PASSOS DE VIDA
Crescemos durante anos-a-fio
sem aquela pressa que
têm as sementes em darem trigo,
os bolbos em darem flores,
as árvores em abrirem os frutos…
Passámos por todos esses tempos sem fita métrica,
sem compassos a medir os ângulos da vida,
sem outras queixas que não as dos nossos atraso
das nossas saudade de um dia para o outro…
Nem demos pelas mudanças do nosso corpo…
Sentíamo-nos diferentes…tu não usavas já calções…eu não
tinha bibe
nem fitas nos caracóis de loiros cabelos…deixei de jogar ao
pião,
de saltar à corda, de saltar à macaca…
Andavas a meu lado na
tua bicicleta e eu acompanhava-te a pé…
Passeámos , calmos, o nosso crescer, pelas paragens
habituais
dos nossos dias na beira das dunas, perto das águas do mar,
e reparámos
que a luz das
estrelas
começava a falar-nos
com outro vigor…
A noite começava a chamar-nos e num ecrã plasmado na luz do
luar
sentiam-se ferver
ondas do-mar-em-calor.
Lentamente,
nossas mãos entrelaçavam-se
e nossos lábios
tocavam-se.
Nossos Sentidos iam caminhando vivos-em-nós,
sem que os forçássemos e aos poucos descobrimo-nos na pureza
dos nossos laços de amor.
Certo dia, quis
que os nossos rumores
entrassem num poema,
numa folha de papel branca
que, de repente o vento levou…
Agora, já sabíamos que os nossos passos nos iriam levar
ao som das ondas pela beira mar,
onde a areia branca nos continuava a esperar…
Tudo foi tão lindo…
tudo passou no nosso OUTRORA,
que já é AGORA…
JNH/019
Maria Elisa Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário