"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quinta-feira, 30 de julho de 2020
POEMA
Poema:
PELE…
Na tua pele
_____a transpirar amor
________deixei gotas de água
___________a suspirar rios ao relento,
_______________poros a murmurar,
___________________e cortinas fechadas
_______________________na Hora-do-nosso-Momento.
Sei
quando irás voltar do escuro crepuscular,
sempre que minha pele reage
a um vento sibilante, e acorda o corpo que me habita.
Os anjos costumavam esconder as estrelas…
Era da sua luz que se alimentava a nossa vida,
tal flor tresloucada à procura de um-orvalho-sustento.
Recordo o perfil afadigado das minhas pálpebras
a procurarem ler teu corpo suado…água sagrada…
Na boca,
_________________ ficaram escondidos os beijos trocados,
__________________que eriçavam os poros
__________________ dos nossos sentidos…
Corri as cortinas.
E os livros em que te escrevo começam, devagar,
a divagar a peregrinação das nossas mãos
de quando a lua tremeu de rubor.
Arrumei os lençóis de linho com o teu sabor,
nos poemas que escrevo, à luz de um candeeiro íntimo
que ouviu suspiros de amor.
De linho e cambraia, de seda e jasmim
é o cheiro de ti-que- deixaste-em-mim…
O sol queima o dia das aves, que chilreiam…
_________As searas amadurecem nos cantos de Florbela…
____________Eu chamo-te, muda, daquela janela que deu para
_______________o Outono da Primavera- em- que- fomos Verão.
Oh, Deus…há tantos anos dentro das Horas dos dias de Solidão…
Maria Elisa Ribeiro-Portugal
AGOSTO/014
De Ramalho Ortigão,in NET:
"Grandes Homens Forjam-se a si Próprios
Para conhecer a realidade do mundo, único fim sério da ciência, é preciso entrar no combate da vida como entravam na liça os paladinos bastardos - sem pai e sem padrinho. Os príncipes não constituem excepção a esta lei geral da formação dos homens. Da educação de gabinete, do bafo enervante dos mestres, dos camareiros e das aias, nunca sairam senão doentes e pedantes.
Na sagração dos czares há uma cerimónia de alta significação simbólica: o imperador não se confirma enquanto por três vezes não haja descido do trono e penetrado sozinho na multidão; e isto quer dizer que na convivência do povo a autoridade e o valor dos monarcas recebe uma tão sagrada unção como a da santa crisma. Todos os reis fortes se fizeram e se educaram a si mesmos nos mais rudes e mais hostis contactos da natureza e da sociedade humana.
Veja vossa alteza Carlos Magno, que só aos quarenta anos é que mandou chamar um mestre para aprender a ler. Veja Pedro o Grande, do qual a educação de câmara começou por fazer um poltrão. Aos quinze anos não se atrevia a atravessar um ribeiro. Reagiu enfim sobre si mesmo pela sua única força pessoal. Para perder o medo aos regatos, um dia, da borda de um navio, arrojou-se ao mar. Para se fazer marinheiro começou por aprender a manobrar, servindo como grumete. Para se fazer militar começou por tambor na célebre companhia dos jovens boiardos. E para reconstituir a nacionalidade russa começou por construir navios, a machado, como oficial de carpinteiro e de calafate, nos estaleiros de Sardam. Também não teve mestres, e foi consigo mesmo que ele aprendeu a lingua alemã e a lingua holandesa. Veja vossa alteza, enfim, todos aqueles que no
governo dos homens tiveram uma acção eficaz, e reconhecerá se é na lição dos mestres ou se é no livre exercicio da força e da vontade individual que se criam os carácteres verdadeiramente dominadores, como o de Cromwell, como o de Bonaparte, como o de Santo Inácio, como o de Lutero, como o de Calvino, como o de Guilherme o Taciturno, como o de Washington, como o de Lincoln."
Ramalho Ortigão, in 'As Farpas (1883)'
Na sagração dos czares há uma cerimónia de alta significação simbólica: o imperador não se confirma enquanto por três vezes não haja descido do trono e penetrado sozinho na multidão; e isto quer dizer que na convivência do povo a autoridade e o valor dos monarcas recebe uma tão sagrada unção como a da santa crisma. Todos os reis fortes se fizeram e se educaram a si mesmos nos mais rudes e mais hostis contactos da natureza e da sociedade humana.
Veja vossa alteza Carlos Magno, que só aos quarenta anos é que mandou chamar um mestre para aprender a ler. Veja Pedro o Grande, do qual a educação de câmara começou por fazer um poltrão. Aos quinze anos não se atrevia a atravessar um ribeiro. Reagiu enfim sobre si mesmo pela sua única força pessoal. Para perder o medo aos regatos, um dia, da borda de um navio, arrojou-se ao mar. Para se fazer marinheiro começou por aprender a manobrar, servindo como grumete. Para se fazer militar começou por tambor na célebre companhia dos jovens boiardos. E para reconstituir a nacionalidade russa começou por construir navios, a machado, como oficial de carpinteiro e de calafate, nos estaleiros de Sardam. Também não teve mestres, e foi consigo mesmo que ele aprendeu a lingua alemã e a lingua holandesa. Veja vossa alteza, enfim, todos aqueles que no
governo dos homens tiveram uma acção eficaz, e reconhecerá se é na lição dos mestres ou se é no livre exercicio da força e da vontade individual que se criam os carácteres verdadeiramente dominadores, como o de Cromwell, como o de Bonaparte, como o de Santo Inácio, como o de Lutero, como o de Calvino, como o de Guilherme o Taciturno, como o de Washington, como o de Lincoln."
