quinta-feira, 9 de maio de 2024

POEMA

 UM FRISO DE SONO

Rendo-me ao torpor de um domingo à tarde,
na janela a dois passos da rua,
que remete para uma infância -já-adulta.
Tem telhas, ainda, essa infância-adulta que a memória cimentou na bruma rente ao chão-de-mim,
pejada de grandes extensões e suaves faldas dos seixos, que mergulharam na Noite .
A HORA chegou de manhã.
__________________________um arco-íris, a nordeste, é
_________________________________chuva que bate no vale
____________________________________sem lá ter chegado, ainda .
Observo-me.
Meço-me, projectada para cima da sensação de que me descubro, observadora-observada.
Persigo-me na meditação das telhas da infância-adulta, de onde afloram ondas de lagos, águas profundas de cada Instante-Momento, que me lava os braços, quando afagam a Alma.
Caminho.
Caminharei, assim, no resto da minha ausência onde se eterniza a infância, hoje adulta.
Flameja o sol. O ar respira-me. A tarde torna-se ficção, no futuro que a história… trará?
Num quadro que desconheço, mal soletro ao tentar adivinhar esse Futuro-Além da melodia… …que …virá?
Abro os sentidos e tento chegar ao centro das íntimas sombras, por onde os pássaros navegam.
No peitoril da janela, o sol endireitou-se quando as águas do rio se foram encostando, umas às outras, para abrigarem as pedras molhadas de frio.
Não me rendo.
Prossigo.
________________________chega-me à alma, a corrente.
__________________________vejo o murmúrio do sonho a ultrapassar
______________________________a linha das estações, na primavera doente
[de quem se rende]
despontam as araucárias_____solta-se o mar-a-rondar______as árvores ganham
[cabelos brancos]
há campos orvalhados do meu ser
__________________________num friso de sono a encobrir ideias .
(Foto Net)
Maria Elisa Ribeiro
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