foi a julgamento em abril de 2013. Muitos constitucionalistas e políticos admitiam um chumbo redondo da medida, mas esta foi (a par do aumento de impostos) a única a passar no crivo constitucional. A dúvida que sobrou foram osargumentos de transitoriedade que justificaram a sua admissibilidade aos olhos de 8 dos 13 juízes.
A verdade é que as últimas estimativas sobre o impacto de uma decisãonegativa para o Governo foram fortemente revistas em baixa nos últimos tempos. Os especialistas da UTAO, por exemplo, refizeram as contas sobre o aumento da CES decidido em janeiro, para fazer face ao chumbo do corte nas pensões do setor público (decisão do TC de dezembro de 2013), calculando o impacto da medida em pouco mais de 70 milhões de euros — como noticiou o Jornal de Negócios.
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