segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Poema

 É NÉVOA, MINHA VOZ NOCTURNA…

Em minha voz nocturna ouvem-se rios
que não correm entre árvores,
que seguem sozinhos
pelas avenidas das noites sem luz
à procura dos sóis das estrelas…
… que se fecham com todas as mágoas-águas
que partem em barcos de nácar,
sem terem tempo de dizer adeus.
Ouço-me nesta minha voz nocturna…
…que é névoa pousada nas rochas eriçadas de arestas alquímicas,
genuínas,
trabalhadas com as facas afiadas nas dores acumuladas.
(Voz de vida e voz de luz ela é hora tranquila em hora de vida a horas mortas.)
Meu candeeiro aceso na porta de entrada ,
é música a soar na lareira dos galhos secos, das árvores prostradas
na minha voz…
e, se eu quiser, minha voz é ainda ave que bate as asas
e deixa cair palavras...
daquelas a quem não chega o ar se as não puder respirar!
Nessa voz nocturna, chamo teu nome,
que respira perto de mim
mesmo quando molho as letras que,
por vezes, me caem ao rio.
Mas, afinal, amor, minha voz é o teu olhar brilhante
quando me levas avante,
sem reparares no som perturbante
das dores a chegarem ao mar,
quase unidas ao mundo de espuma
que um qualquer rio não sabe fazer…
...pedaços de céu-lágrimas-gotas-de-orvalho-pétalas-rubras-luzidias......
...soleira dos sonhos.
...berma de estrada.
...vela abrindo aos ventos mortais
noutros mares fatais…
POESIA? QUE MAIS?!
SET/019
Maria Elisa Ribeiro-PORTUGAL
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Literatura

 

“”Um dia sentiremos falta de tudo o que não vivemos, das belezas que deixamos passar, dos milagres que não vimos porque olhávamos sempre para longe. Sentiremos falta do amor que não soubemos doar, da música que não ouvimos, das tardes tingidas de laranja no horizonte.
Haverá saudade dos abraços guardados, dos olhos refletindo o céu, das noites e manhãs de setembro. Sentiremos falta da casa com a porta sempre aberta, das risadas ecoando pelos cômodos, de dias que guardavam uma mágica especial.
Somos feitos de retalhos, desses pequenos pedaços que a vida nos entrega, e vamos, dia após dia, costurando nossa história entre lágrimas e sorrisos. Somos feitos dos fragmentos que ficam e daqueles que partem, de chegadas e despedidas, de saudades ao longo do caminho.””
— Eunice Ramos
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ENYA MARBLE HALLS

De António Lobo Antunes

 ANTÓNIO LOBO ANTUNES

Maria Helena Horta 1 d 
Porque aquilo que fui não volta, o que amei já se apagou, o que vivi morreu comigo, no meu coração devagar.
A idade vai-me levando as árvores, os frutos, a luz das manhãs, e só recordo fragmentos soltos, pequenos bocados de cores, a algazarra da gente, o fulgor do rio, os telhados brancos como leite.
Sinto-me agora um estranho na cidade onde nasci, onde cada rua me traz um rosto que já não reconheço.
E enquanto vou caminhando, a minha vida é um livro aberto a desfazer-se em páginas brancas.
António Lobo Antunes ✨