quarta-feira, 31 de agosto de 2016

De H.W.Longfellow...



De H.W. Longfellow (1807-1882), in paxprofundis.org

"Excelsior!
Henry Wadsworth Longfellow
(Ballads and Other Poems 1842)
Tradução para o português de Alexei Bueno




A noite com suas sombras cai depressa;
A aldeia alpina aos poucos atravessa
Um jovem, que ergue, em meio à neve em sanha,
Uma bandeira com a divisa estranha:
Excelsior!

Sua cor é triste, mas, sua vista alçada
Lembra uma espada desembainhada,
E a sua voz, qual clarim de prata erguida,
Lança os sons de uma língua nunca ouvida:
Excelsior!

Casas felizes ele vê brilhando
Ao fogo quente, familiar e brando;
Mais ao alto espectral geleira ao vento,
E de seus lábios escapa um lamento:
Excelsior!

"Não tentes a Passagem", diz-lhe um velho,
"Já ergue a tormenta o seu manto vermelho,
Rugem as águas sem olhar que as sonde!"
E a alta voz de clarim só lhe responde:
Excelsior!

"Oh!, fica", diz-lhe a virgem, "e em meu seio
Deita a fronte cansada sem receio!"
Nubla-lhe um pranto o olhar azul erguido,
Mas, ele ainda responde, com um gemido:
Excelsior!

"Teme os galhos na treva borrascosa!
Teme a uivante avalanche pavorosa!"
É o último boa-noite de quem fica,
E uma voz, longe, no alto, lhes replica:
Excelsior!

Nascido o Sol, no divino resguardo
Dos santos ermitões de São Bernardo,
Quando o salmo de sempre é repetido,
Uma voz grita no ar estremecido:
Excelsior!

Na neve, um viajor semi-enterrado,
Pela matilha fiel é encontrado,
Tendo em sua mão de gelo branca e lisa
A bandeira, com a estranha divisa:
Excelsior!

Lá, onde a noite fria e cinza pousa,
Sem vida, mas, tão belo ele repousa,
E do céu, sereníssima e clemente,
Desce uma voz, como estrela cadente:
Excelsior!

Sem comentários:

Enviar um comentário