sábado, 7 de dezembro de 2013

Poema de CORSINO FORTES (Cabo Verde-1933- ):

através www.buala.org.


O rosto de teu filho brada pelo mar
Como panelas mortas como panelas vivas

mortas
vivas
nos fogões apagados

Pilões calados fogões apagados
No vulcão e na viola do teu coração

Boca do povo no fogo dos nossos fogões apagados

Chão do povo chão de pedra!
O sol ferve-te o sol no sangue
E ferve-me o sangue no peito
Como o fogo e a pedra no vulcão do Fogo

De sol a sol
abriste a boca

Secos os pulmões
neles cresce-me
a lenha do mato

De sol a sol
os meus ossos são verdes
os teus ossos são plantas
Como a fruta-pão o tambor e o chão

De sol a sol
gritei por Rimbaud ou Maiakovsky
deixem-me em paz
(FORTES, 2001, p. 37 e p.39)

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