Ramalho Ortigão, in 'As Farpas (1883)'
quarta-feira, 29 de julho de 2020
POEMA
No pátio das sombras,
na falta da luz,
por entre um rasto de estrelas,
desliza o silêncio rumoroso dos picos de vento.
Pela face me corre uma gota de orvalho-suor
da palavra desejosa de das nuvens aflorar.
Os olhos entregam-se à escura noite e, em cada vereda
estreita da vida,
a seca fareja a chuva,
que afastará o
vómito das vielas irregulares.
Na tranquila silenciosa velha casa inundada
de silêncios e de ominosos presságios
antevejo a chegada de um poema que quero resgatar
de todos os meus versos perdidos…
ainda não começados…
delineados no imo do papel e
escondidos das fraquezas e terrores do mundo subvertido…
…depois, meus versos ajoelham-se comigo,
serenos e resplandescentes,
nas margens da vida
onde os próprios se abrigam.
Maria Elisa Ribeiro
Jlh/019
Estatísticas do blog lusibero
Visualizações de páginas de hoje
|
148
|
Visualizações de página de ontem
|
231
|
Visualizações de páginas no último mês
|
7 827
|
Histórico total de visualizações de páginas
|
1 132 203
|
Seguidores
|
terça-feira, 28 de julho de 2020
POEMA:
MEDITAÇÃO À SOMBRA DO VELHO MAR
À sombra, porque a sombra não tem cor…
Por vezes passo horas a meditar à sombra
desse mar-velho, resignado, absoluto.
E doem-me sempre
as cores das coisas que não consigo entender.
Olhei para a espuma antiga das ondas sempre-a-rolar…
mas não consigo entender se aquela sombra onírica
é branca, acinzentada, ou mesmo se a água do velho elemento
é azul ou esverdeada.
Nada é tão verdadeiramente distinto
como o “ramalhete rubro
das papoilas” vermelhas do pic-nic de Cesário…
E será que algumas rosas brancas, quando largam gotas de orvalho,
choram por não serem amarelas, ao nascerem no velho atalho?
Poderei eu pintar o meu poema de meditar
à sombra do velho mar,
com matizes coloridos, a brilhar?
Todas as manhãs começo o meu-dia-a-SER!
Hoje Sou, à sombra do mar que vem pelo areal
e foge a esconder-se na crista das ondas,
um poema-construir,
onde enganarei a sombra das memórias das gaivotas
que o foram tentando desvendar.
Enquanto SOU, sinto-me absoluta!
Porque o absoluto-sem-MIM-não-é-VIDA-nem-ETERNIDADE!
E porque o meu Absoluto não-é-teu, mar sombrio,
mas sim de um INFINITO que não consegues suplantar,
mesmo que te desfaças a fazer caretas contra as falésias
que queres dominar…
Maria Elisa Ribeiro
JLH/018
segunda-feira, 27 de julho de 2020
Poema
GOTAS…
Desperto-te…
Encanto-te…
Vivo-te…
Encanto-te…
Vivo-te…
Horas de distracção
sensual…
sensual…
corre o sangue
por quentes estradas
azuis
semeadas de
flores…
por quentes estradas
azuis
semeadas de
flores…
e chegam na hora
os encantamentos
do despertar-a-viver…
os encantamentos
do despertar-a-viver…
odores vagueiam
perdidos
a flutuar nos sentidos…
perdidos
a flutuar nos sentidos…
vivo-te…
por trás
das ondas perdidas,
com o sol colorido a bater-me nos sentidos...
por trás
das ondas perdidas,
com o sol colorido a bater-me nos sentidos...
Maria Elisa Ribeiro-MRÇ/012
domingo, 26 de julho de 2020
quinta-feira, 23 de julho de 2020
terça-feira, 21 de julho de 2020
domingo, 19 de julho de 2020
quinta-feira, 16 de julho de 2020
POEMA
Poema
RESTOLHO...
Pelos atalhos,
por areias e pedras.
pelas ervas verdes das matas fechadas,
faias e olaias estão descansadas…
…os animais já as não vigiam…
…nada, nem ninguém, agora os persegue.
por areias e pedras.
pelas ervas verdes das matas fechadas,
faias e olaias estão descansadas…
…os animais já as não vigiam…
…nada, nem ninguém, agora os persegue.
A noite é dos segredos, que o poeta escreve.
Pelos céus, as nuvens desenham círculos perfeitos
e as chuvas caem nos campos e nas matas
a escorregarem pelas cascatas
enchendo os charcos de aluviões.
e as chuvas caem nos campos e nas matas
a escorregarem pelas cascatas
enchendo os charcos de aluviões.
Restolha a folhagem quase prateada, quase com vida,
num golpe de luz,que foge da lua…
Anuncia a chegada dos passos de anjos
na noite calma em que o poeta dormita
sobre a palavra que ,por fim, reluz…
num golpe de luz,que foge da lua…
Anuncia a chegada dos passos de anjos
na noite calma em que o poeta dormita
sobre a palavra que ,por fim, reluz…
Maria Elisa Ribeiro- Portugal.
ESTATÍSTICAS DO MEU BLOG lusibero .blogspot.pt
|
|
Subscrever:
Mensagens (Atom)