terça-feira, 15 de abril de 2014

POEMA:


















LÁ LONGE NO DEVANEIO







Vou pela vida a desistir-num-constante-renascer.

Sou Primavera e Outono, a correr…

Tudo o que sou, junta-se, continuamente, a tudo quanto já fui.



Memórias retornam, a cada momento em que me debruço sobre a folha

de papel onde, como que por magia,

as letras se encadeiam e fazem nascer Poesia.



……………………letras quentes, ansiosas por se revelarem como segredo escondido

…………………..na beleza de pétalas rubras-em-aroma-alegria.

………………..…letras loucas, pedaços de pedras do rio, forçadas a resvalar

…………………..a caminho de um Além, Lá-longe-no-devaneio.



A vida nasce diariamente e espreguiça-se sob os raios brilhantes

[de um sol maior

que se arrasta pela terra a abraçar montanhas serenas, mares revoltados

[flores em germinação plena e

[grãos de trigo, em seara ondulante,

[refrescada pelos sonetos de Florbela.



Tranquilidade-intranquila

a desta pequena península do tamanho da Humanidade

onde os barcos adormeceram tontos,

cansados dos mares revoltos de beijos que sabem a sal…



*Desistir não é viver*



Sigo, então, pela via-do-renascer-nómada,

num livro de viagens que me conduz ao velho continente

[dos rudimentos da Poesia.



Encadeio rotas e rumos nas palavras,

louras algas agitadas em brumas de memórias

sepultadas nas areias de desertos, ensopados de loucuras.



Já fui Restelo de Belém…

Já fui “Ilha dos Amores”…

…fui Alcácer-Quibir, também!



Fui alegria e fui dor!



Nos intervalos-de-mim tento ser poesia-ventre de ouro e sol,



…papoila- vermelho-vivo- a- fugir

de um areal partido ao meio,

por força de um temporal.





Maria Elisa Rodrigues Ribeiro

REG:DEZ/013


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