Porque aquilo que fui não volta, o que amei já se apagou, o que vivi morreu comigo, no meu coração devagar.
A idade vai-me levando as árvores, os frutos, a luz das manhãs, e só recordo fragmentos soltos, pequenos bocados de cores, a algazarra da gente, o fulgor do rio, os telhados brancos como leite.
Sinto-me agora um estranho na cidade onde nasci, onde cada rua me traz um rosto que já não reconheço.
António Lobo Antunes
Sem comentários:
Enviar um comentário