Poema :
DOS SENTIDOS…
…e um cálice de luz despenha-se sobre a terra, num mundo a adormecer…
Abrem-se profundamente as bocas das árvores, nas corolas das flores
que se entregam à boca sôfrega das borboletas,
de múltiplos esplendores…
As abelhas de sol burilam sílabas,
que reacendem a vulnerabilidade das cores dos pirilampos-actores
em vôos da genética do amor…
A noite embrulha-se num véu de neblina-cristal
a cobrir vértebras das madrugadas dançantes,
que, silenciosamente, se perdem nos enleios dos amantes.
Um inatingível refrão dos sentidos oscila no tilintar
das gotas de orvalho,
sémen ultramilenar,
caótico fermento da alucinação
da boca das palavras.
…e pérolas de ar estalam na armadilha das bocas das guitarras-corpo,
loucas searas sísmicas a ondular no frenesim dos sentidos perdidos,
exauridos nas veias-a-navegar-coxas-morenas das crateras dos vulcões,
inundados de parágrafos-de-intermitentes ondas
transidas de sensual perfume…
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
JAN/014
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