Passos no seu labirinto
Publicado às 00.04
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Aconteça hoje o que acontecer na Assembleia da República, Pedro Passos Coelho ficará sempre a perder. Dê, ou não, todas as explicações que devia dar, a sua confessada falta de memória quando estavam em causa muitos milhares de euros deu asas e legitimidade a todas as teorias. E deu sobretudo razões para que os portugueses desconfiassem que por detrás do fumo (uma denúncia anónima que, até prova em contrário, não deveria ter valor) pudesse desta vez haver fogo (fosse a fuga ao fisco através de rendimentos não declarados; fossem as declarações falsas ao Parlamento, com vista à atribuição indevida de um subsídio de reintegração; fossem ambos).
Se a coisa se fica por aqui, ou seja, pela desconfiança momentânea relativamente à idoneidade do primeiro-ministro (e não é coisa pouca, mesmo sendo momentânea), ou se a crise se agrava, em que sentido e com que intensidade, depende do que hoje Passos tiver para dizer. Se disser que não recebeu dinheiro nenhum da Tecnoforma, e não houver documento que o contrarie, o assunto fica tecnicamente resolvido (que não os efeitos provocados pela suspeita autoinfligida). Se disser que recebeu dinheiro da Tecnoforma, não parece que possa fazer outra coisa que não seja demitir-se. Se se refugiar no argumento de que é à PGR que cabe esclarecer o caso, continuará a queimar-se, por vontade própria, em lume brando, uma vez que a PGR parece ter esclarecido que, afinal, não vai esclarecer coisa nenhuma.
Voltando ao princípio, Passos Coelho fica sempre a perder, perdido no labirinto que ajudou a erguer. A suspeita (mesmo sendo momentânea) terá sempre repercussões políticas. E precisamente quando no PSD muitos dirigentes esfregavam as mãos de contentamento com os eventuais estragos que o duelo entre Antónios estava a causar ao PS.
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