terça-feira, 3 de janeiro de 2012

POEMA:ACORDES...


POEMA: ACORDES…

Inesperado
foi o som do violino, exaltado.
Era o teu desejo…
a suar no beijo trocado, em acordes de amor!
Conheço os sons do teu corpo, na ânsia do meu…
Sei da vida que me dás, quando entras no meu jardim…
Meu peito sabe-te…
…tal como a rosa sabe
que não pode ser margarida…
… tal como a acácia florida
sabe não ser tília ressequida…
…tal como a pedra bruta
sabe não ser catedral gótica…

Sei do teu sangue rubro
a correr em avenidas de azul…
Sei da minha ânsia de as percorrer sob raios de luar.

Oiço o restolhar das folhas das árvores
presas ao bosque, na brisa do alvorecer,
quando o vento, num lamento,
acompanha o nosso-viver…

Senti-te guerreiro- trovador
perdido nos caminhos de fulgor, de uma estrela atrevida.
Junto ao riacho secreto, vivi o druidíco prazer das raízes a crescer,
no telúrico prazer da Terra…

Choro a tristeza do muro que se levantou
perante a cascata de sensações que quero SER…

Nos teus dedos, sinto o florescer-em-ti…

Águas do mar prendem as ondas ao centro do caos oceânico…
Fujo da espuma que se desfaz, ao mais leve borbulhar…

Meu corpo é poço-gruta da verdade de amar.
Um profundo segredo…vulcão ardente…
explode-na-confusão- da-lava-sémen- das- profundezas-da –terra…

Que faço do violino enlouquecido?
Que música me pode completar?
Como interpretar outros acordes musicais?
Em que águas posso mergulhar
se tenho tanto medo do Mar?

O sol queima, ao rebentar-me na face.
Afinal, não era fogo-de-vulcão…

R-C12M-DEZ/011- (ERT) -100.

Marilisa Ribeiro

2 comentários:

  1. O que sinto ao ler o POEMA, é novamente estar tendo a sensação de penetrar nos sentimentos de “alguém que muito amou” (ou ama). E canta e enobrece esse amor com total desejo e saudade de tudo o que nele ou com ele viveu: uma “infinita, imensurável PAIXÃO.
    Na primeira estrofe, utilizando o “som do violino e o desejo do HOMEM pelo beijo exaltado, retratas toda a força desse sentimento. Quando, na estrofe seguinte, falas no “sons do teu corpo..., quando entras no meu jardim”, você descreve o ato amoroso/sexual de dois seres (HOMEM e MULHER), e numa sucessão de flores, em “gradação”, vai definindo a MULHER ou como “se vê/a vê” nessa situação.
    Nas estrofes seguintes, utilizando “sangue rubro em avenidas azul”, deixas claro a “antítese”, a diferença que há entre ambos. Com o “barulho das folhas das árvores”, traz à tona o “lamento do viver”, isto é a “não felicidade”.
    Nos versos em que chamas o HOMEM de “guerreiro-trovador” e que dizes estar ele “perdido nos caminhos de fulgor, de uma estrela atrevida”, quando falas do “muro que se levantou” (problema), do florescer em ti” (no HOMEM) e todos os demais seres como a “água, caos oceânico, espuma que se desfaz”... são substantivos (seres da natureza), que citas, que explicitas para talvez, querer dizer o quanto, na verdade, se distanciam um do outro. Tanto, que nos versos seguintes, há o início de muitas interrogações. O que fazer com tudo aquilo? Deixas transparecer o medo, o terror, o receio..., enfim, a dissociação do masculino com o feminino.
    Na antepenúltima estrofe, está, claramente retratado o clímax, o prazer carnal de ambos (Meu corpo é poço-gruta da verdade de amar./Um profundo segredo... vulcão ardente.../explode-na-confusão-da-lava-sémen-das-profundezas-da-terra...). Que “comparação”! Assim como de dentro da terra sai a lava dos vulcões, de dentro do HOMEM sai o sémen do amor/paixão.
    Finalmente, nos últimos versos, sintetizas, esclareces que o FOGO existente não era o de um vulcão que expele lavas, e sim, aquilo que se chama PAIXÃO.
    Obs.: Atentar para as palavras usadas: águas do mar, caos oceânico, espuma que se desfaz, leve borbulhar... Todas elas são “fugidias”, não podemos agarrar, elas se desfazem, são inapalpáveis, tal como a PAIXÃO que depois passará.

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  2. BELO, ROZANA!
    As 2avenidas de azul" são o sangue que me corre ,quente, nas veias e que nenhum homem soube sentir, porque os homens pensam, regra geral, com a virilidade e não com o coração!
    Não vivi um amor assim...Por isso me deleito, sonhando-o...
    Beijinho, querida! OBRIGADA!

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