sábado, 24 de março de 2012

POEMA: ALGAS INQUIETAS


ALGAS INQUIETAS


Cheguei, determinada a sentir a maresia
das algas inquietas.
No meu Café habitual, lia o jornal e bebia um café de assombroso aroma
mergulhado no fumo de um cigarro, que se diluía no ar…
Claramente, o cheiro das águas revoltas, chamou-me…
Era o mar a balouçar, em ondas alterosas, no meu interior,
pronto a comungar comigo as suas raivas ansiosas…

APELO MISTERIOSO!

Tu, MAR, a sofrer? Engano mais incoerente! Falta de metafísica!

Respondendo a um apelo, olho-te e assombro-me!
Não há barcos a navegar…tu não os deixas entrar!
Despejo mágoas nesse horizonte sombrio em que te estás a espraiar.
Molho os pés e apanho o frio búzio
perdido da sua concha de abrigo.

Caminho pela areia cheia de restos da tua fúria.
Fica minh’alma impressa no areal
nas impressões digitais que me vão acompanhando.
Levanta-se um nevoeiro denso, numa bruma espessa.

Ao longe, um vulto ondeia na força das ondas da imaginação…
É um barquito, perdido, a chamar a salvação!

Tenho frio! É noite no meu misticismo…

E o mar continua a enovelar-se, desfazendo ondas de espuma na bruma do seu viver…

Irei fazer um castelo na areia, onde descansarei do cansaço
de não estar nos teus braços…

O meu mistério está no sangue que ME levo comigo,
para o fundo desse abrigo…

Lá fora, no prado, as cerejeiras rebentam em flor
depois de um acto de amor,
numa explosão de magia e cor…
O apelo vinha do meu mistério comigo…
As algas adormeciam, umas nos braços das outras,
sempre inquietas…sempre loucas…
desejosas como os braços
onde vive o meu vigor…

R-C12M-53 (mqc)-SET/011(IGAC-USR 12038)
Marilisa Ribeiro

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