segunda-feira, 22 de maio de 2017

Poema meu



Poema em Prosa

RUMORES POÉTICOS

Vejo, com os olhos na ponta dos dedos, que se movem em busca do pressentido rumor das arestas de um beijo, perdido na Poesia entre traços de união, vírgulas, pontos finais e de interrogação.
Sem problemas de rimas ou pontuação, na planície há um quadro de ouro, azul-céu- de- vermelho rubro e de tantas outras cores que já nem sei se o são, perto da hora das sombras mais negras que as nuvens nos dão.
Tudo parece já uma aurora boreal a rumorejar a incandescência das rubras espigas douradas, abraçadas às papoulas de pétalas-vermelho-magma, indecentes-de-inocência até à hora da lavra.
No meio do quadro, a planície é tão apelativa, que os olhos não resistem a guardar palavras para as horas fiéis da escrita, em casa, longe das avezitas que se saciam, com o resto da semente dourada.
Há lampejos de felicidade!
No rumor do mar bravio sentem-se as franjas das ondas nos caules de trigo, um mar dourado que arrasta as mãos, os dedos e os sentidos, na unidade dos dias e das cores da manhã-a-abrir.
Inocência-indecente da semente a sorrir ao casamento do azul do dia, com o rubro das papoulas a esconder-se na noite-do-dia…
E eu-no-rumor-de-ti, escrevo tudo o que o olhar me dita, com a ponta dos dedos com que te acaricio…


Maria Elisa Ribeiro
Abril/016

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