segunda-feira, 31 de março de 2014

POEMA (OB. REG.)

POEMA:

DIALECTOS DE MIMOSAS

_____________Dias há, em que o som da água a cair reflecte uma tal urgência
_____________que lembra donzela-de-alba, perto da fontana fria,
_____________pronta a esquecer a inocência numa bela melodia…


Descem cascatas pelos montes…correm rios para a foz…
…vogam estados de paixão, da noite para o alvorecer...
………………….mas não vejo a tua voz………………….


Mergulho as mãos nas nascentes, descrentes do meu calor
e sinto que os musgos crescem, nesse líquido amniótico,
mãos dadas com verdes líquenes e várias sarças-ardentes.


Perscruto ritmos de ares ocultos a saudarem nuvens- grávidas-de-gotas,
prontas a caírem para regar macieiras do pomar,
laranjeiras ao luar,
e searas sôfregas de sede, preparadas-para-florir.


(e sinto que meu destino vai passando por teu corpo…
verdade só minha, que nem às estrelas conto!)


¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬--¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬--¬-¬¬¬--------------------------------------------------Uma paisagem celta és ,
no verde dos campos, no musgo dos muros,
------------------------------------------------------no canto da lua, no brilho das searas…


Vejo-te ao som da flauta de PÃ e canto-te com palavras recitadas
na cor de infindáveis versículos,
sob um véu de neblina que se expande com afã.
Do horizonte vêm sussurros da brisa que ponho na tua boca
--------------------------------------------------------e apelam ao meu corpo-dorido-de-desejos-confundidos.


Se preciso for,
galgarei o oceano, que recolhe no ventre os sargaços embaraçados de um silêncio longo-breve do choro de perdidos navegadores…
E falarei o dialecto das mimosas-em-flor, onde está escrito um poema, que cheira a horas-de-amor…
se preciso for!


Tão leve, tão breve e suave é a vertigem das aves em quadrantes ventosos das manhãs, vestidas de dourado algodão nublado,
-------------------------------------------------------- se tu estiveres a meu lado…
E o olhar dos tempos apodera-se da alma do poeta
-------------------------------------------------------- que se apodera do mundo das mimosas-em-flor…

Poeiras…
Sílabas soltas…
Lírios aromáticos no beijo dos sentidos incandescentes…

Avelaneiras-em-chama tardam em despedir-se do canto do trovador.

Maria Elisa Rodrigues Ribeiro

-SET/013 — com Fatima Prota e 49 outras pessoas.

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