segunda-feira, 7 de abril de 2014

O GENOCÍDIO DO RUANDA, 20 ANOS DEPOIS...




ATRAVÉS DE Wikipédia





O genocídio[editar | editar código-fonte]

Evolução demográfica de Ruanda. Repara-se a notável descida na primeira metade dos anos 90 provocada pelo genocídio.

Em abril de 1994, após o assassinato do presidente Juvénal Habyarimana, em atentado ao avião em que viajava, o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, o que causou um deslocamento maciço da população para os campos de refugiados situados nas áreas de fronteira, em especial com oZaire (hoje República Democrática do Congo). Em agosto de 1995, tropas do Zaire tentaram forçar o retorno dessesrefugiados para Ruanda. Quatorze mil pessoas foram então devolvidas a Ruanda, enquanto outras 150.000 refugiaram-se nas montanhas.

Mais de 500.000 pessoas foram massacradas. Quase todas as mulheres foram estupradas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.

As atrocidades envolveram também os religiosos. Muitos clérigos de várias denominações se posicionaram a favor de suaetnia. Padres, freiras, pastores e bispos tomaram o seu partido em ambos os lados. Pelo menos 300 clérigos e freiras foram mortos por serem tutsis ou porque estavam ajudando os tutsis. Outros, da etnia hutu, apoiaram ou até mesmo colaboraram com os matadores. Um dos casos que se tornaram muito conhecidos foi o que envolveu o Dr. Gerard Ntakirutimana, 45, médico missionário que trabalhava em um hospital da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mungonero, e seu pai, Elizaphan Ntakirutimana, um pastor protestante. Os membros do Tribunal Penal Internacional para Ruandacondenaram por unanimidade o Dr. Ntakirutimana, por genocídio e por crimes contra a humanidade. Ele foi sentenciado a 25 anos de prisão, pela morte de duas pessoas e por atirar em refugiados tutsis em vários locais. Foi condenado também por participar de vários ataques contra tutsis na Colina de Murambi e na Colina de Muyira. Seu pai, o Pastor Elizaphan Ntakirutimana, 78, presidente da associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Mugonero, no oeste de Rwanda, foi condenado a 10 anos de prisão por crimes menores. O Pr. Elizaphan levou os atacantes para Igreja Adventista de Murambi, em Bisesero, onde era pastor presidente, e ordenou a remoção do telhado do edifício, a fim de localizar os tutsis que lá estavam abrigados. O ato conduziu à morte de muitos dos que estavam no local. Ele também levou os atacantes a vários locais, para caçar tutsis.

De acordo com a BBC, centenas de tutsis, dentre membros e pastores, que procuraram refúgio na igreja e no hospital adventista, enviaram uma carta ao Pr. Elizaphan Ntakirutimana pedindo socorro. A carta, segundo a BBC incluia a frase:

Caveiras de vítimas mostram marcas de violência.

"Nós desejamos informá-lo de que amanhã seremos mortos juntamente com nossas famílias".

A resposta do Pr. Elizaphan Ntakirutimana foi de que eles deviam se preparar para morrer. As milícias hutu, segundo testemunhas, chegaram pouco tempo depois com os Ntakirutimanas. Só alguns tutsis sobreviveram a agressão. Os Ntakirutimanas disseram no tribunal que eles tinham deixado a área antes das matanças. O Pr. Elizaphan Ntakirutimana fugiu para os Estados Unidos depois do massacre, mas foi extraditado para a Tanzânia.

Outro adventista, gerente do Hotel Mille Collines, em Kigali, foi o responsável pela salvação de 1.268 tutsis e hutus, abrigando-os no hotel. Paul Rusesabagina ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Ruanda. Rusesabagina, hoje residente na Bélgica, afirma que, se não forem tomadas posturas duras contra o tribalismo em Ruanda, o genocídio poderá voltar a ocorrer, agora pelas mãos dos tutsis, "governantes" do país desde o fim da matança. Rusesabagina ficou conhecido como o Oskar Schindler de Ruanda.
O Tribunal Penal Internacional para Ruanda[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Tribunal Penal Internacional para Ruanda

Em 8 de novembro de 1994, através da resolução 955 do Conselho de Segurança da ONU, foi criado o Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) para julgar os principais responsáveis pelo genocídio.

A Corte Penal Internacional é competente para julgar somente os crimes cometidos após a sua criação, em 1º de julho de 2002. Não é portanto competente para julgar os crimes cometidos em Ruanda, durante o genocídio.

O primeiro-ministro do governo interino ruandês, Jean Kambanda, foi julgado culpado e condenado por genocídio pelo TPIR. 75% dos membros do governo interino foram presos. Vários ministros desse governo foram considerados culpados de participação no genocídio ou estão em fase de julgamento. Dois outros foram liberados.3 . Em 2011, alguns antigos chefes militares foram considerados culpados de genocídio.4 .

Calcula-se que 800 mil tenham sido mortas no genocídio de Ruanda.

2 comentários:

  1. Um relato cru do nosso tempo. A cegueira dos homens, a brutalidade e a intolerância.
    Continua a perguntar-me porquê ? O que nos falta para sermos cordatos, respeitadores e respeitados? A guerra mata, não constrói. As religiões só o serão quando ensinarem a amar e a construir o homem bom - responsável.
    Hoje continua a chacina noutros cantos do nosso mundo.

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