É NÉVOA, MINHA VOZ NOCTURNA…
Em minha voz nocturna ouvem-se rios
que não correm entre árvores,
que seguem sozinhos
à procura dos sóis das estrelas…
… que se fecham com todas as mágoas-águas
que partem em barcos de nácar,
sem terem tempo de dizer adeus.
Ouço-me nesta minha voz nocturna…
…que é névoa pousada nas rochas eriçadas de arestas alquímicas,
genuínas,
trabalhadas com as facas afiadas nas dores acumuladas.
(Voz de vida e voz de luz ela é hora tranquila em hora de vida a horas mortas.)
Meu candeeiro aceso na porta de entrada ,
é música a soar na lareira dos galhos secos, das árvores prostradas
na minha voz…
e, se eu quiser, minha voz é ainda ave que bate as asas
e deixa cair palavras...
daquelas a quem não chega o ar se as não puder respirar!
Nessa voz nocturna, chamo teu nome,
que respira perto de mim
mesmo quando molho as letras que,
por vezes, me caem ao rio.
Mas, afinal, amor, minha voz é o teu olhar brilhante
quando me levas avante,
sem reparares no som perturbante
das dores a chegarem ao mar,
quase unidas ao mundo de espuma
que um qualquer rio não sabe fazer…
...pedaços de céu-lágrimas-gotas-de-orvalho-pétalas-rubras-luzidias......
...soleira dos sonhos.
...berma de estrada.
...vela abrindo aos ventos mortais
noutros mares fatais…
POESIA? QUE MAIS?!
SET/019
Maria Elisa Ribeiro-PORTUGAL
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